Pt.2 Alicerces: Entrelinhas da Arte

1363 Words
Alguns demonstravam indignação pelo que Dorian falou, assim como alguns defendiam o professor e outros diziam “deve ser um minion”. Emil estava aflita e agiu como pôde para se livrar da situação. Dizendo desesperada e com a intenção de apaziguar: - Achei o ponto de vista de ambos excelentes e deve ser discutido sem ferir um ao outro. O que foi exposto deve ser considerado como auxiliar na carreira que tanto queremos construir. O jornalismo é um braço e auxilia a dar pensamentos críticos aqueles que ainda estão sendo manobrados por políticas defeituosas. O professor concordou com a cabeça e gesticulou com o polegar algo como se dissesse “legal”. Em seguida, apontou para Dorian e deu continuidade a sua fala: - Dorian, você tem uma mente em tanto, mas sua prepotência, a falta de empatia, tira todas suas qualidades. Poderia pedir para sair da minha aula, mas não. Só irei solicitarei educadamente que reveja seu comportamento, pois paciência é uma virtude e sempre tem um limite. Importante que saiba respeitar isso, como Emil citou. Respeito. Dorian olhou para o professor e sorriu, concordando com o que o professor havia dito expondo seu desgosto pela circunstância: - Tudo bem, professor Marco. Talvez seja só eu. Se me der licença, me retirarei. - À vontade, Dorian. Dorian arrumou os seus materiais, seguiu para fora e aguardou o término da aula, ficando no aguardo do intervalo. Assim que tocou a campa, Dorian foi ao restaurante universitário e serviu-se, sentando-se em algum local isolado dos demais. Emil não demorou encontrá-lo por conhecer o seu modo típico de agir. Ao encontrar Dorian, Emil diz: - Achei você, pequeno gafanhoto. - Oi, Emil... Como vai? - Bem... E você? Dorian sorriu, coçou levemente a cabeça, retrucando timidamente, como se não quisesse concordar com o que estava prestes a dizer: - Talvez eu esteja um pouco encrencado... E talvez tenha exagerado, mas você viu que ele me provocou. Emil fez um leve sinal para Dorian esperar, pois estava mastigando. Permitindo que Dorian continuasse sua fala, e mudasse repentinamente seu raciocínio ao avistar o lanche de Emil: - Aceito provar um pedaço, senão for incômodo – disse Dorian sorrindo e olhando para suas duas fatias de bolo cenoura com chocolate, como se fosse dois diamantes ou safiras–. Assim que Emil terminou, limpou-se de forma cautelosa e disse carinhosamente, e alegre: - Sim, prove. Trouxe três fatias, na verdade. Eu que fiz e trouxe uma especialmente para você: duas para que possa comer e me satisfazer e uma para você. E... Sim, - mudando completamente a entonação de sua voz para rigidez, transmitindo seriedade e firmeza no que estava prestes a falar – exagerou. Não deve fazer essas coisas em aula. Está completamente errado do início ao fim. Tem que começar a controlar isso. Dorian ficou em silencio e abaixou a cabeça, depois dirigiu sua mão até o pote com um pedaço do bolo. Emil relembrou do que o professor disse então frisou, erguendo sua mão e o dedo indicador, dando mais autoridade e segurança em suas palavras: - Está na hora de ter mais empatia, Dorian. Senão, para qual proposito você servirá quando se tornar jornalista? - Emil... Meu propósito será expor fatos e levar a verdade sem rodeios. Sem escolher um lado e mantendo a imparcialidade e ética jornalística. Além do mais, não tenho tempo para tentar sentir o que os outros sentem, até porque isso nunca foi problema meu. - Você escolheu um lado e acabou de se contradizer – disse Emil sorrindo e preste a deleitar do bolo e de desestruturar o raciocínio de Dorian – - O quê? Não! A verdade não é como um “partido”, ela é imparcial e sempre conveniente. A realidade! – retrucou Dorian, enaltecendo cheio de fervor a “realidade”, como se fosse a mais cintilante luz – - É aí onde se encontra a contradição meu amor: não existem verdades, e sim, interpretações dos fatos. Bobinho. Dorian respirou fundo e novamente abaixou a cabeça, como se tivesse, de relance, mergulhado em suas palavras, não para se afogar, mas aproveitar inteiramente do que estava evidenciado, talvez, por um breve momento, tenha pensado “verdades existem?”