Capítulo 1

982 Words
*Rosa* Acordei quase na hora de sair para trabalhar, como de costume, essa vida de trocar o dia pela noite não era nem um pouco saudável, eu sabia disso, dormia 3 horas por dia, e tinha que levantar, passar uma maquiagem pesada e sorrir para bêbados idiotas, só para que eles me dessem uns dólares a mais, e por que eu fazia isso? bom, vou contar pra vocês a minha história do começo. Me chamo Rosália Marigaldi, tenho 21 anos, nasci no México, mas minha mãe veio pra cá fugida do meu pai, quando eu tinha apenas 5 anos, não me lembro muito dele, tudo o que tenho são apenas uns lapsos de memória, neles, o meu pai machucava a minha mãe, muito. Cresci vendo minha mãe lutar muito para me criar, ela trabalhava como garçonete em um bar a duas quadras daqui, e na maioria das vezes, eu ficava sozinha, em silêncio, pra ninguém descobrir que eu estava sem ninguém em casa, nunca culpei minha mãe por isso, pelo contrário, ela nunca deixou faltar comida na mesa, minha mãe era a minha vida. Quando fiz 15 anos, minha mãe descobriu um sarcoma na parte inferior da perna, um tipo de câncer raro, e quase impossível de ser tratado, depois de se esforçar muito para conseguir continuar trabalhando e nos sustentar, minha mãe não aguentou mais, o câncer foi piorando, se espalhando, e, ela teve que amputar a perna, o que a deixou completamente desestabilizada. O resultado disso, bom, larguei a escola e tive que assumir as contas da casa, trabalhava como garçonete no lugar dela, até o dono dizer que não podia mais continuar comigo por que o meu visto tinha expirado, e ele não tinha funcionárias ilegais, depois disso, meu mundo desmoronou, eu precisava de um trabalho, precisava pagar as contas e o tratamento caríssimo da minha mãe, foi então, que naquela mesma noite, em que tinha sido mandada embora, passei em frente a um bar, com um letreiro charmoso, chique, tudo pra ser mais um desses pubs frequentados por celebridades, um anúncio colado na porta me chamou a atenção, "precisa-se de garotas bonitas" dizia, e eu, que nem por um momento sequer na minha vida ousei me considerar uma garota bonita, entrei, num ato de desespero. Enquanto eu andava por aqueles corredores, via homens em ternos caros, seduzidos por mulheres em vestidos caros, prontas pra dar o golpe no próximo milionário, tinha total repúdio por essas mulheres, é como se a vida inteira, elas tivessem sido preparadas para isso, fisgar um homem rico e conseguir tomar deles tudo o que eles tinham. -Boa noite mocinha, a senhorita está perdida por aqui?-Perguntou um homem alto, do tamanho de um armário, parado bem na minha frente. -Olha, não, me desculpa, eu vim pela vaga anunciada lá na frente, eu me chamo Rosa. -Bom, se é pela vaga de Stripper, vou te levar até o Andy,ele é o cara que cuida disso. Ele começou a andar na frente, com os passos bem largos, se apertando em meio a multidão que se aglomerava naquele lugar, depois de muito me espremer, consegui ver um homem, cercado de seguranças, sentado nos fundos, cheirando cocaína. -Andy, a princesa aqui tá te procurando.-Disse o cara. Comecei a perceber que talvez não tivesse sido uma idéia tão boa vir até aqui. -E eu te conheço de onde? por acaso trepei contigo ontem?-Perguntou o tal Andy, enquanto dava mais uma cheirada na carreira, debruçado sobre a mesa. -Eu me chamo Rosa, eu vi o anúncio na porta, e gostaria de saber se ainda estão precisando. -Ah, por que não disse antes? você veio pra vaga de Stripper? bom, se for isso, pode começar agora mesmo, faz um teste aí pra eu ver se tu é bem gostosa.-Ele disse, fungando o nariz. "o que você tá fazendo rosa?" pensei, é óbvio que ia acabar saindo desse lugar estrupada, ou até morta! eu precisava dar um jeito de sair daqui, mas quando olhei na direção das outras strippers, e vi todo aquele dinheiro que colocavam em suas calcinhas, um bando de velhos babões, ali, dando dinheiro de graça, eu precisava disso, e não ia ter uma opção melhor no meu atual estado. Tirei o blazer que eu vestia, e subi até um dos poles que estavam por ali, para minha sorte, eu tinha tido aulas de balé comunitárias quando era pequena, não que eu fosse uma super dançarina, mas, ia dar pra enganar, comecei a dançar, tímida, olhei para o lado e Andy parecia não estar gostando muito, mas eu não fazia idéia de como fazer isso, nunca fui uma stripper antes. -Não tô vendo o seu olhar sexy, vamos lá, eu sei que você tem potencial!-Gritou Andy. Tudo bem, era potencial que ele queria? eu ia dar a ele potencial! Comecei a rebolar em volta do pole, abrindo as pernas quase como se fossem elásticas, nem eu mesma sequer entendi como fiz aquilo, mas conseguia fazer de forma majestosa, o que logo chamou a atenção dos caras que estavam ali. -Okay, tudo bem, já entendi, você é muito boa! tá dentro.-Ele disse. Não sabia muito se tinha que ficar feliz por isso, mas pelo menos, não ia morrer de fome, ou pelo menos, era o que eu achava. Alguns meses depois, descobri que Andy ficava com a maior parte do nosso dinheiro, tudo o que tínhamos, eram as gorjetas que eram dadas de forma discreta, o problema é que, pra consegui-lás, tínhamos que aceitar conhecer melhor os clientes, e isso eu não aceitava de jeito nenhum, então, o que sobrava pra mim, m*l dava pra cobrir as despesas da casa, o tratamento da minha mãe ficava cada vez mais caro, conforme o câncer avançava, e estava cada vez mais difícil viver nessa situação, mas cá estava eu, a 1 ano trabalhando como stripper, lutando pra sobreviver nessa cidade de gigantes.
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