Capítulo três - Alice
Naquela noite, demorei um tempão pra dormir, tudo por culpa desse chato do Lorenzzo.
De manhã, tomo banho e me arrumo para o colégio. Visto minha calça Jeans, uma sapatilha, e a blusa da escola, que mandei personalizar e ficou bem bonita em mim. Amarrei meus cabelos em um coque frouxo e desci com meu material para tomar café.
— Bom dia — Saldo Lorenzzo.
— Bom dia — diz secamente e coloca o café na sua xícara. Sento-me na cadeira a sua frente, e sorrio ao ver que ele não olha pra mim, apenas para seu alimento. Bobinho lindo!
Ou não, ou talvez ele só esteja mantando o controle mesmo. Se for isso, estou ferrada, mas eu adoro esta ferrando quando o assunto é Lorenzzo.
— Poderia me levar para a escola? — pergunto mordendo um pão. Ele suspira e me olha agora. Ah, como amo aqueles olhos cinzentos dele.
— Claro — diz secamente.
Tomamos café e eu subo pra escovar mais uma vez meus dentes. Sigo para a BMW dele que estava na frente do apartamento. Entro no banco da frente, e logo ele entra também se arrumando e ligando o carro.
Estudo na melhor escola do Rio de Janeiro, amo meus amigos e professores. Na frente do colégio, pego minha bolsa atrás do carro, e novamente faço questão de me empinar pra trás, sinto a respiração de Enzo pesada, e sorrio, mas logo coloco uma cara séria no rosto.
— Obrigada, e, você poderá vir me pegar? — pergunto querendo que ele diga sim.
— Não — diz e eu reviro os olhos.
— Então tá — tranco a porta e sigo para a entrada do colégio. De longe vejo o carro de Madson estacionando. Os pais de Madson deixam ela andar de carro, ela tem um UP branco lindo.
Em minha casa tem vários carros, isso não me falta, agora o problema é Rodolfo, que não deixa eu andar.
— Piruaa! — Medson corre e me abraça — Saudades.
—Não faz nem dois dias que não nos vemos — digo rindo e seguimos abraçadas para o colégio.
—Mesmo assim, estou com saudades. — diz — Queria que ficasse em minha casa, a gente ia aprontar tanto — ela sorri de lado.
— Ah, com certeza a gente iria — digo e seguimos para o quadro onde estavam as notes. Eu já tinha visto as minhas e eu já estava passada, só viria para o colégio para ter presença.
— Pega, passei!! — diz pulando —Eu pensei que eu ficaria em biologia.
—Você estudou e conseguiu amiga, parabéns. Agora é nós na faculdade de administração! — comemoro.
—Sim... Sim!!! — ela grita —Devemos comemorar isso! Com uma festa , bebida , amigos!
— Perfeito — digo e a abraço.
— É o gostosão lá? —ela pergunta.
— Ele sacou meu jogo já, e me falou umas coisas — eu contei tudo como aconteceu, e o que Lorenzzo me falou ontem.
— Oh! Eu não acredito nisso! — ela diz rindo — Merda, Alice, você dá muito na cara também. Eu lembro que na sua casa quando ele ia lá, você faltava esfregar a b***a na cara dele.
—Não exagera né Madson, eu não faria isso, até por que Rodolfo sempre estava presente e ele poderia desconfiar.
— Merda, e se ele contar para seu irmão? — ela pergunta notavelmente nervosa.
— Relaxa, Rodolfo iria acreditar em mim claro — digo sorrindo.
—O que te faz pensar assim, Alice? — Madson pergunta sentando em sua carteira. — Seu irmão sabe que você não é flor que se cheire, é claro que se Lorenzzo chegar a contar algo pra ele , Rodolfo ficará com uma pulga atrás da orelha. Tome cuidado.
— Não se preocupe Madson, eu sou a irmã de Rodolfo, ele me ama e é lógico que ele irá acreditar em mim, que sou irmã dele. Mas, Enzo não chegará a falar nada, tenho certeza...
— Ta, só tome cuidado — ela diz.
— Eu estou tomando — digo sorrindo de lado — Ah, estou ansiosa que as aulas acabem e chegue logo as aulas na faculdade.
Começamos a conversar sobre outras coisas. Hoje nem teve aula, apenas os professores falando sobre como é a faculdade , como devemos nos esforçar para aprender e sermos bons profissionais e blá blá blá.
— Me dá uma carona? — peço.
—O gostosão não irá vir te pegar? — ela Pergunta.
— Não, ele disse que não iria — digo com raiva — Esse cara é um chato, mas um chato lindo pra caramba. — rimos e entrei dentro do carro de Madson. Ah, que Rodolfo nunca saiba disso. Ele gosta de Madson, não tem nada contra ela, já até escutei ele chamando ela de gostosa, mas ele não confia nela e diz que ela é irresponsável.
(....)
—Quer entrar ? — pergunto pra ela.
—Não, amiga, tenho que ir, ainda vou levar Bob no veterinário, ele está doente. — ela diz. Bob era um lindo cachorrinho que ela ganhou.
—Ta amiga, melhores pra meu Sobrinho — rimos. Ela dizia que ela era a mãe e eu dizia que eu era a tia de Bob.
Entro na casa, e vou para meu quarto tomar banho e coloquei uma roupa leve. Eu estava morrendo de fome, e senti um cheiro de comida na cozinha, desci e encontrei Dorana lá.
— Hm, esse cheiro esta me deixando faminta — digo me sentando na bancada.
— Estou fazendo estrogonofe — diz sorrindo.
— Adorooooooo! — digo e rimos. Logo que ela terminou, eu me servi e fiquei comendo a deliciosa comida. — Caramba Dorana, isso aqui tá muito gostoso — digo babando na comida.
