6- Miguel

3348 Words
— p***a eu não sei se vou conseguir lidar com isso, papai, eu acabei de me casar e acontece isso! Eu não pude dar um beijo na minha mulher porque ela não se lembra de mim, eu me aproximei duas vezes e ela virou o rosto, isso é frustrante, não poder fazer um carinho nela como estou acostumado, não poder ganhar um beijo... p***a, essa mulher me beijava dia e noite, ela me enlouquecia só com um olhar e agora ela m*l olha na minha cara. — Desabafo irritado andando de um lado para o outro no corredor, depois de praticamente ter sido expulso do quarto. — Você precisa se acalmar e ser mais paciente, filho, a sua mulher acabou de descobrir que perdeu a memória e que está grávida de um cara que ela acha que não conhece, dá um tempo para ela te conhecer de novo, refaça com ela os momentos que vocês viveram antes, cara... Você não estava disposto a reconquistar a sua mulher? Se você continuar perdendo a cabeça desse jeito você não vai conseguir o que você quer, você precisa adquirir uma paciência extra para lidar com a sua esposa nesse momento, nada de cobranças, nada de forçar a barra, apenas faça aquilo que você já fez antes e conquistou o coração da sua mulher, estamos todos do seu lado torcendo por vocês... Vocês vão superar tudo isso, vocês terão uma nova chance, filho, eu sei disso. — Me aconselha me olhando dentro dos olhos mas ainda sinto o meu peito apertado com essa situação. — Eu estou testando, papai, mas ela está arisca demais comigo. p***a eu vou ter um trabalhão para conquistá-la de novo, eu não posso viver sem a minha mulher mas e se ela me rejeitar como está fazendo agora? — Questiono apreensivo tentando me acalmar para aguentar tudo isso. — Você vai desiste da sua mulher na primeira dificuldade? Ninguém consegue nada sem trabalhar para conseguir, se você tiver que enfrentar as mesmas dificuldades para reconquistar a sua mulher, você vai fazer com um sorriso no rosto, e não vai desistir da mãe do meu meto assim tão fácil, você me ouviu bem? — Me orienta com um olhar sério e eu respiro fundo. — Eu nunca vou desistir dela, papai, eu só não sei por quanto tempo vou conseguir lidar com ela desse jeito, sem se lembrar de que é minha mulher. Eu vou lutar por ela porque eu não vou aceitar perdê-la nunca, eu vou sim reconquistar a minha mulher. — Afirmo decidido e ele respira fundo me abraçando forte. — É assim que se fala filho! Conte comigo para o que você precisar. Seja no que for, eu estarei ao lado de vocês. — Diz empolgado e vejo meus irmãos com um olhar confiante assim como minha mãe. — Estaremos todos ao lado de vocês, filho, não vamos abandoná-los em um momento como esse, jamais. — Mamãe me abraça por trás me passando confiança e isso era tudo que eu precisava nesse momento. — Obrigado a todos vocês pela força, eu não sei o que seria de mim se não tivesse o apoio e a compreensão de vocês... Estou ciente de que esse momento é muito delicado pela atual situação da minha esposa, por isso eu vou me esforçar ao máximo para ser paciente e conseguir agir de forma tranquila e sábia... Eu não vou perde a minha mulher e isso é um fato, leve o tempo que levar eu vou reconquistar a minha esposa... Eu faço qualquer sacrifício por ela e meus filhos, por isso quero pedir a você, Bruno, e também a você, papai, para me ajudarem na empresa, pretendo passar uns dias com a minha mulher e minha filha em casa e talvez eu faça uma viagem com elas no final de semana, quero ter esse momento com elas para tentar dar os primeiros passos para reconquistá-la e também para relaxar um pouco, estou muito estressado e não vou conseguir fazer nada desse jeito, muito menos trabalhar com a cabeça nesse estado. — Decido pensativo sobre os meus planos para passar mais tempo com a minha família. — Mas você acha uma boa ideia viajar agora, filho? Patrícia ainda está se recuperando e no estado dela não é bom se locomover tanto. — Me alerta me deixando ainda mais pensativo que antes. — Você tem razão papai, eu não tinha pensado por esse lado, além do mas, não sei se ela iria querer viajar comigo agora... Eu estou tão desesperado para tê-la de volta que não estou raciocinando direito. — Esfrego as mãos nos cabelos me sentindo frustrado. — Tire esse tempo para sua família como você está programando, meu irmão, mas ao invés de viajar, você pode colocar os seus planos em prática em casa mesmo, passa mais tempo perto dela, faça coisas que vocês já fizeram antes e ela gostou, mas faça sem esperar que ela retribua