CAPÍTULO 6: A FILHA DO CHEFE

969 Words
JAYME Sabe aqueles dias que tu acorda já meio na tensão? Então... era hoje. A filha do meu chefe ia começar a trabalhar na firma. Nunca nem vi essa garota na vida. Sempre morou fora, nunca deu as caras por aqui, e do nada... pá! Chega metendo um cargo alto. Coisa de quem tem sangue na veia da chefia, né? Fazer o quê. Eu, como acionista, até tenho uma moral, mas quem manda no rolê é o pai dela. Deixei o Arthur com a babá, mas te falar... fiquei cheio de receio, coração na mão. A verdade é que eu queria era deixar com a Lucy. A mulher tem um jeitão com ele... se deu bem logo de cara, sabe? O moleque ficou doido nela. E, confesso... eu também ando meio assim, sei lá... diferente desde que ela apareceu. Cheguei na empresa no pique. Gravata meio torta, aquele corre de sempre. Nem parei na minha sala, já fui direto pra sala de reunião. Só executivão na mesa, todo mundo alinhado, cheio de marra, só faltava o chefe e a tal filha misteriosa. Tava aquele clima... sabe quando fica aquele zum-zum no ar? A galera cochichando, olhando pro relógio, bufando... clima pesado. De repente, a secretária brota na porta: — Senhor Jayme... o doutor Antônio tá te chamando na sala dele. Me levantei na hora. Dei aquele ajeitadinha no paletó, porque né... postura é tudo. E fui atrás dela. Os engravatados tudo ficaram se encarando, uns até bufaram alto, tipo “ah, sério que ele vai ser chamado antes?”. Mas fazer o quê... é moral que chama. Bati na porta, entrei e logo vi o velho Antônio sentado, sorrindo daquele jeito dele. Só apontou pra cadeira na frente dele. — Bom dia, Jayme. — falou, tranquilo. — Essa aqui é minha filha, Catarina. De primeira, nem vi ela não. Olhei pra trás, pro canto da sala... e aí ela veio surgindo, andando na minha direção. Parou na minha frente, toda charmosa, segurando aquele sorriso de quem sabe que é dona do próprio poder. Me levantei, claro. Cumprimentei ela com um abraço leve e dois beijinhos. — Muito prazer, Catarina. — soltei, mantendo a pose. — O prazer é meu. — respondeu ela, soltando aquela voz doce, meio rouca. — Meu pai fala tanto de você que sinto que já te conheço. Aí... não vou mentir não. Olhei. Olhei mesmo. A mulher é linda, pô. Cabelão preto, liso, batendo quase na cintura. Olhos marcantes, daqueles que tu não sabe se é verde, se é mel, mas te atravessa. Pele branca, bem delicada, boca pequena, carnudinha... baixinha, cheia de curvas. E o vestido... meu Deus do céu. Apertado no ponto certo, desenhando cada pedaço do corpo. E se tem uma coisa que não dava pra não notar... era os p****s dela, avantajados, ali, quase gritando por liberdade. Sabe o que é mais doido? Desde que perdi minha mulher... nunca, nunca tinha parado pra olhar uma mulher desse jeito. Mas ela... ela me pegou desprevenido. O Antônio, meio que percebendo o clima, levantou, ajeitou o paletó e mandou: — Fiquem aí, se conhecendo... Vou começar a reunião, e daqui a pouco eu chamo vocês. Saiu. Largou nós lá, largou mesmo. E eu... fiquei. Fiquei olhando pra ela, e ela olhando pra mim. Parecia até que tava rolando um cabo de guerra no olhar. Aí, do nada, ela solta: — Meu pai comentou... que você perdeu sua esposa recentemente. — falou, meio suave, meio na manha. — Sinto muito, de verdade. Soltei aquele suspiro pesado. — Valeu... obrigado. — respondi, segurando a onda. — E... seu filho? Ele vem aqui na empresa às vezes? — perguntou, puxando papo, mas de um jeito que parecia até que se importava mesmo. — Não... acho que nunca trouxe, não. — falei, dando de ombros. — Ué... aqui não tinha aquela ideia de montar uma área kids? Meu pai falou disso há mais de um ano. Inclusive, fui eu que dei essa ideia. — disse, ajeitando a bolsa no ombro, com aquele jeitinho todo cheio de charme. — Pior que não. — respondi. — Se tem, nunca nem vi. E olha... ia ser bom, viu? Porque, vou te falar, tem dia que eu tenho que sair no meio do expediente pra acalmar o Arthur. Moleque sente, sabe? Ainda tá meio na luta pra se adaptar... Ela balançou a cabeça, meio indignada. — Vou dar um jeito nisso. E do nada, ela muda completamente o papo: — Tá... e me diz... como vocês se divertem por aqui? — perguntou, toda animadinha. Soltei uma risada meio sem graça. — Ah, sei lá... barzinho, uma baladinha... quem curte vai. Eu tô mais de boa, não saio muito não. Ela arqueou uma sobrancelha, deu aquele sorrisinho maroto e, parceiro... jogou a bomba: — Então, é hoje. Tu vai me levar pra curtir essa cidade. Jantar... balada... o pacote completo. — falou, ajeitando o vestido, se inclinando na minha frente de um jeito que, olha... Deus é pai. — Ih... não sei se vai rolar, não. Tenho o Arthur, né... — falei, meio travado. Ela, ligeira, nem deixou eu terminar: — Relaxa... — passou a mão no meu peito, daquele jeitinho que deixa qualquer homem desnorteado. — Tu deve ter alguém de confiança. Alguém que teu filho goste, né? Na hora, irmão... na hora, a Lucy veio na minha cabeça. A vizinha maluquinha, de coração gigante, que o Arthur já ama. — Acho que tenho sim... — falei, meio sorrindo, meio perdido no olhar dela. Antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, a secretária apareceu na porta: — Senhor Antônio pediu pra vocês irem pra sala de reunião. Levantei. Respirei fundo. Bora. A noite promete... e, olha... eu não sei se isso é bom ou se vai dar r**m.
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