capítulo 05

1458 Words
Nando narrando capítulo 05 Meu nome é Fernando. Mas todo mundo me chama de Nando, tenho 26 anos , sou irmão do Peixe e o braço direito. A sombra que protege quando ele não pode aparecer. O que enxerga o que ele não vê. O que age quando ele manda e, às vezes, até antes disso. Mó desacerto ele ter sido pego pelos bota ce e louco , certeza aqueles funcionários do hospital que deram a fita que ele tava la, eu sabia que ia da merda ele aparecer la mas tambem sabia que ele nao ia fica de bracos cruzados esperando por notícias em casa , bagulho de emergência ainda mãos se tratando de quem era .... O Morro do Salgueiro, nosso território. Nosso trono de concreto e sangue. Foi aqui que a gente cresceu, caiu, levantou, e dominou. Foi aqui que ele virou lenda. E que eu virei o guardião. Mas nesse momento, meu pensamento não tá nas bocas nem nos homens armados que se revezam nos becos. Tá na casa reformando no alto do morro. Lá dentro, estão os dois maiores tesouros do Peixe . A nossa mãe de criação, dona Sônia, que nos acolheu quando a vida nos cuspiu pra rua como dois moleques sem nada. E a pequena Lia… a filha dele. Sim. A filha do Peixe. Fruto de uma história que ele não fala muito, mas que eu conheço cada pedaço. A mãe da menina morreu cedo tragédia, vingança, erro de cálculo… pouco importa. O que importa é que desde então, Lia virou o coração do meu irmão. E coração, nesse jogo, é ponto fraco. E agora... tem gente rondando demais. As ameaças à advogada dele já acenderam o alerta. Carine pode ser o alvo hoje. Amanhã, pode ser Lia. E isso, ele não me perdoaria . Nem viveria pra suportar. Por isso, ele mandou a ordem Fria e Direta. “Manda a menina embora, Nando. Ela e a mãe. Lugar longe, discreto. Protegido. Não quero mais nem respiração perto delas.” Doeu nele. Eu sei que doeu. Mas ele faria tudo pra proteger aquela menina. Até se afastar. Então eu cuidei de tudo. Documentos falsos, Transporte seguro. Casa alugada em nome de ninguém. Gente nossa de confiança lá pra dar apoio. Quando entrei em casa. Vi dona Sônia com os olhos marejados, tentando disfarçar na frente da neta postiça. E Lia, com a mochila nas costas e a boneca no braço, sem entender direito por que o pai não tava ali pra se despedir. - Papai vai com a gente depois? ela perguntou, baixinho, olhando pra mim. Abaixei até ficar na altura dela. Toquei no ombro frágil. -Ele vai, pequena. Mas por enquanto, ele precisa cuidar de umas coisas. E quer que você fique segura. Você é o mundo dele, sabia? Ela sorriu, inocente. E aquilo partiu algo dentro de mim. Quando elas entraram no carro, deixei minha postura endurecer. O Nando sentimental ficou no portão. O que ficou ali, no morro, era o soldado. Porque agora, mais do que nunca, eu tenho um recado pra passar pra quem acha que pode tocar na filha do Peixe, minha sobrinha . Se encostar nela, não vai ter buraco no mundo onde possa se esconder. A rua voltou a ficar em silêncio depois que o carro sumiu na curva. Lia e dona Sônia estavam fora. Em segurança. Longe dos olhos certos e dos errados também. Agora era minha vez de agir. Voltei pro alto do morro com a mente afiada. Alguém tinha cruzado a linha. Ameaçar Carine já era ousadia. Criar clima de vigilância, mais ainda. Mas só de cogitar chegar perto da filha do Peixe? Isso era sentença de morte assinada. Acionei três dos meus mais antigos Betinho , Canela e Brasa. Homens que cresceram com a gente e que sabem o valor de um segredo. - Quero tudo. Nome, CPF, cor da cueca de quem andou perguntando pela doutora. Quem encostou perto do prédio dela, do escritório, do fórum. Vale câmera, vale motoboy, vale até passarinho na laje. Olhei firme, sem vacilo. - Se for da gente, quero saber por quê. Se não for… a casa vai cair. Eles assentiram sem dizer uma palavra. Lealdade cega. Do tipo que se conquista no suor e no sangue.Peguei meu celular e abri as mensagens que tinha recebido do contato que coloquei no escritório