. Em seguida, disse com entonação quase muda, como se quisesse dizer somente para si, só para sustentar seu orgulho. - Você tem razão e eu estava equivocado. – E expeliu o ar dos pulmões com tanta pressa, tanto desespero, que parecia querer remover os mesmos, ou parar de respirar, ou simplesmente desfazer-se daquelas palavras “profanas”. Emil colocou a mão em um dos ouvidos e aproximou sua cabeça em direção do Dorian, como se não tivesse escutado, com puro deboche e um riso que não pôde esconder, sob efeito de euforia e festa disse: - Não escutei direito, pode repetir? – disse Emil, como se tivesse ganho na maldita Tele Sena. - Por isso evito dar esse luxo a você, Emil. Mas é isso; estou errado, do começo ao fim. Satisfeita? – disse, totalmente infeliz com a situação que se encontrava, e respirou fundo, como se quisesse libertar-se deste caso. - Ah, tá! Desculpa... Falo razonês. Conhece essa língua? Acho que não... – disse Emil, enquanto terminava seu bolo e desprovia-se das rédeas de conter o riso, e se descontrair pela situação toda. Dorian sorriu e esqueceu completamente do seu profundo desgosto em ter que reconhecer seu erro, aceitando livremente sem pudor, pelos golpes deferidos em seu infame ego, e prosseguiu com outra conversa paralela ao assunto original, uma notícia que seria uma surpresa exacerbada de agradável: - Que seja... Quero solicitar algo. Sua casa fica mais próxima do trabalho e faculdade. Posso passar um tempo no seu apartamento? Pois quero economizar. Se estiver tudo bem. Emil explodiu em alegria, e sem rodeios, não se conteve pelo que ouviu, e disse de forma alarmante e surpresa: - AAAHH, NÃO ACREDITO! Claro que sim. Vai ser f**a! - Sim. – Retrucou rispidamente Dorian. - Nossa... Senti seu ânimo daqui. – Expondo e criticando sarcasticamente a aspereza de Dorian. - Eba. Melhorou agora? – retrucando seu sarcasmo com sarcasmo, e com um leve sorriso contido. - Melhor que nada - disse Emil sorrindo –, você é muito meu dengo, sabia? - Sei que você gosta de me irritar. – Respondeu rispidamente, como se quisesse esconder sua expressão de bobo pelo carinho, ou prazer de ter que escutar um carinho tão delicioso, tão aconchegante, como cheiro de café matinal – Enfim, acho que nesse final de semana você pode passar lá em casa e me ajudar a pegar algumas coisas. Pode ser? - Assim que você se abrir mais e dizer o que está se passando. – disse Emil com entonação tão angelical e irrecusável, e com olhar tão penetrante! Que transparecia saber dos tormentos mentais que Dorian sofria. - Enfim. Intervalo quase no fim, vamos retornar para sala; e não, não tenho o que falar. Estou bem, só estou pensativo, Emil, mas obrigado. – Retrucou, tapando todas as brechas e preenchendo todas as lacunas, para que não pudesse seguir com o assunto – - Aff, chato. Depois nos falamos então. Vamos sair hoje à noite? Não aceito não como resposta. Quero fica bêbada e preciso de alguém como você. - Vou pensar sobre isso, agora vamos logo voltar. – disse Dorian, enquanto olhava impacientemente seu relógio. - Vai na frente, vou resolver um negócio com a moça que estou ficando. - Ok. Dorian dirigiu-se até a sala. Ao se sentar, a perturbadora sensação de ser observado usurpou o lugar de sua paz, e pôde escutar alguns colegas que falavam sobre o ocorrido e sobre Dorian em si. Olhavam para ele e falavam como se fosse algo natural. Entre murmúrios, Dorian escutou “cara estranho... Gente assim nem faz falta”. Porém, não demonstrou se importar, e logo, pegou seu caderno e pôs a anotar suas obrigações, como lições, estudos e seu poema com foco. Enquanto isso, Emil conversava com Ângela sobre o porquê de não seguir um relacionamento no momento, como se estivesse lidando com alguma confusão de sentimentos e pensamentos.
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