Diana

923 Words
Desde pequena eu via meus pais totalmente fora de sí, não consigo me lembrar quando foi a última vez que me levaram pra sair, tomar sorvete ou quando eles se quer me chamaram de filha. Cada dia que passa fica mais complicado ficar dentro de casa, a podridão que emana deles está cada dia pior, as vezes eu tenho a impressão que eles já morreram faz tempo e que por algum motivo os corpos ainda se mexem e falam, meu pai quase todos os dias bate na minha mãe por qualquer motivo, e ela bate nele também, muitas vezes quem cuida dos ferimentos sou eu, eu não me importo de cuidar deles até porque foi graças a eles que eu nasci, mas é muito doloroso perder eles a cada dia que passa. Todos os dias eu monto na minha égua Mary e cavalgo por aí, de rancho em rancho procurando algo para comer, todos já me conhecem então muitas vezes me oferecem trabalhos pequenos e fáceis em troca de comida, nunca dinheiro, acredito que eles pensem que vou dar aos meus pais para as drogas e tudo bem, eles estão certos, é terrível vê-los em abstinência. Um dia quando estava indo em direção ao sítio do Senhor Luigi eu avistei um homem parado olhando pro nada, de longe ele parecia enorme e quando me aproximei deu pra ver que realmente ele era gigante, só pelas roupas dava pra ver que era um turista, e lindo. Um homem lindo demais, os olhos dele eram azuis escuros e a barba estava por fazer, não me lembro se em algum momento da minha vida eu gostei de algum garoto, na escola eu não costumava ser muito social mas quando eu começava a falar.. caramba eu falo muito. Não pude deixar de reparar na maneira estranha que ele estava me olhando, até desconfiei que tava com o rosto sujo de alguma. Depois de trocar algumas palavras com o estranho bonitão eu segui meu caminho, estava com fome e sabia que o senhor Luigi havia feito pão, eu amo pão, quando cheguei lá ele me recebeu com um sorriso no rosto como sempre, tava na cara que eles tinham pena de mim e tudo bem, ao menos eu teria oque comer por enquanto. Passei o dia o dia inteiro pensando naquele estranho, ele estava na propriedade do Senhor Yuri então deve ser conhecido dele. Ao final do dia quando terminei de limpar o jardim do senhor Luigi montei na Mary e fui matar minha curiosidade, quando cheguei Yuri me recebeu com um sorriso como sempre, Leon era a cara dele, meu amigo era muito gentil igual ao pai, realmente foi uma tragédia o acidente.. _ Boa noite Senhor Yuri, como está? _ Olá Diana, estou bem e você? _ Bem também.. _ Oque trás você aqui? Ele já sabia oque eu queria, não pude evitar de ficar vermelha, caramba eu estava mesmo atrás daquele homem que aparentava ter o dobro da minha idade.. _Bom.. eu.. _ É Michael. _ Que? _ O nome do homem que você viu hoje.. eu sei que é curiosa Diana, não precisa ter vergonha, está tudo bem. Então é esse o nome dele.. Michael, é um nome lindo como ele.. _ Obrigado senhor Yuri, desculpe o incômodo. _ Tudo bem, sabe que o que precisar pode me pedir não sabe ? _ Sei sim, boa noite. Cortei o assunto porque eu sabia bem que ele me perguntaria sobre a situação dos meus pais. Cavalguei o mais rápido que consegui, o nome dele rondava meus pensamentos de uma forma nada sutil, lembrei da maneira que ele me olhou.. acho que é culpa da puberdade, só pode! Mas pensando por esse lado.. um dia eu vou crescer e virar uma mulher, não vou ser uma pré-adolescente pra sempre e ele vai continuar sendo um homem então acho que não tem nada de errado em gostar dele não é mesmo? _ Onde você estava ? Fiquei tão aérea pensando naquele homem que nem reparei que estou parada na frente da porta de casa que nem uma louca. _ Estava trabalhando na cara do senhor Luigi.. _ Oque você trouxe? _ Um pouco de pão, foi oque ele me deu. _ Sobe! Foi a única coisa que minha mãe me disse. Não perguntou se eu estava bem nem se eu tinha me alimentado, tem sido assim nos últimos anos, é algo que já virou rotina. Subi para o meu quarto que certamente é o único lugar limpo da casa, tomei um banho no meu pequeno banheiro e vesti um conjunto de moletom que ainda serve em mim. _ Preciso de roupas.. Nada mais serve, está tudo pequeno, apesar de ser muito pequena e não ter crescido muito nos últimos anos chega uma hora que não dá mais, as roupas já estão extremamente surradas.. Enfim, deitei e tentei dormir mas tudo que me vem a cabeça é ele, até a voz dele eu consigo ouvir.. Ué, acho que tô ouvindo mesmo a voz dele! _ ...mas se voltarem a comprar drogas ao invés de alimentar a filha de vocês eu volto aqui e corto sua garganta. O que ?? Quem ele pensa que é pra ameaçar minha família? E ainda por cima se meter na minha vida? Isso não vai ficar assim! Amanhã mesmo eu vou ensinar uma lição pra esse turista! Após o ataque de raiva que tive acabei pegando no sono e adivinhem? Sonhei com ele, por que tão bonito? Deus é injusto de mais !
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