Peixe narrando
capítulo 46
Ela saiu deixando um silêncio, que foi pior que qualquer grito. Fiquei ali, parado, cercado pelos destroços do meu próprio descontrole, com as tal provas que como ela disse fez questão de vir esfregar na minha cara, espalhados no chão como se fossem restos da minha confiança. Peguei o cartão que ela deixou e encarei por alguns segundos. O nome dela sobressaindo impresso em letras elegantes, contrastava com a raiva que tava queimando no meu peito.
Mas não era dela, não mais. Era de tudo. De mim. De quem armou isso. Do maldito Alcides, do desgraçado daquele juiz , do engomadinho que p*u mandado .
Sentei outra vez. A cabeça entre as mãos, o corpo pesado. A cada segundo, a imagem da Lia num colchão, pequena demais naquele lugar escuro, voltava como uma lâmina. D
