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— Talita Marques Ferraz! — dona Antonieta chama meu nome completo, na entrada do ambulatório penitenciário.
Não importa o que seja, ou quem seja, chamou seu nome completo nesse tom, a coisa é seria.
— senhora. — respondo aproximando-se com caltela.
— senhora. — usou um tom de deboche. — como é que agora que fiquei sabendo, que tenho um sobrinho neto?! — bateu o pé no chão, com indignação.
— a culpa é toda do Antony. — explico-se, tirando minha bola de campo. — ele pediu pro meu advogado trazer o documento de guarda para que eu assinasse, só para não passar pela senhora.
Sei que estou colocando fogo no palheiro, porém, sou vingativa, e não esqueci da forma que o juíz gritou comigo, e ainda falou que eu havia levado aquele homem para junto do meu filho, como se fosse algo que soubesse.
— mais que filho da p**a! — declarou irritada. — me desculpa Talita. Quero saber tudo sobre o Marcos, nem acredito que já falei com ele, e amei conhecê-lo, e nem sabia que era meu sobrinho. — a mulher tinha os olhos úmidos, e f**a-se! Abraço ela com vontade.
— ele é incrível. — declaro saudosa, e me afasto da mulher, olhando se alguém não viu. — desculpa.
— não por isso. Estamos sozinhas, e quero que vá comigo a minha sala, estou ansiosa para conhecê-lo um pouco. — amei a forma que ela é empolgada.
Me sinto culpada por ter privado o convívio deles, porém, parece que tudo que fizesse era uma ação de risco, e tive muito medo de arriscar. Marcos foi algo que me fez muito bem, e sempre tive muito medo da rejeição, que meu filho sofresse o mesmo que eu.
Conto tudo a senhorita Antonieta, sendo o mais sincera que consigo, sobre os motivos que me fizeram não procurá-lo, e tudo que senti no momento, sabia que tinha o risco da mulher ficar muito brava comigo, porém, no final ela simplesmente me abraçou como uma filha, e me derreti facinho naquele conforto.
— atrapalho?! — Antony entra, parecendo temeroso na sala da tia, e nos observa com curiosidade.
Sorri contido por fora, mas por dentro gargalhei. Eu sei que posso está sendo bem malvada, mas... Ele está tendo a recompensa de ter meu bem mais precioso ao seu lado, enquanto estou sendo mantida apenas pela dor da saudade.
— Antony Vesarles! Não acredito que escondeu um filho de mim. — a senhora encarou ele de modo intimidador, e o homem sorriu constrangido.
— desculpa tia, é que foi tudo tão rápido. — negou nervoso. — pior foi a Talita que escondeu o Marcos de nós por oito anos. — me apontou como uma criança fofoqueira.
— ela é minha sobrinha? Não é. — mordi o lábio, apenas observando o ser raivoso me encarar. — quero conhecê-lo, e também tenho que ver a bebê da Susan.
— ótimo, a senhora pode ir a minha casa, e a Susan está lá com namorada, a filhinha delas, e o Marcos. — encarei toda a situação curiosa. — meu filho estava parecendo empolgado, em conhecer a pequena Marcela.
Sim, ele deu ênfase ao "meu filho", tentando me provocar.
— Antony, eu não tenho ciúmes do Marcos, e realmente torço para que vocês construam uma boa relação. — declaro aproveitando a situação, para deixar algumas coisas claras. — realmente me arrependo, de não te-lo procurado antes, por traumas meus. Então, vamos tentar resolver nossas situação de uma forma amigável, e quando sair desse lugar, não quero que o Marcos tenha o transtorno de nós ter brigando feito crianças. — declaro seria, tentando realmente ter um trégua.
— tudo bem. — afirmou com um aceno. — ele sente muito sua falta, e você fez um ótimo trabalho na criação do Marcos. — admitiu, parecendo fazer uma força sobre humana.
— então... — dona Antonieta nós encara de modo curioso.
