18

1506 Words
Ethan Greenwood A única certeza que eu tinha nesta noite é que eu me sentiria um merda se não conseguisse resgatar o filhote. "Preciso que você fique aqui." ordenei para Mia que estava totalmente quieta." Ela apenas concordou com a cabeça. Seus olhos estavam estatelados,distantes, como se tivesse visto um fantasma ou algo pior. A observei. Sua feição totalmente angelical levaria qualquer ser a loucura. Seus cabelos claros, contrastados com seus olhos doces, fariam qualquer lobo esquecer de suas responsabilidades. Eu não conseguia entender o porquê. Nunca uma humana me atraiu desta maneira,e agora eu tenho um filho com uma. Havia algo extremamente familiar nesta mulher. Eu só não sabia o quê. Sigo os rastros na terra ainda molhada pela chuva de ontem. A madrugada está se estendendo, e até agora os malditos não apareceram. Os outros homens estavam na minha frente, até que avistamos uma pequena cabana no meio do nada, dentro da floresta era fácil se esconder se tivesse habilidade. E esses sequestradores, tinham. Farejei o quanto pude. Era o cheiro deles, eu sabia disso. "Eles estão aqui, senhor." Nick sussurra." "Vamos pegá-los de surpresa. Só matem se for estritamente necessário, preciso de informações antes de acabar com a vida de qualquer um." Meu coração gagueja em meu peito, eu nunca havia ficado tão nervoso. Mas algo me dizia que dessa vez era diferente. Eu era pai. Tinha um herdeiro. A matilha sempre me empurrando para o acasalamento. Não podia culpá-los. Eles necessitavam de uma Luna. O papel de uma Luna em sua alcatéia é diferente de um Alfa. Ela traz a organização, a paz, tudo que precisam. Mas eu não conseguia encontrar a minha companheira. E já perdi a esperança de que tal fato aconteceria. Além do mais eu era o último da linhagem dos Alfas Greenwood, se eu morresse, outros lobos brigariam entre si para que pudesse ocupar o meu cargo. Mas o que nem eu sabia, era que Lorenzo já existia. Ele era um híbrido. Eu tinha um filho com uma humana, e não sabia como iriam reagir a tal notícia. Um sinal. Eu só precisava dar um sinal, e invadiremos a cabana. No instante em que dei o sinal, a noite explodiu em caos. Meus homens, ágeis e experientes, avançaram com uma precisão mortal. O som de corpos colidindo ecoou pela floresta, misturado com grunhidos e o estalar de ossos quebrando. A adrenalina pulsava em minhas veias, cada instinto em alerta enquanto eu avançava, determinado a resgatar meu filho. Mia, como ordenado, estava escondida em um canto seguro, longe do confronto. Seu olhar assustado, entretanto, não saiu da minha mente por um segundo. Eu precisava proteger Lorenzo, mas também sabia que Mia era parte desse quebra-cabeça que eu ainda não entendia completamente. Quando invadi a cabana, meus olhos imediatamente buscaram por ele. E então, o vi. Um menino loiro, com olhos que refletiam os meus, estava encolhido em um canto da sala. Ele parecia tão pequeno, tão frágil. Seus olhos, idênticos aos meus, estavam arregalados de medo. O rostinho delicado de uma criança de dois anos estava marcado pelo terror que ele havia vivido. Naquele momento, algo dentro de mim mudou. Um sentimento que eu nunca imaginei sentir, algo profundo e primitivo. Era como se meu coração, que tantas vezes eu achava endurecido, tivesse sido arrancado do peito e jogado a seus pés. Eu sabia, com uma certeza que queimava em minhas entranhas, que eu faria qualquer coisa para proteger aquele filhote. Ele era meu, minha própria carne e sangue. Sem pensar duas vezes, atravessei o espaço que nos separava e o peguei no colo. Lorenzo se encolheu contra mim, o corpinho tremendo, mas não resistiu. Senti a fragilidade dele contra o meu peito e, pela primeira vez em anos, uma onda de pura emoção me atingiu. Não era só raiva ou instinto de proteção. Era algo mais profundo, algo que eu não conseguia nomear. "Eu estou aqui, pequeno." Murmurei, acalmando-o. "Você está seguro agora." Mas antes que pudesse aproveitar esse momento de alívio, a luta ao meu redor voltou a chamar minha atenção. Um dos lobos que estava cuidando do menino tentou fugir. Nick, sempre rápido e letal, o interceptou, mas outro lobo ficou para trás, provavelmente o líder desse grupo. Eu sabia que precisávamos de informações. Este não era um sequestro comum. Precisávamos saber quem estava por trás disso e o porquê. Enquanto um dos meus homens imobilizava o lobo restante, eu continuei a segurar Lorenzo, sentindo-o se acalmar lentamente em meus