como fez antes. Sei que não está sendo fácil para você e também sei o quanto você está m*l com tudo isso, mas como nós já te dissemos antes, estamos aqui para te apoiar e te ajudar no que for, mano, não se afaste dela por mais que ela se zangue e te peça isso, ouviu? — Mais uma vez respiro fundo agradecendo por tê-los ao meu lado me apoiando tanto. — Jamais vou me afastar dela, Bruno, essa mulher é a minha vida e eu vou fazê-la enxergar isso mais uma vez... Obrigado, cara. Vocês estão sendo essenciais na minha vida nesse momento, obrigado. — Abraço o meu irmão antes de abraçar o meu pai e eles insistem no assunto para tentar me acalmar. Conversamos um pouco mais e fomos até a cantina tomar um café forte para me manter acordado e tranquilo, não posso voltar para aquele quarto nervoso como estava antes, pois sei que não será assim que vou conseguir algo com a minha mulher, tudo isso é surreal e ainda me custa acreditar no que estou passando, tudo que eu menos queria nessa vida é ver a mulher que eu amo me rejeitar por não se lembrar de mim, mas eu vou dar a volta por cima e vou consegui-la de volta... Ou eu não me chamo Miguel Ferrari! Depois de um tempo na companhia do meu pai e meu irmão, nós finalmente voltamos para o quarto e encontramos minha mãe e minha sogra conversando do lado de fora do quarto, pergunto por Patrícia e elas me dizem que ela está dormindo, que chorou por estar nervosa e ouvir isso me quebra por dentro, não gosto de ver a minha mulher chorando nem por um motivo de felicidade, o sorriso dela é tão lindo que não suporto a ideia de ver os seus olhos inchados por ter chorado. — Miguel, se você quiser eu posso ficar com ela hoje, caso ela não tenha alta... O médico passou para examiná-la e como ela está se queixando de dor, o médico disse que talvez não a libere para voltar pra casa hoje, mas sim amanhã de manhã. — Allana sai do quarto com Olívia dormindo em seus braços e eu me surpreendo por saber que não levarei a minha esposa para casa hoje. — Obrigado por me ajudar com Olivia e Patrícia, Allana, eu te amo muito minha irmã, mas eu só saio desse hospital com a minha esposa, se você puder ficar com Olívia você já vai estar me ajudando muito... Eu não quero sair de perto dela então se você puder, aproveita que minha filha está dormindo para levá-la pra casa, seria ótimo. Mais uma vez obrigado, maninha, todos vocês estão sendo fantásticos nos apoiando tanto. — Beijo a cabeça da minha filha antes de beijar o rosto da minha irmã. — Está sendo difícil para todos nós vermos vocês nessa situação, Miguel, mas eu tenho certeza de que vocês vão superar tudo isso juntos, meu genro, estamos orando por isso... Obrigada por não desistir da minha filha e por não deixá-la sozinha nessa situação, você será recompensado por isso ao reconquistá-la de volta. Sei que o amor que ela sente por você não desapareceu, eu só peço para você ir com calma pois ela está muito sensível por causa da gravidez, aliás! Com toda essa situação, eu nem te dei os parabéns pelo bebê, eu estou muito feliz com essa notícia apesar da situação de vocês. Que esse bebê possa uni-los novamente, meu genro. — Sra. Priscila se aproxima me olhando com os olhos marejados mesmo com um pequeno sorriso no rosto. — Obrigado, minha sogra, sei que já está me ajudando muito mantendo ela calma em relação a mim, mas espero poder contar também com o seu apoio e a sua ajuda para reconquista-la. Esse tempo que você vai ficar conosco pode contar pontos a meu favor em relação a ela, então peço que não deixe de me contar sobre as reações dela, sobre o que ela quer ou que não quer, isso pode me ajudar muito, entende? — Suspiro esperançoso e ela sorrir me dando um abraço carinhoso. Converso um pouco mais com ela e também com os meus pais, mas meus irmãos se despedem para levar Olívia em cada. Dou mais alguns beijos na minha filhota e eles se vão, sei o quanto minha filha está confusa com tudo isso mas graças a Deus, Patrícia está sabendo lidar com ela mesmo sem memória, isso já é um grande motivo para eu não desistir dela. Depois de uma longa conversa com os meus pais e minha sogra, eles também se despedem e vão embora me deixando aqui ainda pensativo, atordoado e frustrado. Entro no quarto de Patrícia e ela ainda está dormindo, me aproximo da sua cama admirando a sua expressão um pouco mais suave que antes, mas o semblante ainda abatido, ainda pálida e eu tenho vontade de beijá-la, de dizer que a amo e não quero perdê-la, mas não posso fazer