ANTONY VESARLES;
— pronto? — o oficial do fórum, assente me entregando os documentos. — Obrigado.
— vou avisar a Talita. — o advogado dela, que estava me acompanhando avisa empolgado.
Dois dias foram o suficiente para conseguir a guarda do Marcos. Foi um sistema fácil, mesmo o infeliz do Gaston também estivesse iniciando um processo de guarda, tudo foi anulado mediante ao exame de paternidade, e uma declaração da Talita, transferindo a guarda total. Confesso que usei minha influência para agilizar todo o processo — mas quem não faria, se tivesse a oportunidade?!
— não prefere ir ao abrigo comigo?! — ele n**a indo em direção ao seu carro, desviando dos meus seguranças.
— não, prefiro garantir que ela tenha uma noite minimamente mais tranquila, sabendo que o Marcos está em boas mãos. — declarou, dando um breve e apressado aceno.
Me senti estranho ao pensar que tanto interesse dele, pode haver algo entre os dois, porém, preferi não pensar isso, me sentindo empolgado demais, em poder levar meu filho para casa. Ele é oficialmente meu, e não vejo a hora de ter Marcos me chamando de pai, porém, conhecendo o garoto, sei que não será tão fácil lidar, e conquista-lo.
...
— então é isso. — completo, após explicar que ele irá morar comigo, a pedido da sua mãe.
— falei com minha mãe hoje. — assumiu, pegando alguns livros e colocando nos braços do meu segurança.
— falou?! — questiono surpreso.
— sim, uma senhora, ligou para o abrigo, então fui levado a diretoria, e ela me passou para minha mãe. — contou, enquanto fecha sua mochila. — senhora, Antonieta. Gostei dela, bastante educada, e prometeu que cuidará da minha mãe, enquanto não posso.
Imagino que minha tia fará um estardalhaço, quando souber que tenho um filho. Fui criado por ela, que é uma mulher muito durona, diretora de um presídio feminino, e uma pessoa maravilhosa, mas irá ficar uma fera, por ser a última a saber.
— que bom. Como sua mãe estava?! — questiono, por não saber ao certo o que falar.
— com saudades de mim, óbvio. — me olhou de forma julgadora. — porque ela ainda está longe?! Você não é juíz?
— sou, porém, não posso resolver isso tão facilmente. — assumo me sentindo angustiado.
Tentei colocá-la em liberdade, até que chegasse o julgamento, porém, o juíz alegou que ela era um risco ao ex namorado, e quando ela conseguiu soca-lo, mesmo algemada, não ajudou muito.
— vamos?! — ele perguntou, e apesar de está sério, existia empolgação em seu olhar. Aquilo me aliviou um pouco.
— claro. — afirmo assentido, e pegando sua mochila. — eu não tive tempo para decorar seu quarto, então se você aceitar, podemos ir amanhã ao shopping e resolvermos isso.
— tudo bem. — afirma despreocupado — você tem biblioteca em casa? — me olha de esgueira.
— tenho sim. Você gosta de livros?! — confesso que me empolguei, quando ele assentiu.
Por incrível que pareça, fomos até a nossa casa, em uma conversa acalorada sobre livros que gostamos. Sua leitura é muito impressionante para sua pouca idade, e sei que é devido seu grande interesse pelos livros e gibis.
— wall! — admirou a casa, com curiosidade. — sua casa é enorme.
— nossa casa. — declaro, me sentindo estranho, ao vê-lo dizer que é minha. — Marcos, preciso avisar que trabalho muito, e não poderei passar muito tempo com você, porém, estarei sempre a disposição para que me ligue, por qualquer problema.
— tudo bem. — sorriu para mim, e senti meu peito se aquecer. — eu gosto de você Antony.
— eu também gosto muito de você Marcos. Eu sei que foi inesperado, porém, quero que saiba que desejo muito construir uma relação de pai filho com você. — seus olhos param de forma curiosa sobre mim. — sempre desejei ser pai, e quero me dedicar a ser um.
Faz apenas uma semana que sei da sua existência, e fui vê-lo todos os dias. Tive medo que fosse apenas empolgação inicial, porém, todas as vezes que o vejo, consigo imagina-lo no futuro, me tendo ao seu lado, e desejo isso de uma forma intensa.
— minha mãe disse que tentasse te dar uma oportunidade. — olhou as próprias mãos juntas. — então, vou tentar.
— obrigado. — agradeço sincero.
Pensei bastante, sobre tudo que ele já me falou e também sobre minha discussão com sua mãe. Não posso forçar uma ligação entre nós, sendo que é tudo tão recente, sinto que já amo essa criança, como se fosse um ar que necessito, porém devo levar em consideração que sou um adulto que sempre teve expectativa de ser pai, já Marcos, parece aceitar muito bem não ter um, então apenas posso tentar conquista-lo, e fazer que veja que não é tão r**m ter um pai.