braços. Mas minha mente estava dividida. Eu sabia que, embora o resgate estivesse quase completo, a verdadeira batalha ainda estava por vir. Precisávamos arrancar a verdade daquele lobo antes de decidir o que fazer a seguir. Meus olhos se voltaram para o lobo capturado. Eu não tinha intenção de ser misericordioso, não quando se tratava da segurança da minha matilha e do meu filho . "Fale," rosnei para ele, minha voz carregada de ameaça. "Diga quem mandou sequestrar meu filho, e talvez você saia daqui vivo." Mas antes que pudesse obter uma resposta, o lobo me encarou com um olhar desafiador. "Eu não vou falar absolutamente nada, Alfa. Prefiro morrer do que ser um traidor. " "Não seja estúpido." O encarei." "Se eu te contar porque o menino foi sequestrado, e você poupar a minha vida, os mandantes irão me matar de qualquer jeito, o motivo é mais forte do que você imagina, isso não acaba aqui! " Ele cuspiu o ódio evidente em sua voz. Com Lorenzo ainda seguro em meus braços, percebi que essa luta estava longe de acabar. "Mate esse desgraçado. Ele não vai falar nada." Ordenei." Com Lorenzo seguro em meus braços, saí da cabana destruída,deixando os homens/lobos mortos. Meu coração ainda estava batendo forte pelo que acabara de acontecer. Caminhei até onde Mia estava escondida, tentando manter a calma apesar da tempestade de emoções que surgia dentro de mim. Quando me aproximei, os olhos de Mia se arregalaram. Ela correu para mim, seus passos rápidos e ansiosos, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela estendeu os braços para pegar Lorenzo. Hesitei por um segundo, sentindo o calor do corpo pequeno contra o meu, mas depois entreguei o menino a ela. Assim que Lorenzo foi envolvido nos braços de Mia, um suspiro de alívio escapou dos seus lábios. Ela o abraçou forte, seus olhos marejados de lágrimas enquanto acariciava os cabelos loiros do menino. O pequeno se aninhou contra ela, soluçando, mas aos poucos se acalmando no abraço de sua mãe. A visão deles juntos, seguros, mexeu comigo de uma maneira que eu não estava preparado. "Shhh, meu amor, está tudo bem agora. Mamãe está aqui." Ela sussurrou, beijando o topo da cabeça dele. Lorenzo, ainda choroso, enterrou o rosto no pescoço dela, buscando conforto. Eu fiquei parado ali, observando, uma mistura de alívio e confusão me invadindo. Eu havia resgatado meu filho, mas o que isso significava? Mia não era nada para mim além de uma humana que cruzou meu caminho uma noite. Nós éramos completos estranhos. E ainda assim, havia algo... algo que me prendia a eles de uma forma que eu não conseguia explicar. O que estava acontecendo comigo? Eu, que sempre fui tão certo de minhas decisões, agora estava confuso, vulnerável de uma forma que nunca imaginei. Mia levantou os olhos para mim, ainda segurando Lorenzo firmemente. Seus olhos, cheios de uma mistura de gratidão e algo mais, se fixaram nos meus. "Ethan..." Ela começou, sua voz trêmula, mas determinada. "O que você é, Ethan Greenwood?" A pergunta pairou no ar, pesada, carregada de tudo o que eu não podia, ou não queria, explicar. Por um momento, fiquei em silêncio, encarando-a, lutando contra a verdade que ela estava começando a desvendar. Eu poderia mentir, continuar com o disfarce, mas algo em mim hesitou. Talvez fosse o peso daquela noite, o olhar nos olhos dela, ou o fato de que ela merecia saber a verdade. Finalmente, suspirei. "Mia, você não entenderia." "Eu vi..quer dizer, eu não sei o que eu vi. Um homem virando um…" ela nem conseguia pronunciar as palavras." Eu só preciso de uma explicação." "Mia." Ela deu um passo à frente, ainda segurando Lorenzo, seu olhar intenso e implacável. "Tente me fazer entender. Depois de tudo que aconteceu, eu preciso saber. Eu vi coisas, coisas que não posso explicar. Você é... algo além do que eu conheço. E você não pode continuar fingindo que isso não é verdade." Eu a encarei por mais um instante, tentando decidir se poderia ou deveria contar. Mas a determinação nos olhos dela não deixou espaço para evasivas. "A verdade," comecei lentamente, "é que eu sou muito mais do que você imagina. E Lorenzo... ele também é." "De que merda você está falando?" Mia não disse nada, mas seus olhos me imploravam por mais, por uma explicação. Eu sabia que estava prestes a mudar a vida dela para sempre, assim como a minha própria já havia mudado. Eu respirei fundo, sabendo que a partir daquele momento, não haveria mais volta.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD