POV VICTORIA
Desperto sentindo meu corpo quente como se algo estivesse enrolado a ele. Não é como se eu não soubesse o porquê. Abro os olhos para a claridade que emana pelas janelas. Christopher tem suas pernas entrelaçadas as minhas e o rosto enterrado na curva do meu pescoço.
É uma posição ajustável, contudo, eu prefiro tê-lo enrolado em mim. Meu corpo se encaixa bem ao seu, e após o sexo eu não quero menos do que dormir quente e enrolada a ele. Pisco algumas vezes para me acostumar com a luz do sol.
- Bom dia - ouço a voz de Christopher murmurar sonolenta, e quente como o inferno. Reviro os olhos para o pensamento, ele sempre tem a voz sexy.
- Bom dia, Sr. Blanc - respondo. Christopher levanta o rosto para que o meu olhar, preguiçoso até, encontre o seu.
- Dormiu bem? - Pergunta. Sorrio de lado e aproximo meu rosto ao seu, quase suficientemente para unir meus lábios aos dele.
- Hum... digamos que sim, porém eu poderia ter uma manhã melhor - respondo. Christopher sorri, entendendo bem o significado do meu pedido.
- E o que posso fazer para tornar melhor sua manhã, Sra. Blanc? - Ele questiona.
Como resposta, inclino o corpo. Parece que eu quero unir nossas anatomias. Levo a mão até seu voluptuoso m****o e o acaricio por cima do tecido da cueca.
- Sra. Blanc, você não tem vergonha.
Mordo o lábio inferior com delicadeza, apenas prendendo os lábios por entre os dentes. Os olhos de Christopher vagam até minha boca.
Ele entreabre a boca para acomodar uma respiração mais exigente, para acomodar o desejo crescente entre nós. Eu não sei exatamente como uma ninfeta sorri, mas eu não me diferencio quando estou assim... necessitada do meu marido.
- Não creio que precise quando estou com meu marido - respondo seu comentário.
Seu p*u começa a crescer e mostrar volume sobre o domínio dos meus dedos. Arranho sua boxer com a ponta das unhas e, consequentemente, seu m****o.
- Então seu marido é um sortudo filho da p**a.
●●●
Após uma manhã invejável de amor e um café da manhã silenciosamente agradável, estamos no banco de trás do Audi SUV.
Como amanheceu frio em Seattle, optei por um vestido verde hortelã, que alcança a metade das coxas e tem mangas compridas. O vestido é justo e aperta muito bem minhas poucas curvas. Eu calço uma bota de cano longo preta.
- Tenho algumas coisas para fazer hoje, então vou chegar tarde - murmura Christopher, me tirando dos meus devaneios. Ele beija gentilmente os dedos da minha mão, que está unida a sua.
Eu não o respondo, não é como se tivesse algo para dizer. Eu apenas pensei que poderia chegar mais cedo e tê-lo em casa.
- O que? - Ele pergunta, tendo meu silêncio como resposta.
- Eu só... não gosto de ficar sozinha, na verdade, eu gosto de estar todo tempo com você, Christopher - digo. A sinceridade nas minhas palavras até me assusta. Mas, sim, eu o quero todo tempo comigo. Talvez seja sufocante para ele, e isso também seria angustiante.
- Eu me sinto da mesma forma - ele fala.
Deus, esse homem ainda será minha perdição ou a causa do meu ataque cardíaco.
Olho para ele, que tem os olhos fixos em mim e um sorriso tranquilizador. Minha deusa interior gosta da hipótese de que ele irá recompensar na cama, ou no quarto de jogos, por chegar tarde.
Perdida em meus pensamentos sórdidos, volto a realidade quando o carro para em frente ao prédio ZIZ, meu escritório de contabilidade.
- Neste caso, esperarei por você, Sr. Blanc - digo. Aproximo meu rosto ao seu e beijo sua mandíbula - Até mais - sussurro. Levanto o rosto e selo sua boca com um beijo casto, quase inocente.
- Adeus, Sra. Blanc - Christopher se despede.
Lough abre a porta do carro e assim eu desço. Lough é o meu novo segurança, ele é um dos armários que estava na cozinha outro dia.
- Obrigada - agradeço por educação, eu não gosto muito da companhia dele.
Na porta da empresa, o outro homem da segurança, Martty, eu acho, está esperando por nós. Ele não costuma estar em casa, seu ponto de segurança é em frente ao ZIZ.
- Bom dia, Sra. Blanc - Martty me cumprimenta.
- Bom dia - murmuro. Uma brisa esbranquiçada sai da minha boca enquanto falo, sinal de que está muito frio.
Apresso os passos para dentro do prédio, mas sou impedida de entrar quando vejo um cãozinho ao lado da porta. Ele está magro como se não visse um alimento à dias. Seu pelo está sujo e como um todo, está deplorável.
Meu coração se aperta. Como posso deixá-lo aqui, sem ajuda? Seria desumano! Com o frio, o cachorro se encolhe e enrola seu corpo para fugir da brisa gélida.
- Lough - eu o chamo. No mesmo instante, o homem está respeitosamente ao meu lado.
- Sim, Sra. Blanc - ele responde. Eu abro a bolsa e pesco uma nota de cem dólares.
- Compre alguma comida para este cãozinho, por favor - peço indicando com o dedo.
- Sim, senhora - ele murmura confuso, mas não questiona, provavelmente foi instruído para não o fazer.
Eu lhe entrego a cédula e adentro o prédio sem mais preâmbulos. Mesmo aquecida pela roupa, ainda sinto frio e não consigo deixar de pensar em como o pobre cachorro se sente.