— esse é seu quarto, espero que goste. — apresento o lugar espaçoso, e me sinto empolgado para que haja brinquedos e livros espalhados por ele, como é comum em um quarto infantil.
— é ótimo. — declarou colocando sua mochila, sobre a poltrona e testando a cama. — e qual será o quarto da minha mãe?!
— como assim? — questiono em desentendimento.
— o quarto da minha mãe, quando ela voltar. — me olhou parecendo incrédulo com minha ignorância. — minha mãe me explicou, que você será responsavel por mim, então, obviamente quando minha mãe retornar, também ficará aqui, comigo.
— faz sentido. — Marcos deu um leve revirada de olhos. — vem. — convido, ainda impressionado.
— claro que faz, você será meu protetor, e eu da minha mãe, como sempre. — retorno a encara-lo, antes de abrir a porta do quarto de hóspede.
Marcos demonstra ser protetor com sua mãe, e a ligação dos dois parece intensa, então quando ela sair, será importante tê-los juntos, para que minha relação com meu filho melhore. Sinto inveja dela por tê-lo assim, e a cada instante, no meu íntimo, protesto por não ter tido participação no seu primeiro desenvolvimento.
— gostei bastante. — declarou, olhando ao redor. — minha mãe mandou que entregasse isso. — enfiou a mão no bolso, e me entregou um envelope.
— obrigado. — agradeço, guardando no meu bolso, esperando que seja algo importante para o caso dela.
— ela mandou entregá-lo na primeira vez que nos falamos, mas não sabia se poderia confiar em você. — assumiu, me olhando de relance.
— então agora você confia? — me sinto ansioso por sua resposta.
— não totalmente, afinal, pessoas mudam. — confesso que me decepcionou um pouco sua resposta, apesar de está certo. — minha mãe disse que tivesse cuidado com minha sinceridade extrema, porque você é bem sensível, e costuma ficar inquieto quando confrontado.
— sua mãe, disse isso de mim?! — aperto minhas mãos, irritado com a petulância daquela mulher.
— sim, e ela tem razão. — olhou minhas mãos apertadas, com saber.
Que filha da p**a!
— não sou sensível. — declaro, tentando disfarçar minha inquietação. — sei que não confiará cegamente, em alguém que acabou de conhecer, e que pessoas muitas vezes são instáveis.
Sei que o maldito pedófilo, não demonstrava ser o que é, até pouco tempo. Conversei com o advogado e amigo da Talita, que me deu detalhes de tudo que ocorreu, porém, com Marcos ainda não tivemos nenhuma conversa sobre o assunto, e também não tentei, sabendo que deve ser difícil para ele.
— certo. — concordou, e deu um sorriso que me fez relaxar.
Retornamos para seu quarto, e assisto ele arruma suas poucas roupas no roupeiro, afirmando que tinha mais coisas no apartamento deles, mas que não foi permitido que levasse todas. Marcos não é de muitas palavras, porém, sempre deixa as coisas bem esclarecidas e explicadas.
...
Sentado no escritório, abro o envelope, com curiosidade. Uma chave, e uma senha. Com certeza é o acesso de algum banco, só preciso descobri onde ela tem uma reserva, e terei acesso.
— não tem nada Tony. — Susan mandou um áudio, avisando. — se você já havia tentado, porque também me mandou?! — resmunga impaciente.
— porque tenho apenas isso, e se ela não me deu mais detalhes, é porque isso aqui, é o suficiente, então... Terei que descobri sozinho. — respondo um pouco envergonhado.
— larga de ser orgulhoso. — reclamou divertindo-se. — vou passar a noite na delegacia, então irei tentar descobrir algo.
— ainda investigando aquele delegado filho de uma p**a?! — questiono enraivecido.
— sim, finalizando. — completou parecendo exausta. — achei que seria mais rápido, porém, o safado encobria muito bem os rastros, apesar de ser burro, então, como deve imagina, tinha mais pessoas por trás.
— valeu Susan. — agradeço sincero, e desligo.
A tenente Susan, é minha melhor amiga, e apesar de não está completamente por dentro do meu caso, ainda está me ajudando. Ultimamente, ela está sempre apressada, e estranha, e se não souber o que está acontecendo, irei levá-la a tia Antonieta, assim não será apenas eu, que ficarei de castigo.
Quando já estava preparando-se para descansar, Susan simplesmente mandou-me um pedido de socorro, que fui prontamente atender. Minha amiga é durona, e cheia de manias, porém, quando está apaixonada, vira uma pequena bomba, prestes a explodir, e ver o seu desespero, me fez ter uma ideia, do que somos capazes por amor.