Carolina narrando Acordei cedinho, aquele tipo de manhã que já nasce pesada, com cheiro de realidade batendo na porta e lembrando que a vida não é só cerveja, risada e flerte proibido no meio da favela. Arrastei meu corpo da cama, ajeitei o cabelo de qualquer jeito e fui direto preparar as meninas. Uniforme, laço no cabelo, mochila ajeitada com lanche, garrafinha de água, tudo no esquema. A Bia continuava completamente apagada na cama, daquela forma que só quem chorou o corpo inteiro consegue dormir. E eu não tive coragem nenhuma de acordar ela. Ela precisava daquela pausa, daquele respiro mínimo que a vida tava negando há dias. Fiz as meninas tomarem café, amarrei o cadarço de cada uma, dei beijo, dei bronca, coloquei no carro e as levei pra escola. Quando voltei, deixei a casa no modo