da Carine. Uma estagiária inocente, mas esperta. Amiga de uma amiga. Fiel por dinheiro e por respeito. Mensagem “Doutora Costa anda tensa. Tem recebido ligações sem identificar. Hoje chorou no banheiro por 5 minutos e saiu como se nada tivesse acontecido. Achei que devia saber.” Engoli seco. Essa mulher tá segurando coisa demais sozinha. E isso pode ser perigoso. Não só pra ela, mas pro meu irmão também. Rafael sempre foi casca grossa, mas quando alguém encosta no que ele chama de “dele”… o mundo desaba. E Carine já virou parte do território. Mesmo que ela não tenha percebido ainda. Fechei o celular e acendi um cigarro. O vento da noite trazia o cheiro da cidade misturado com o gosto do perigo. - Tá vindo tempestade . murmurei pro vazio. E se tem uma coisa que o morro me ensinou… é que quem não souber nadar, afoga. E eu? Eu sou tubarão. O relógio marcava quase meia-noite, e a comunidade estava mais quieta do que eu esperava. Mas isso só significava uma coisa, o tempo estava passando, e quem estava se escondendo, logo ia se mostrar. Tomei um gole de café forte e respirei fundo, olhando para os três caras que estavam comigo. Eles sabiam o que eu queria, e mais do que isso, estavam prontos para colocar a mão na massa, até o fim. - Então, rapaziada, é o seguinte .comecei, a voz firme, sem espaço para erros. - A Carine não é só advogada. Ela é uma peça-chave agora. Quem tá fazendo o movimento contra ela… não tá só mexendo com o Peixe. Tá mexendo com o império. E isso é um erro que ninguém vai sobreviver. Betinho , o mais rápido e sempre o primeiro a fazer o trabalho sujo, bateu com os dedos na mesa. -Já encontrei uns caras suspeitos rondando o prédio dela. Não estavam por lá sempre, mas começaram a aparecer de uns dias pra cá. Um deles tava com uma mochila cheia de equipamentos . me olhou com a expressão séria , - câmeras, cara. Eles estão observando, não só ela, mas o prédio todo. - E o motoboy? perguntei, lembrando da pista que tinha recebido. - Já rastreei, chefe. O motoboy que entregou a foto, aquele que a Carine recebeu... Ele não é de confiança. Ele tem contatos com uma galera do tráfico lá da Zona Norte. Mas não é só isso. O cara tem um histórico de se meter em encrenca com quem não deve. -Não é coincidência. Nada disso .falei, meus olhos focados na rua abaixo. A tensão estava no ar, mas algo dentro de mim já sentia que estávamos chegando perto de algo maior. - O que a gente vai fazer? Canela, o mais calmo, perguntou, a voz grave. Ele sabia que a resposta não ia ser fácil. Eu olhei para os três, com uma decisão que já tava tomada. - Vamos jogar o jogo deles. Vamos deixar eles se acharem espertos, quando acharem que estão no controle… vamos dar o bote. Vão pensar que a gente não percebeu, que a gente não viu nada. Mas a verdade é que estamos três passos à frente. E aí, é jogo de paciência. Levantei da cadeira e comecei a andar pela sala, sentindo a adrenalina, o peso da responsabilidade nos ombros. Lia e dona Sônia estavam fora. Mas isso não significava que o jogo tinha acabado. Só significava que o Peixe tinha mais um motivo para entrar na guerra. - Nando, tu é bom no que faz. Canela disse, quebrando o silêncio, - Mas precisamos saber quem está nos provocando de fora. Isso é mais do que só a advogada. - Eu sei. Respondi, a voz dura. - E eu vou descobrir. Quando o Peixe souber, vai ser tarde demais para quem estiver por trás disso. Porque esse jogo… vai terminar em sangue. A noite ainda estava alta, mas alguma coisa dentro de mim já tinha mudado. Eu tava mais perto de entender quem estava tentando mexer com a gente. E, quando a gente descobrisse, não ia ter perdão. Fechei os olhos, sentindo o peso da noite sobre mim. O morro estava em paz, mas o caos já estava em movimento. E eu não ia descansar até que a última peça se encaixasse. 150 comentários..... adicionem na biblioteca meus amores ajuda a autora aqui ❤️
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