Acordei com uma escola de samba na minha cabeça, tudo parecia claro de mais ou barulhento de mais, isso sem falar da boca seca, como se estivesse há dez dias no deserto sem água.
Me arrastei para fora da cama quase me arrependendo de levantar.
— Deus, não bebi quase nada e estou me sentindo horrível. — resmunguei entrando na cozinha e indo em direção a cafeteira.
Tudo o que eu queria era tomar um café, um remédio para dor de cabeça e voltar a dormir o restante do dia.
Lise estava sentada já a mesa com uma cara bem melhor do que a minha, mesmo ela tendo bebido muito mais do que eu ainda parecia que tinha passado a noite no spa.
Queria voltar aos meus dias de glória.
Quando estávamos no carro voltando para casa ela me confidenciou o motivo de ter ficado tão transtornada a noite passada. Assim que o homem que ela estava beijando a chamou para ir a um lugar mais privado ela surtou, o dispensou e foi para o bar. Me indignava que as vezes qualquer coisinha pudesse desencadear nela esses sentimentos depreciativos.
Parecia que nem longe de sua mãe ela estaria livre das suas regras e seus conselhos malucos. Seu psicológico estava preso aqueles ensinamentos de um jeito quase doentio.
— Isso só mostra que perdeu o hábito, você costumava beber muito. — ela disse lembrando do quão festeira eu era alguns anos atrás. — Pensei que um rei nunca perdesse a majestade. — debochou sorrindo.
— Haha. Sua vaca, não acredito que você não está m*l. — resmunguei chateada me largando na cadeira ao seu lado, pedindo para que todas as batidas na minha cabeça sumissem.
— Foi você quem perdeu a prática meu amor, não eu. — ela ainda murmurava sobre o assunto enquanto comia.
— Ainda por cima acordei cedo de mais. — eram apenas 8:00 da manhã. — Porque eu acordei tão cedo em pleno domingo?
— Seu celular que te acordou, não vai tomar os remédios hoje chefinha? — ela me lembrou e minha careta foi tudo o que dei.
Fui pegar o remédio na minha bolsa, que havia se perdido na bagunça da sala, e vi que meu celular vibrava a todo vapor. MAMÃE! Aparecia na tela.
— Deus, que péssima hora. — resmunguei cogitando a ideia de não atender, mas isso só a deixaria mais louca, fazendo com que em poucos minutos ela acordasse todos a minha procura.
Atendi, tinha que atender, já havia várias chamadas perdidas. Apesar de aqui ser oito da manhã em Paris já era uma da tarde.
— Oi filha, como você está? Porque não atendeu antes? Espero não ter te acordado, esse fuso horário me deixa confusa. Mas precisava ligar para saber como você está. — ela desembestou a falar assim que atendi.
— Oi mãe, estou bem e vocês? Respire um pouco, eu já estava acordada dona Marta, fique tranquila que nada de mais aconteceu desde que nos falamos ontem a noite. — resmunguei com o telefone a distância graças ao seu tom de voz gritante.
Era mentira omitir a noite? Não tenho certeza, mas sabia que se ela soubesse começaria o interrogatório e isso era a única coisa que eu não estava no clima para fazer.
— Estamos ótimos. Porque não atendia? Já estava ficando preocupada. — a pergunta é quando ela não está preocupada. — Sei que você acorda cedo, só estava me deixando mais nervosa com a demora ao telefone, já estava imaginando todo o tipo de coisa, você voltando para casa por essas ruas perigosas de São Paulo, sozinha em casa.
Viram só porque era melhor eu ocultar a noite da dona Marta? Tínhamos nos falado pouco depois que cheguei em casa do trabalho e ela ainda tinha tido espaço para criar ideias essa manhã.
— Estava tomando café com Lise e não ouvi tocar. Você sabe que não precisa se preocupar, eu sempre voltei pra casa sozinha e nossa casa é bem segura, qual é a diferença agora? — resmunguei achando totalmente sem cabimento sua preocupação.
— A diferença minha querida é que estou longe daí, se algo acontecer com você demoraríamos muito tempo, quem iria te socorrer.
Poderia dizer que se eu morresse e ela estivesse por perto não faria diferença? Poderia, mas ai ela ia ficar ainda mais pilhada.
Então peguei o bendito remédio, junto com outro para dor de cabeça e fui para a cozinha. Mamãe ainda tagarelava sobre cuidados, não esquecer-me da hora dos remédios e me alimentar direito, dando instruções de que se me sentisse m*l deveria ligar para Cris, ou para outra pessoa que me respondesse rápido, e etc., nada que ela já não tivesse dito antes de viajar, nada que eu não soubesse há alguns anos.
— Mamãe eu estou bem e estou fazendo tudo certinho, o Tom está bem também e Cris me vê quase todos os dias. Agora vá curtir a tarde ai que deve estar linda. — a repreendi esperando que ela entendesse. — Papai eu te amo. — eu sabia que o celular estava no viva-vos como todos os outros dias.
— Eu também te amo minha filha, divirta-se e não deixe seu irmão colocar fogo na casa.
— Pode deixar. — respondi sorrindo mesmo não entendendo bem o que ele queria dizer com isso, já que Cris morava em um apartamento perto da empresa há anos. — Beijos mamãe, amo vocês. — desliguei agradecida pelo sossego de volta ao meu juízo que fervia. Lise me olhava com uma expressão de divertimento. — O que? — eu pergunto.
— Sua mãe não consegue relaxar não é? — essa não era uma novidade pra ninguém que passasse alguns dias comigo, quanto mais Lise que estava na nossa vida há uns cinco anos.
— Não, mas já estou acostumada. — só esperava que ela parasse, para seu bem e para o meu sossego.
Assim que terminamos de tomar café meu celular voltou a tocar, não teria paz hoje! Mas não era minha mãe e sim Cris, o que era um milagre ele estar acordado a essa hora em um domingo de manhã.
— Bom dia pandinha. — sua voz animada me causa arrepios de dor.
O que diabos ele estava fazendo acordado tão cedo em um domingo e com tanta empolgação?
— Bom dia, o que aconteceu pra você estar me ligando? Não me diz que está na cadeia?
Tudo o que eu queria fazer era voltar para a cama e isso estava sendo negado desde que o despertador deu o ar da graça. Era pedir de mais?
— Porque teria acontecido algo? — questionou como se fosse o maior ultraje o que eu estava falando.
Ele se daria muito bem como um garoto de programa, sendo pago para fazer o que mais ama no mundo. Então tinha que ter um motivo para ele estar me ligando e não na cama enroscado com alguém.
— Você acordado a essa hora e ainda por cima animado desse jeito. Então fala logo o que diabos está aprontando?
— Você é uma pessoa horrível sabia? — ele resmungou, mas tinha certeza que estava certa. — Mamãe e papai me acordaram, e ele me deu uma ideia ótima. Então espero você e Lise lá em casa daqui a meia hora.
— Ei ei, calma aí garotão. Que ideia? E porque nós temos que ir lá pra casa?
Era só o que me faltava, justo no meu dia de defunto, dia de sentar de pijama no sofá e não levantar para nada, como dizia minha mãe, ele querer me envolver em suas coisas.
— Nós vamos fazer um churrasco lá em casa e preciso da ajuda de vocês. — coitado dele se achava que o nós me incluía.
— Por isso papai disse para eu não deixar você colocar fogo na casa, mas sinto muito, estou acabada e quero sossego.
— Não, você não pode me deixar colocar fogo na casa Emma. — ele iria começar com a chantagem emocional, era sempre assim. Cristian era um jogador nato.
— Problema seu...
Não consegui terminar meu discurso, pois Lise arrancou o celular da minha mão tomando o controle da situação. Enquanto eu a encarava com cara de indignada escutei ela concordar com algo que ele dizia do outro lado da linha.
— Nós vamos já já. Tchau. — Lise confirmou por fim e desligou.
— Nós vamos? — questionei arqueando as sobrancelhas.
Que ela estava louca para ir, não dava pra negar no brilho do olhar. Agora me arrastar para o meio de sua loucura já era demais.
— Não comece Emma, você tem que se divertir lembra? E ficando entocada aqui é que não vai ser.