isso, ela me rejeitaria e eu não suportaria isso. Me afasto da sua cama e tiro a minha camisa para colocar uma camiseta mais confortável, mexo na minha mochila em cima da poltrona e nesse momento ouço Patrícia dizer algo. — Ahh... Droga...! — Reclama se mexendo na cama e eu me viro, me aproximando novamente dela. Patrícia ainda está de olhos fechados pondo a mão na barriga, e isso me preocupa. — Você está bem? Está sentindo alguma coisa? — Pergunto preocupado e por impulso ponho a minha mão sobre a sua na sua barriga. Ela abre os olhos me encarando surpresa e vejo a sua atenção no meu corpo, antes dela encarar a minha mão na sua barriga, ela tira a sua mão da minha tentando se ajeitar na cama. — Estou um pouco enjoada, além da dor na costela... Está doendo menos, mas, ainda incomoda. — Ela faz cara de dor e eu me apresso para ajeitar o seu travesseiro. — Tudo bem, então tenta não se mexer tanto, ou pelo menos não faça movimentos bruscos, assim você não sentirá muita dor... Precisa de algo? Eu estou aqui para te ajudar no que você precisar, ok? — Me inclino apagando a luz acima da sua cabeça e volto a encará-la. — Bom, já que não tem mais ninguém aqui para me ajudar, eu preciso ir ao banheiro, mas não consigo descer dessa cama sem sentir dor... Não quero me arriscar a cair e fraturar mais uma costela, além de perder o bebê. — Argumenta sem jeito e posso ver um tom levemente rosado em seu rosto ao falar do bebê. — Não precisa se explicar, é só pedir a minha ajuda e eu estarei aqui... Posso? — Tento não me importar com a sua indiferença e peço permissão para pegá-la no colo. — Tudo bem, mas... Tem como você colocar uma camisa...? Está me deixando sem jeito. — Pede envergonhada tentando não me encarar e eu sorrio por isso. — Me desculpa, é que eu ia tomar um banho antes de me acomodar nessa poltrona confortável. — Abro um pequeno sorriso e ela finalmente me encara antes de encarar a poltrona. — Bom, eu não vou dizer para você ir descansar em casa porque eu sei que você não vai, já percebi o quanto consegue ser teimoso, mas enfim, eu não vou me demorar no banheiro. — Ela se descobre tentando se erguer mas novamente faz cara de dor. — Relaxa, eu te ajudo. — Pego ela no colo com cuidado tentando não pressionar a sua costela, e levo-a até o banheiro. Entro com ela no banheiro e coloco-a no chão com cuidado, deixo ela sozinha por um instante mas permaneço na porta do banheiro caso aconteça algo. Alguns poucos minutos depois ela me chama e eu abro a porta, ela está encostada na parede respirando fundo, rapidamente me aproximo pegando ela no colo novamente e ela deita a cabeça em meu ombro, sinto o quanto ela está fraca e ela reclama que está se cansando com muita facilidade. Coloco ela de volta na cama com cuidado e ela se acomoda melhor enquanto eu ajeito o seu travesseiro, ela agradece me mas evita olhar para o meu corpo, eu já vi ela fazer isso antes quando começamos a sair para nos conhecermos melhor, ela custou a admitir que estava gostando do que via e sei que agora não será diferente. — Eu vou tomar um banho rápido e não me demoro, mas se precisar de mim, por favor me chama, está bem? Está confortável? Precisa de algo mais? — Aviso atento a ela e mais uma vez vejo ela evitar me encarar. — Está tudo bem, não se preocupe, pode ir tomar o seu banho... Se precisar eu grito. — Vejo finalmente um pequeno sorriso em seu rosto e isso já me deixa satisfeito. Sorrio de volta e ela cora novamente. — Ok, eu vou ficar atento ao seu grito... Não me demoro. Admiro-a por uns instantes antes de ir até a minha mochila, e pego uma roupa mais confortável para me trocar, uma camiseta, uma cueca e uma bermuda. Vou para o banheiro e como prometi, não me demorei, apenas dez minutos depois estou saindo do banheiro já de banho tomado e me sentindo mais leve. Vejo Patrícia mexendo no seu celular e ela tem a sua total atenção nele, ouço o seu celular apitar e ela continua mexendo no mesmo, não demora e ouço o meu celular também apitar e eu pego-o sobre a poltrona para ver o que é, vejo uma notificação do ** e abro me deparando com uma foto minha com Jennifer, mas é uma foto antiga de antes de conhecer Patrícia, mas na foto estamos abraçados intimamente, foi quando ela me pediu uma chance e eu deixei claro que entre nós não aconteceria nada além de amizade. Ouço quando Patrícia coloca o seu celular na bancada ao lado da sua cama e eu me viro para encará-la, ela parece indiferente mas sei que ela viu a foto porque ela estava online