O silêncio que se seguiu ao convite de Saphira era quase ensurdecedor, como se o próprio tempo hesitasse em avançar.
Liora olhava para a irmã — aquela mulher que conhecia só por fragmentos de memória, pela magia ancestral que parecia pulsar em suas veias como um chamado inevitável.
O salão do Colégio das Sombras estava em ruínas, iluminado por fagulhas que dançavam como vagalumes em meio à escuridão crescente.
Ela sentiu o peso da responsabilidade esmagar seu peito. Era mais que uma escolha — era um destino selado antes mesmo que elas nascessem.
— Se for para salvar o Véu, para salvar este mundo… eu irei com você. — Liora respondeu, com a voz firme, embora o medo lhe apertasse a garganta.
Saphira sorriu — não um sorriso de vitória, mas um gesto de esperança, raro e frágil.
— Então, juntas, seremos o que nunca fomos: uma só força.
No mesmo instante, uma energia pura irrompeu do Véu que circundava o colégio — uma névoa luminosa que se espalhou como dedos delicados, envolvendo as duas irmãs.
Selene, observando de longe, sentiu o corpo estremecer.
— Vocês vão mesmo fazer isso? — ela perguntou, sua voz carregada de apreensão.
Antes que pudessem responder, uma voz grave cortou o ar.
— Vocês não entendem o que estão prestes a ativar. — Meridius Thorne apareceu do nada, seus olhos reluziam em verde profundo. — O Véu é uma fonte de equilíbrio, sim. Mas também é um poder que pode corromper até a alma mais pura.
Liora encarou Meridius.
— Então explique. O que exatamente vamos enfrentar?
O arqueomago suspirou, olhando para as runas que flutuavam no ar.
— Vocês não são apenas irmãs — são fragmentos de um poder que mantém o multiverso em equilíbrio. O Ciclo Espectral foi criado para manter essa balança, mas ao se separar, o poder se enfraqueceu. Agora, as forças das trevas desejam usá-lo para romper todas as barreiras entre os mundos. Se isso acontecer, a destruição será inevitável.
Saphira ergueu a mão, convocando imagens etéreas que mostravam mundos colidindo, céus rachados, e uma tempestade eterna.
— Por isso vim — disse Saphira. — Para impedir que a escuridão consuma tudo. Mas não posso fazer isso sozinha.
Meridius se aproximou.
— Vocês terão que fazer um juramento. Um pacto com o Véu. Um compromisso para unir suas forças sem perder suas identidades.
Liora e Saphira trocaram um olhar longo, a história de suas vidas se condensando em segundos.
— Estamos prontas. — disseram em uníssono.
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No Salão da Lua, representantes da SHIELD, da Irmandade Mutante e da Ordem dos Lycans preparavam seus exércitos. A guerra estava além do colégio, além da compreensão humana.
O Conselho observava, sabendo que aquele juramento poderia ser a última esperança ou o estopim da catástrofe.
Zephyr Kael, que acompanhava tudo remotamente, sentiu seu coração acelerar.
— Que o Véu escolha seu destino.
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De volta ao colégio, Liora e Saphira foram guiadas até o centro do Véu, um círculo antigo esculpido em pedras que pulsavam com luz e sombra.
As duas irmãs ajoelharam-se lado a lado, colocando as mãos sobre as pedras.
Uma voz antiga, como o eco dos próprios mundos, ressoou no ar.
— Juram unir seus poderes para restaurar o equilíbrio do Véu? Juram proteger o ciclo e enfrentar a escuridão, mesmo que isso signifique sacrificar tudo?
Elas assentiram, e no instante em que suas mãos se tocaram, uma onda de energia percorreu seus corpos.
Luzes e sombras se entrelaçaram, criando uma aura de poder nunca antes vista.
Era o início da união.
Mas, no fundo de seus olhos, a dúvida ainda brilhava — poderiam realmente confiar uma na outra? E o que aconteceria se o Véu exigisse um preço maior do que estavam dispostas a pagar?
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Enquanto isso, longe dali, o Guardião Caído observava de longe, um sorriso sombrio se formando.
— O ciclo se reinicia. Mas quem será o verdadeiro mestre desse novo mundo? — murmurou.
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O destino das irmãs estava selado.
Mas a guerra estava longe de terminar.