●●●
Meu expediente passa rapidamente. Faço relatórios e preencho fixas em quantidade absurda. É glorioso que a hora do almoço já tenha chegado; estou com calos nos dedos da mão.
Alguém bate duas vezes na porta.
- Entre - digo distraidamente. A porta se abre, revelando ao Lough com um sacola de um restaurante Tailandês.
- Seu almoço, Sra. Blanc - ele diz, erguendo a sacola.
- Obrigada. Deixe sobre a mesa - respondo. Enquanto ele faz seu caminho até a mesa, me vem a curiosidade sobre o cachorro. Será que ele comeu? Já seria lucro caso ele estivesse vivo.
- Lough, sobre o cão... ele comeu? - Pergunto. Ele deixa a sacola sobre a mesa e olha diretamente para mim, talvez intrigado.
- Sim, senhora - responde. Aceno com a cabeça e assim, ele sai da sala.
Não n**o que a vontade de levar o cão comigo é enorme, mas eu preciso consultar meu marido. De qualquer forma, eu sou mais corajosa por mensagem.
Pego o celular em cima da mesa, eu o estava usando há poucos minutos, então está com fácil acesso.
VOCÊ GOSTA DE ANIMAIS?
Clico sobre o botão 'enviar'. Não demora muito e a resposta já é recebida.
POR QUE ISSO AGORA?
Não é bem a resposta que eu queria, mas não significa um início desagradável.
CURIOSIDADE.
Respondo de forma indiferente.
NÃO OS ODEIO.
Sua mensagem me diz que ele já foi alertado sobre o cão. Merda de seguranças que não sabem deixar um assunto trivial passar! Eles são mais parecidos com um cão do que um animal.
BOM QUE NÃO OS ODEIE
Finjo indiferença com o assunto.
VOCÊ QUER O CÃO?
Assim que termino de ler a mensagem, confirmo minhas suspeitas. Eu, francamente, tenho motivos para odiar segurança pessoal.
Eu poderia dizer 'não' e tentar o convencer em casa, mas o cão não irá sobreviver até a boa vontade de Christopher. Não é como se a resposta significasse minha condenação, mas eu quero o cão e quero que Christopher queira.
SIM.
Digito uma resposta rápida.
MINHA RESPOSTA É NÃO.
A mensagem chega quase que imediatamente, é como se ele já tivesse digitado e esperasse a minha resposta para enviar. Bastardo!
O que ele pensa que está fazendo? Ele não mora sozinho e, consequentemente, não decide coisas como esta de forma unilateral.
Aqui vai a sua resposta, Blanc.
Pego o Celular e procuro o número de Taiga na agenda. Quando o encontro, clico em “chamar”.
- Sra. Blanc - ele saúda.
- Taiga, estou com uma terrível dor de cabeça e gostaria de ir embora - digo de forma rápida. Gosto de Taiga pelo mesmos motivo que o Christopher, ele não se surpreende com pedidos e nem faz questionamentos.
- Sim, senhora. Demorarei dez ou quinze minutos - ele murmura.
- Certo, obrigada - falo e desligo.
Pego minha bolsa e sacola com o almoço e saio da sala. Do lado de fora, Lough está em pé ao lado da porta. Eu não precisaria de um cão, caso fosse de guarda, já tenho dois armários insuportáveis me acompanhando!
- Sra. Blanc, algo errado? - Pergunta Lough.
Caralho. Eu não gosto dele, e menos agora!
- Bem, o cão do qual você comprou comida ainda está lá fora? - Ignoro sua pergunta anterior.
- Eu creio que sim, senhora - ele responde. Não temos nenhum tipo de i********e, mas não precisa adicionar “senhora” ao fim de toda e qualquer frase.
- Enrole ele no meu casaco, nós iremos o levar conosco - digo de forma inconfundível, é uma ordem.
Lough não n**a, porém seus olhos carregam certa hesitação. Ele quer dizer algo, mas suas instruções não dizem para me contradizer, e ele não deveria o fazer.
- Sim - responde. Pego um casaco fino dentro da bolsa e entrego ao Lough, que o pega.
Meu Celular vibra dentro da bolsa. Certamente é Christopher, e eu não quero atender uma chamada sua. Bom, ele não sabe sobre a minha adoção, e quando souber, irá se irritar. Não será unilateral, até porque eu também estou fodendo de raiva. Ignoro completamente sua ligação e rumo ao elevador.
●●●
Faço meu caminho até a cozinha. Em meus braços carrego Alff, foi esse o nome escolhido. Ele não está muito aromatizado e limpo, então terei que pedir a Gina que lhe dê um banho.
Ela está limpando o balcão da cozinha, que sustenta uma taça suja com vinho. p**a merda! Ele está em casa. Quem mais poderia ter usado a taça?
Suspiro e continuo a andar com o cão em direção a Gina.
- Olá - saúdo baixo para não a assustar, já que ela está distraída. Sra. Jones ergue o olhar, e sabiamente não diz nada sobre o filhote que tenho em mãos.
- Vic - murmura. Sua voz está um oitavo acima. Seu sistema já deve ter sido abalado por um homem puto da vida.
- Hum... poderia colocar água e ração para este cão? A ração está com Lough. E caso não esteja muito atarefada, dê um banho nele também. Se puder, claro, e por favor - falo tudo de uma vez. Gina olha para Alff e sorri fraco.
- Sim, eu posso fazer tudo isso.
- Muito obrigada - agradeço.
Volto com o Alff para a sala e, ao adentrar o recinto, me deparo com a visão que vem me amedrontando à minutos.
Christopher!