Capítulo 114 DOM NARRANDO Eu não conseguia sair de perto dela. Toda vez que olhava pra Anna, ali, deitada na cama do hospital, com os olhos fechados, o peito subindo e descendo devagar com a ajuda dos aparelhos, o coração apertava. Parecia que a qualquer momento ela ia abrir os olhos, me olhar e perguntar o que aconteceu. Mas já fazia tempo que isso não rolava, e eu sabia que o caminho até ela acordar ia ser longo. Os médicos já tinham me mostrado os exames umas cem vezes, e toda vez que eu olhava pra aqueles papéis, só sentia o peso nas costas aumentar. Tava ali, preto no branco: a recuperação dela não ia ser fácil. Talvez nem fosse completa. E isso me destruía. Eu sabia que uma parte de mim era culpada por ela estar ali, naquele estado. Eu deveria ter protegido ela melhor. Eu tinha