— Eu me diverti ontem. — resmunguei batendo a cabeça na mesa e agradecendo pela superfície fria. — Bastante, o suficiente para querer dormir hoje.
— Nós vamos, não discuta! — ela tinha tanta convicção que não me deixaria para trás que eu queria chorar.
Lise fazia isso por mim, para me ver extravasando como ontem, mas boa parte também era pra ficar perto de Cris. Então ia fazer isso por ela também, ia ser bom para esquecer o fiasco que quase foi o fim da noite.
Chegamos em casa ainda não era nem dez horas da manhã, eles dois teriam que compensar para mim essa palhaçada.
Cris já estava lá preparando as carnes. Eu e Lise arrumamos algumas coisas para beliscar antes de nos jogarmos na piscina.
O sol escaldante era bem-vindo, especialmente em um domingo de folga, eu estava necessitada de um belo bronze. Mas não demorou muito para que ouvíssemos buzinas.
Isso mesmo no plural, estreitei meus para Lise que estava com os olhos arregalados. Era só o que me faltava, Cris ter chamado toda a "gangue".
Quando entrei a sala já estava começando a ficar cheia, a maioria já era parte da família, outros apenas conhecidos de muito tempo atrás. Enquanto eu tentava chegar até Cris, pra matar ele, alguns me pararam me puxando para conversar ou perguntar da vida.
— Cristian, você disse que eram umas quatro ou cinco pessoas. Você enlouqueceu? — rosnei no seu ouvido enquanto sorria para as pessoas ali.
— Pandinha, são nossos amigos. — ele falou entusiasmado. — Lembre-se dos velhos tempos e aproveite. Deixe de se preocupar tanto.
Esse era o meu medo, o passado, um passado não tão distante. Mas eu não podia expulsar todos dali, não combinava nenhum pouco comigo, então o jeito era aproveitar.
Não demorou para que o que iria ser um pequeno churrasco virasse uma festa na piscina, com proporções bem maiores. Na verdade comecei a achar que todos planejavam isso, já que estavam com roupas de banho, aparentemente apenas eu não tinha sido avisada.
Me joguei na piscina também, aproveitando a energia de todos e expulsando parte da rabugice da manhã. Dava graças que o remédio de dor de cabeça tinha cumprido o efeito e mandado embora a dor irritante.
Lise, também estava animada, meu irmão e ela estavam de tanto papo que chegava a me assustar com o que poderia acontecer depois. Cris só demonstrava essa atenção se estivesse jogando ou se tivesse total certeza de que não iria rolar interesse da outra parte.
E já que Lise ainda estava querendo uma chance, eu só podia prever que ele estava fazendo uma jogada. Precisaria ter uma conversa com ele sobre os joguinhos sujos com ela ou teria que matá-lo depois.
Eu estava me divertindo até sair da piscina em direção a cozinha, a intenção de pegar algumas cervejas acabou virando uma situação só pra fazer o calor do dia aumentar e minha raiva voltar.
— Adorei essa posição. — era a voz daquele i*****l. O que diabos ele fazia ali?
Eu estava tentando alcançar algumas garrafas de cervejas que estavam bem no fundo da geladeira e distraída como estava deixei minha b***a para o alto, dando uma bela visão do meu traseiro para o desgraçado.
Me ergui respirando fundo tentando manter a compostura, mas assim que meu corpo se alinhou senti o calor de seu corpo próximo ao meu.
Deus, porque ele estava tão perto, tinha perdido totalmente a noção de espaço?
— Eu não me lembro de ter perguntado nada. — resmunguei irritada finalmente me virando para encará-lo.
— Ui, porque está nervosinha? — Guilherme questionou me lançando um sorriso sacana de lado. — Adorei a cor do seu biquíni. — era preto, com tiras de amarrar dos lados, uma peça mais do que comum.
— Tenho certeza que aqui tem outras duas meninas usando igual. E não estou com raiva, não se de tanta importância.
— Mas as outras não são você. Não tem seu corpo. — Guilherme me olhou de cima a baixo, esquadrinhando cada pedacinho, como se me desenhasse em sua mente com o olhar, antes que sua mão tocasse a curva da minha cintura.
