Dante narrando
Ela dança no ritmo da música, senta pro chefinho, e parece até ironia. Sorrio com a coincidência, me aproximo por trás da loira e digo:
— Então você quer dar pro chefe? — falo, e ela se vira assustada. Nesse momento, nossos olhares se cruzam por alguns segundos e nenhum dos dois consegue soltar uma palavra. É nítido que ela me quer tanto quanto eu a quero. Seus olhos castanhos claros, a pele branca que contrasta perfeitamente com o cabelo loiro, e o cheiro doce que sinto mesmo à distância… p***a, eu preciso ter essa mulher.
Dara: É só uma música! — responde, engolindo seco. Percebo seu sotaque.
— Você é do Nordeste?
Dara: Por que sempre essa é a primeira coisa que todo mundo me pergunta aqui?
— Porque combina com você. É bonito. Mas olha… preciso que venha comigo. Quero te tirar daqui. A pista não é lugar pra você.
Dara: Obrigada pelo elogio... e pelo cuidado, eu acho. Mas eu não tô interessada em você, e nem quero sair daqui. — Ela fala de uma vez só, firme. Eu dou um sorriso irônico.
— Eu não estou te pedindo, Dara. Só vem comigo.
Dara: Como sabe meu nome?
— Você sempre é assim tão complicada?
Dara: Você é sempre assim tão mandão? — Ela me enfrenta. Mesmo sabendo que estou armado, mesmo sendo 10x menor, mesmo não sendo daqui… ela me enfrenta. p***a… meu t***o aumentou uns 200%. A amiga dela interrompe.
Luiza: Ô, ô, calma aí. O que tá rolando aqui? — Não falo nada com ela. Meus olhos continuam fixos em Dara.
— Sobe, Dara. E leva tuas amigas. Agora!
Dara: Não vou!
— Posso te arrastar. Quer testar? — Ela suspira, olha pras meninas e faz sinal com a cabeça. Elas vão à frente. E eu? Fico atrás, sem conseguir parar de observar esse corpo absurdo. Minha mente só pensa numa coisa: vou fazer ela ficar. Não vou sossegar até conquistar essa mulher.
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Dara narrando
Eu fiquei extremamente assustada quando vi aquele homem tão perto de mim. Não consegui tirar os olhos dos dele. Verdes. Ele é loiro, pele clara… e sem uma tatuagem sequer. Se não fosse a a**a na cintura, eu jamais diria que ele era envolvido.
Apesar das brincadeiras com as meninas, eu nunca ficaria com um bandido. E esse bem aqui na minha frente é descartado.
Mas que homem.
Grande. Forte. Cheiroso. Senti o perfume quando ele chegou perto. A delicadeza não faz parte dele. Me manda subir com ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo. E ele sabia meu nome… Como??
Penso nisso enquanto subo as escadas. Olho ao redor e vejo Geovana vindo animada em nossa direção.
Geovana: Você veiooo! Que bom! — me abraça, depois abraça as meninas.
— Decidimos vir de última hora.
Nara: A gente quase c***u no p*u.
Luiza: Esse gostoso — quer dizer, ogro aí — abordou a Dara e ela quase deu nele. — fala em sussurro, Geovana ri.
Chegamos ao g***o e todos nos cumprimentam com simpatia.
Geovana: Esse ogro aí é meu irmão. Ele não é muito… delicado.
— Deu pra perceber. — falo, ríspida. Ele ainda me encara. O tempo inteiro.
As meninas nos recebem super bem. A vibe do baile é boa, animada. Só tem um detalhe incomodando: Lion não para de me olhar. E por mais que ele seja lindo, por mais que algo nele me chame, isso não é normal. Isso aqui não é um filme.
Eu e as meninas dançamos ao som de um funk antigo.
— Essa aqui é relíquiaaaa!
Geovana: Pra quem mora no interior, vocês são bem modernas. — rimos.
— Mulher, lá não é tão interior assim! Vocês precisam conhecer.
Sophia: Eu topo! Sou doida pra sair do Rio. — Voltamos a dançar, animadas.
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Música on
Desce, sobe, empina e rebola
Toda delícia, toda gostosa
Desce, sobe, a noite toda
Rebola na pista, beija na boca...
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Estamos dançando e percebo um cara bonito se aproximando. Ele parece gente boa, e o melhor: não está armado. Sinceramente? Eu nem iria querer, mas talvez seja minha chance de fazer Lion parar de me olhar.
O cara dança perto e fala:
Xxx: Nunca vi mulher tão linda.
— Tudo tem uma primeira vez. — Ele sorri e põe a mão no meu pescoço. m*l dá tempo de pensar, e ele é arremessado longe. Fico perplexa.
Xxx: Qual foi, Lion?
Lion: Vaza. Essa aqui ninguém toca. — O cara nem responde. Some.
— Quem você pensa que é?
Lion: Você não sabe?
— Se eu soubesse, não tava perguntando.
Lion: Baixa tua marra pro meu lado, c*****o!
— Você n******e fazer isso! Eu fico com quem eu quiser.
Lion: Garota… eu posso fazer tudo.
— E o que você quer?
Lion: Quero você. — diz com os olhos cravados nos meus. Aquilo me atravessa por dentro.
— Eu não quero você!
Lion: Vai querer.
— Eu vou embora.
Lion: Não vai.
— Como assim não vou?
Lion: Curte mais um pouco. Aproveita com as meninas. Geovana te adora. Tá cedo. — E por um segundo, sinto alívio. Já tava entrando na paranoia da Nara. Me afasto dele e viro meu copo num gole só.
Luiza: O que foi isso???
Nara: O cara jogou o outro como se fosse saco de lixo.
Sophia: Tá tudo bem?
Geovana: Não liga. Ele é meio estourado...
— Quase não deu pra perceber. Tá tudo bem. Só... me assustei.
Sophia: Ele fez algo contigo? Ele é bruto, mas é do bem.
Geovana: Lá no fundo...
— O nome dele é Lion?
Sophia: Não, mas é o vulgo dele.
Geovana: Todo mundo chama ele de Lion.
— E por que ele fez aquilo? Eu não sou nada dele!
Geovana: Quando ele escolhe uma mulher, é isso. Ele quer.
— E o que eu tenho a ver com isso?
Sophia: Que ele consegue tudo que quer. E a gente tem um problema.
— Eu não quero ele!
Geovana: Aí que tá o problema. Você não tem escolha.
— Como assim?
Sophia: Ele é o dono do morro.
Todas: — Fudeu.
A minha noite acaba aqui. A incerteza me atordoa. Brinquei tanto com essa situação e agora... tô dentro dela. As meninas continuam dançando. Luiza saiu com o PC. Vejo Nara conversando com Ravi, afastados...
— Quero ir embora. Você viu a Luiza? — pergunto a Sophia.
Sophia: Ela saiu com o PC. Espera um pouco, ela volta já. — Me levanto em direção às escadas. Mas sou barrada.
Lion: Aonde você pensa que vai?