— não! — o Antony negou, encarando a tia. — sem fantasias, está entendendo?!
— nem falei nada. — reclamou, com indignação. — estou tão empolgada em conhecê-lo.
Observando agora o sorriso do juíz, e o entusiasmado da tia, imagino o quanto teria sido importante tê-los na vida do Marcos, porém, não irei lamenta o passado, e o importante é que agora meu filho terá a oportunidade de estar com eles.
— tenho que retornar, acho que os guardas já estão me olhando suspeita, por está transitando pelo lugar, sem ao menos está acompanhada. — levanto meus pulsos, e dona Antonieta remunga irritada.
— estava comigo, se alguém reclamar, mande que venha até aqui. — declarou aproximando-se. — vai lá, por hoje já acabou no ambulatório, então...
— Obrigado por tudo senhora. — agradeço sincera. — a sela individual, e o trabalho no ambulatório, está me fazendo se manter com o mínimo de sanidade, após tudo isso.
— querida, farei todo o possível para ajudá-la. — prometeu beijando minha testa.
— Talita, o delegado Joel da delegacia que você foi detida, está preso. Susan trabalha para a corregedoria, e estava ali para investiga-lo, acho que podemos descobrir algo sobre as provas contra você, entre outras coisas. — contou e sorri alíviada.
— que bom. — declaro. — já abriu o cofre?! Acha que aquelas documentação tem importância?
— estou avaliando isso. — disse incerto, me olhando desconfiado.
— peguei no escritório dele, quando fui até sua casa, acho que é alguma coisa ilícita, sei que não é sobre o caso do meu filho, porém, quero qualquer coisa que consiga mantê-lo distante. — declaro, não querendo ao menos imagina que aquele demônio consiga aproximasse do meu menino.
— vou ver o que faço. — prometeu, e assinto antes de sair.
A prisão tem quatro andares; a parte em que estou, fica a administração, segundo e terceiro fica as celas, e o térreo fica a lavanderia, ambulatório, refeitório e sala de espera para visitas. É um lugar assustador, porém bem organizado, livros são distribuídos, e trocados a cada dois dias, e elas tem algumas palestras, tudo organizada por dona Antonieta.
— o que está fazendo aqui?! — um guarda pega meu braço com força, me assustando.
— estava na direção. — assumo, e ele ignora me arrastando até às celas. — a minha não é nesse pavilhão. — me assusto, sem saber por onde estou sendo levada.
— calada. — exigiu e foi até a primeira grade. — abra! — indicou a uma das guardas, que aproximosse desconfiada, antes de abrir.
— não sou daqui. — neguei vendo o lugar com várias mulheres. — pode perguntar a chefe. Trabalho no ambulatório. — eles ignoram, fechando o lugar.
— não será tão fácil assim. — o olhar do guarda, mostrou que não era uma simples situação de engano.
— a princesinha se acha boa demais para está conosco?! — o hálito de uma das detentas chega até mim, me fazendo temer.
— não. — encaro seria, a mulher robusta.
— Jajá seu rostinho de princesa conhecerá a Selene, então... — sorriu com deboche. — realmente não vai querer está aqui.
Há quatro mulheres naquele lugar, e escuto o chuveiro ligado, indicando que tem mais outra. Sim, estou com um medo da inferno, porém, dificilmente irei assumi-lo, porque isso me deixará vulnerável.
...
— Talita? — viro rapidamente, e encaro a morena de sorriso sério.
— Selena?! — aproximo espantada. — o que está fazendo aqui?! A última vez que vi você, disse que viajaria.
— eu é quem preciso saber o que está fazendo nesse inferno Talita. — aproximasse de forma ameaçadora.
— conto, se você conta primeiro. — ela revira os olhos, e me faz sentasse próximo a ela.
— foi Gaston que te pós aqui?! — assinto assustada. — fui pega levando cocaína. Aquele desgraçado.