Seus dedos tocando minha pele nua me causaram arrepios dos pés à cabeça. Deus, ele estava mesmo fazendo aquele joguinho comigo? Mostrava interesse e depois me esnobava, apenas por achar que assim eu correria atrás dele. Era sério aquilo?
— Tenho certeza que alguma delas pode dar a atenção que você quer. — o melhor era ignorar qualquer coisa que ele dissesse e me afastar antes que fizesse. A última coisa que precisava era pagar papel de palhaça duas vezes pra ele. Mas quando tentei me esquivar e sair ele me prendeu entre a geladeira e seu corpo, usando a outra mão como barreira. — Você pode me dar licença? — sussurrei erguendo o olhar e me arrependendo de encarar aqueles olhos.
Todo meu corpo pareceu se acender ao sentir seu cheiro mais próximo, como se lembrasse de ontem à noite e de como seus beijos por meu pescoço me fizeram sentir.
— Você vai fingir que eu não te afeto só porque não te dei o que queria ontem? — o cretino falou quebrando todo o clima.
Ótimo ele tinha voltado a parte de me esnobar, tinha acabado de me fazer lembrar como era ser tocada por ele e então vinha com um balde de água fria.
Ele estava muito enganado nessa jogada, só estava me cansando e deixando irritada. Eu não corria nem atrás do que preciso quanto mais de um macho que não deve nem saber onde fica o c******s.
— Eu só acho que não preciso dar importância ao seu joguinho, i*****l.
— Na noite passada não parecia tão indisposta a dar importância. — ele tentou soar sexy, dando ênfase no "dar".
Cretino, minha vontade era dar um soco bem no meio da cara dele isso sim.
— Você pode pensar o que quiser, eu não me importo. Agora por favor, me dê licença! — falei entre os dentes, tentando me controlar a todo custo e não fazer um barraco.
Ele saiu do meu caminho e eu voltei para fora sem nenhuma cerveja na mão e com a cara do tamanho do mundo.
— Emma você está bem? Você está meio vermelha e bufando. — Lise viu rapidamente o quanto estava afetada. Eu tinha que parar realmente de dar importância para as coisas idiotas que ele fazia, ele não podia mexer assim comigo com algo tão bobo.
— Eu estou ótima! — falei um pouco alto de mais e me atirei na cadeira ao seu lado.
— Foi o Guilherme, não é? Ele m*l chegou e já correu atrás de você, foi só te ver cruzar as portas.
Céus, se ele tinha me seguido então havia aproveitado bem mais o visual da minha b***a para o alto balançando do que eu tinha imaginado.
— Ele só está agindo como um adolescente, querendo algo que não pode e nem vai ter.
— Será que não vai amiga? Nunca diga dessa água não bebereis, porque vai que se afogareis. — Lise zombou me deixando com vontade de bater nela e rir ao mesmo tempo. Ela só podia ter enlouquecido de vez.
Eu não ia ficar com aquele espécime de i****a, se quisesse mesmo ficar com alguém não faltavam homens por ai, especialmente na noite paulista. Qualquer um era melhor opção do que ele.
Decidida fui atrás do meu irmão, pensei em como dizer que queria Guilherme longe dali, sem parecer tão afetada pelo i****a, mas acabei perguntando onde Margo estava que eu ainda não a tinha visto.
Cris fugiu do assunto, dizendo que ela tinha ido viajar e que não sabia direito para onde, o que significa uma coisa: ele já tinha acabado o que estava rolando entre eles.
Não consegui esconder minha decepção por ele ter feito novamente, mais uma vez se afastando de qualquer pessoa que pudesse ter um potencial para permanecer ao seu lado, alguém que pudesse entrar de verdade em seu coração.
Mas ele rapidamente me fez esquecer o assunto me puxando para dançar.
Observei a tarde passar com Guilherme me encarava de longe, como se esperasse que eu tentasse um passo em sua direção, mas isso não iria acontecer, só nos sonhos dele.
Por volta das cinco da tarde o pessoal tinha dado uma acalmada, a maioria já havia debandado, mas ainda tinha um grupo que não iria embora nem tão cedo.
