Arcanjo narrando Já tinham se passado uns dias. A poeira das tretas no morro tinha dado uma baixada, o clima ainda tava tenso, claro, mas nada que me impedisse de fazer o que eu mais queria naquele momento: voltar pra casa, tirar a camisa e procurar minha mulher pela casa feito um cachorro atrás da dona. Entrei, joguei as chaves no móvel da entrada, joguei a bag de dinheiro no sofá e, já fui gritando: — Alanaaa? Ô, meu amor? Cadê tu, mulher? Nenhuma resposta. O silêncio me deu a direção. Era silêncio demais vindo do quarto mais barulhento da casa: o do bebê. Fui andando até lá, encostei na porta e encontrei a cena mais bonita do meu dia: ela sentada no chão, cercada de roupinha, com a barriga redondinha aparecendo por baixo da camiseta, dobrando cada pecinha com tanto cuidado que pa