— foi ele?! — ela assentiu parecendo cansada.
— eu iria participar de uma competição no sudeste, então fui pegar uma documentação na diretoria da academia, e acabei flagrando ele conversando com um dos entregadores. A academias não vende suplementos como imagina, e sim drogas, dos mais variados tipos. — encaro ela espantada, porque jamais imaginei isso, apesar de suspeita de algo ilícito.
— e como você entrou nessa?! — questiono incrédula.
— ele descobriu que eu havia descoberto sobre, então ameçou minha família, caso eu contasse a alguém, e quando entrei no aeroporto, fui pega com minha mala recheada. — deu um suspiro frustrado. — nem sei como aquilo foi parar ali, porém, havia provas me ligando a um traficante da cidade, que também não faço ideia de como sugiram, e faço.
Selene é uma competidora de levantamento e lançamento de peso, com quase dois metros de altura, e força como nenhuma outra, não me admiro que esteja sendo a chefe de sela, ou pavilhão, porém, como eu, não merecemos estar nesse lugar.
— ele... — conto tudo o que aconteceu com relação ao meu filho. — então, quando cheguei a mansão, tudo estava em silêncio, e fui direto até o quarto da dona Margarida. Eles pareciam apenas dormindo, porém... — as palavras travam na minha garganta.
— que desgraçado Talita. — a mulher soca o chão ao seu lado, de forma irritada. — não consigo acreditar, que aquele desgraçado tentou tocar no pequeno príncipe.
— nem eu Selena. Sempre fui tão protetora com ele. — esfrego meu rosto, me sentindo angustiada. — ataquei aquele desgraçado, quando percebi que estavam mortos, e ele deixou, me manipulou e quando a polícia chegou, estava suja do sangue dele, enquanto o maldito chorava sobre o corpo dos seus pais.
— envenenados? — assinto, angustiada ao lembrar da cena. — fácil para ele.
— e para mim, que tenho acesso a vários tipos de medicamentos diariamente. Tinha um registro no hospital, como se houvesse feito a retirada de alguns medicamentos, que seria a base dos que foram usados para o veneno do assassinato.
— perfeito demais. — afirmou pensativa. — porém, você é enfermeira, e não químico, ou farmacêutico, para saber fazer esse tipo de mistura, e droga. Estou certa? — me olha incerta, porém, quero abraca-la por me dar essa luz.
— certíssima! Ele deve ter conseguido alguém para fazer isso. — afirmo pensativa. — mas ele sendo traficante, deve ter alguém com esse tipo de formação.
— sim. Muito provável. — declarou entusiasmada. — queria poder ajudá-la, porém... — lamenta, baixando o olhar.
— você já está Selena. — garanto afagando seu ombro.
Conheci Selena nas aulas de defesa pessoal, que ela era professora, e saímos algumas vezes para tomar umas cervejas, e acabou conhecendo meu filho, que estuda na mesma escola que sua sobrinha. Não éramos melhores amigas, porém, tínhamos uma boa amizade, até que ela desapareceu e sua irmã disse apenas que ela havia se mudado.
— minha família está envergonhada. Não sabem que estou aqui, por medo de que algo aconteça a eles. Não sei o que fazer Talita. — reclamou de forma desolada. — ele é poderoso, e... Sou uma favelada, que tentou vencer, porém, aqui estou. — lamentou com os olhos cheios.
— vamos nos ajudar. — garanto, pensando em como farei para pedir ajuda ao Antony com mais essa, porém, creio que conseguirei. — também tenho pessoas importantes me ajudando, e agora será a nós duas, e Marcos. Sua família ficará bem.
Eu sei que não devia prometer algo, sabendo que até mesmo meu rumo está tão incerto, porém, preciso de uma esperança que seja, e ela também. E agora, é torcer para que consiga ajuda. Passei a noite naquele lugar, e porém, não foi r**m, afinal usamos nosso tempo para pensamos em algumas possibilidades, de como agimos.