Passei no meu quarto para conferir o pequeno furacão e assim que sai no corredor sabia que Guilherme estava lá, antes mesmo que o ouvisse falar, era como uma energia palpável no ar ou o cheiro dele, não sei explicar mas eu conseguia senti-lo antes de vê-lo.
— O que você quer? — perguntei já me virando. — O banheiro é naquela porta que você acabou de passar.
Segui em direção as escadas e antes que eu alcançasse o primeiro degrau ele segurou meu pulso.
— Sabe você não é como eu pensava. — ele sussurrou contra minha nuca, me trazendo arrepios, mas me fazendo lembrar do seu jogo e******o.
— E como você pensava que eu era? — sabia que não ia gostar da resposta, mas não resisti.
Cuidado Emma, a curiosidade matou o gato.
— Inocente, fechada, tímida... maleável.
— Nossa essa foi boa. — porque diabos eu ainda estava parada ali escutando aquele i*****l? — Maleável? Que p***a isso quer dizer?
— Que seria fácil te convencer a ir pra cama comigo. — eu revirei meus olhos sabendo bem de que saco que essa farinha tinha saído, Cris fazia parte dele. — Mas então, na boate você dançou com aquele cara e depois comigo, mas no final foi embora com outro.
Meu queixo caiu com o descaramento dele de usar aquele tom comigo, como se eu fosse ser a v***a da história depois de me comportar como qualquer um deles. Eu me virei contra ele, puxando meu pulso de sua mão com a vontade, mesmo que meus desejos fossem de quebrar sua cara e esganá-lo.
— Escuta aqui, primeiro eu sou livre, esse é um país livre e faço a p***a que eu quiser! — já estava alterada falando mais alto do que pretendia. Mas que se f**a. — Segundo você não é nada meu para achar que tem o direito de falar assim comigo. Se tem uma coisa que eu odeio mais que homem galinha é um galinha machista.
— É só isso? — ele perguntou cínico, com o sorriso zombeteiro nós lábios.
— Sinto muito que uma mulher que faz o que quer murcha seu ego, coitadinho sua mãe não deve ter te ensinado direito! — fiz um biquinho deixando o sarcasmo escorrer na minha expressão. — Vocês homens não controlam p***a nenhuma mas adoram a sensação de ter poder, não é? Isso te deixa mais másculo? Nós dois sabemos que você só está aqui fazendo esse papelão porque se mandou quando quis, achando que eu iria correr atrás de você mendigando atenção.
— Você foi pra casa com ele? — ele questionou se movendo para bloquear o caminho da escada e ficando cara a cara comigo. Será que eu seria presa se o empurrasse? Ele não ia morrer, só se machucar um pouquinho. — Foi pra casa com Charles?
— Não que seja da sua conta, mas sim eu fui e antes que também pergunte nós transamos sim, a noite toda. Foi quente, foi selvagem, gostoso, ele sempre é ótimo na cama. — eu fui efusiva, mexendo as mãos como se isso fosse fazê-lo entender como foi a "transa".
— E cadê ele que não está aqui agora? — Guilherme questionou tentando manter o deboche na voz, mas seus olhos já o tinham entregado, no momento em que falei que transei com Charles ele se contorceu.
Nunca fui mulher de ficar causando ciúmes por ai, sempre achei isso uma coisa horrível, mas ver o quanto o afetava saber que eu possivelmente transei com Charles me fez sentir muito bem.
— Isso não é da minha conta, se você é a mulher dele que corra pra saber onde largou seus machos, não espere que eu dê conta de onde ele está. — resmunguei com deboche, era só o que me faltava.
Aquilo pareceu atingi-lo, pois ele se afastou me dando passagem. Desci as escadas correndo em busca de ar fresco, parecia ficar até difícil de respirar quando ele estava por perto. E depois de como ele havia me irritado, não era muito sábio ficar no mesmo lugar que ele ou acabaria virando Nazaré Tedesco e o jogando da escada.
Não tinha ideia do porque menti sobre a noite passada, mas adorei ver a cara de espanto dele. Algo dentro de mim queria provocá-lo tanto quanto ele tinha feito comigo, queria vê-lo perder a compostura e se corroer por eu não ter entrado no seu jogo.