no **. Desligo o meu celular a encarando desconfiado, pensei que ela fosse me questionar sobre a foto mas ela não o faz. — Onde está Olívia? Já levaram ela pra casa? Ela queria ficar comigo hoje mas eu expliquei que não podia, eu acabei dormindo e não vi quando a levaram. — Pergunta pensativa e eu foco a minha atenção nela. — Minha irmã a levou pra casa, Olívia acordou muito cedo para te ver e acabou adormecendo, já está quase na hora do almoço então achei melhor que a levassem... Está com fome? Conseguiu comer direitinho no café da manhã? Estava do seu agrado? — Puxo assunto para interagir melhor com ela, vejo-a me dá um pequeno sorriso. — Eu comi tudo que trouxeram, parecia que eu estava a semanas sem comer... Ainda não estou com fome mas sei que já está quase na hora de me trazerem aquela comida sem graça e sem sal. — Comenta como se nada tivesse acontecido. Não vou negar que ela não comentar sobre a foto que viu me deixou m*l, se ela não se importou com a foto é porque também não se importa comigo. — Bom, não vai demorar para você sair daqui, quando estiver em casa você vai poder se deliciar com as comidas da Sra. Fátima, ela cozinha muito bem, aliás, é ela quem faz as suas comidas favoritas. — Conto parando ao lado da sua cama com os braços cruzados, ela finalmente me encara de volta. — Eu não aguento mais esse hospital, por favor? Me tira daqui hoje? Eu quero ir pra casa seja lá onde for, mas me tira daqui? Eu quero dormir longe desse hospital hoje. — Pede esperançosa e eu respiro fundo. — Eu vou tentar, vou conversar com o médico na próxima vez que ele passar para te examinar, está bem assim? Vou tentar te levar pra casa ainda hoje, Olívia vai adorar dormir ao seu lado e você vai se sentir mais confortável na nossa cama... Bom, devida as circunstâncias, eu já mandei prepararem o quarto de hóspedes para mim, já devem estar mudando as minhas coisas para o meu novo quarto, talvez assim você se sinta mais à vontade. — Sinto um gosto amargo na boca e um aperto no peito. Ela acaba de se tornar finalmente minha esposa depois de dois anos juntos, e não vou poder dormir com ela, não vou poder beijá-la e muito menos senti e o seu corpo, mas terei que ser paciente com isso, terei que aceitar mesmo contra a minha vontade. — Você parece não estar satisfeito com isso, sei que não está aceitando bem essa situação mas... — Ela tenta argumentar mas a interrompo. — Relaxa, Patrícia, eu não vou tocar mais nesse assunto para não te chatear, para você somos dois estranhos então vamos nos conhecer novamente, vamos começar do zero e ver o que acontece, o que acha? Você aceita me conhecer melhor? — Tento sorrir e aceitar melhor essa situação, ela me encara surpresa, acho que ela não esperava por isso. — Tudo bem, eu aceito te conhecer melhor para termos uma boa convivência, aceito começar do zero. — Concorda ainda surpresa e eu sorrio satisfeito com isso. — Bom, então deixa eu me apresentar... Eu me chamo Miguel Ferrari, tenho 35 anos e sou pai de uma garotinha linda de 5 anos, ela é a razão da minha vida, assim como você... Bom, eu me casei a uns anos atrás e minha falecida esposa infelizmente morreu no parto, fiquei viúvo e tive a ajuda da minha mãe e minha irmã para criar a minha filha, não tinha como conciliar o trabalho na empresa com os cuidados da minha filha, e eu não queria que ela fosse criada por uma babá... Há três anos e meio atrás o seu pai nos apresentou em um evento da empresa, você sempre morou fora e só te conheci pessoalmente quando o seu pai quis que você assumisse os negócios da família, antes de morrer ele me pediu para cuidar de você, e por conta disso eu acabei me apaixonando. — Conto pensativo e vejo-a desconfortável por eu estar falando de nós, então mudo de assunto. — Bom, alguns fatos não tem como refazer e começar do zero, como por exemplo a sua gravidez, mas enfim, eu sou um cara legal e sei que você não vai se arrepender de me conhecer melhor... Você é uma mulher muito linda, sabia...? E fica ainda mais linda quando está corada. — Solto uma cantada de leve e ela cora sorrindo envergonhada. — E você é um cara de p*u, sabia? Estamos nos conhecendo agora e você já está me cantando? — Ela sorrir com uma sobrancelha erguida e eu sorrio largamente para ela, que cora ainda mais. — Se você parar para pensar, não foi bem uma cantada, e sim um elogio. A sua beleza é indiscutível. — Sorrio de lado e ela respira fundo evitando me encarar.
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