— Obrigada — ela sorri.
— Lorenzzo nunca vem almoçar? — pergunto.
— Não, pelo contrário, ele sempre almoça aqui, não sei por que nem ontem e nem hoje ele não veio. — ela diz limpando o fogão.
— Hm — digo pensativa. Será que ele está me evitando? Mas, pera aí, se ele estiver mesmo me evitando, é por que alguma coisa eu causo nele.
Sorrio com esse meu pensamento louco!
— Como seu irmão viajou, a responsabilidade na empresa pra ele dobrou, então acho que ele preferi almoçar por lá mesmo. — Dorana fala.
É, Talvez seja isso mesmo - penso triste
— Pode ser — digo terminando de comer e indo lavar meu prato.
—Deixa que eu lavo — Dorana diz se aproximando.
—Que? Claro que não Dorana! Eu posso lavar, tenho duas mãos — digo e coloco o prato na pia, pegando o sabão e colocando na bichinha. — Não é só por que você trabalha aqui, que deve fazer tudo. Tenho dezessete anos já, posso fazer as coisas também — digo.
—Tudo bem então — ela diz e volta para limpar o fogão.
—Você trabalha aqui a muito tempo? — pergunto guardando a louça que usei.
— Trabalho. Eu trabalhava na casa da mãe de Lorenzzo, aí quando ele se mudou, me trouxe junto. Mas, eu tenho a minha casa e minha família.
— A mãe de Lorenzzo mora no Rio? — pergunto querendo saber mais.
— Sim... — ela diz limpando o balcão — O pai dele morreu em um acidente de avião — ela diz — Lorenzzo sofreu muito. Ele era muito apegado com o pai, o coitadinho ficou com trauma e desde esse dia ele não é o mesmo.
— Que pena — digo triste — Eu sei o que é perder alguém que amamos muito.
— Sua mãe não é? — pergunta e concordo — Rodolfo me disse, eu sinto muito pequena — ela diz e beija minha testa.
— Já passou — digo dando um sorriso fraco pra ela. — Eu vou pro quarto.
— Certo. Só avisando que hoje eu irei embora mais cedo, tenho algumas coisas para resolver.
— Tudo bem Dora... Posso te chamar só de Dora não é?
— Pode sim, pequena. Lorenzo só me chama assim.
— Tudo bem — digo saindo dali e indo para meu quarto. Me jogo na cama e meu celular começa a tocar.
ligação de Rodolfo
— Oi maninho — digo e sorrio — Por que não me ligou antes? Eu fiquei preocupada sabia? — de fato eu fiquei.
— Sem drama, Alice — Ele diz e eu já sinto saudades dele. — Você esta bem? Lorenzzo está te tratando bem?
— Sim, está me tratando normal. — digo — Mas , ele é um chato sabia?
Escuto a risada forte de Rodolfo.
—Sim, ele é bem chato e m*l morado, porém é meu melhor amigo e confio nele. Lorenzo é responsável
— Sei.. — digo irritada por Rodolfo está rindo da minha cara.
— Está se comportando? — ele pergunta.
— Como um anjo! — digo rindo.
— Por que será que eu não acredito? — Rodolfo Diz.
—Você deveria confiar mais na sua irmã, sabia? — digo com graça. — Ah, só pra te avisar, eu passei de ano.
—Eu sabia que iria. Estou orgulhoso de você — ele diz, e eu fico tão feliz quando Rodolfo fica orgulhoso de mim. Ele além de irmão, faz o papel de um pai pra mim. — Daqui a pouco se formará em administração, e trabalhará na minha empresa e na de Lorenzzo.
Relembrando que Lorenzzo e meu irmão eram sócios.
— Sim, estou ansiosa por esse dia. — digo.
—Eu te amo, Alice, tenho que desligar. Se não for pedir muito , se comporte durante esse uma mês, e te darei um presente. — ele diz.
— Ahh, me fala qual? — peço curiosa.
— Não! Beijos — ele diz.
— Chato! — digo — Te amo também, tchau.
Ligação encerrada.
Dora foi embora e eu fiquei sozinha na casa. Tirei uma soneca e logo acordei. Vesti uma roupa de academia, e subi para o espaço onde ela fica. Eu amo malhar, e já faz um tempinho que não o faço.
— Acho que você vou malhar b***a — digo alto. Primeiro dou uma corridinha na estarei, depois eu pego o pezinho, fazendo agachamento. Fiquei uns vinte minutos no agachamento, três de doze, e quando terminei, larguei o pezinho no chão e olhei no espelho, levando um susto na mesma hora. — Ahhhhhh! — grito olhando um homem do lado de fora me observando. Corro para a porta de vidro da academia e a tranco. O cara percebe meu medo e se aproxima da porta, meio nervoso. — Quem é você? Saia daqui, eu vou ligar pra polícia.
—Não, ei, calma — ele diz. — Sou Geronzo, irmão de Lorenzzo... Quem é você? — ele pergunta. Fico o-encarando e percebo que ele tem os traços de Lorenzzo.
Pera aí, Lorenzzo tem Irmão?
Abro a porta e saiu — Irmão? — pergunto e o vejo sorrir. De fato era irmão, o sorriso era parecido, apesar de Lorenzo não sorri quase.
— Sim, somos irmãos... Quem é você? — pergunta me encarando desconfiado.
— Sou irmã de Rodolfo. Conhece?
— Ah, sim, conheço... Sócio com meu irmão.
— É, e como você entrou? — pergunto.
— Tenho uma cópia da chave — ele diz levantando a chave que estava em seu dedo.
— Você me assustou — digo irritada e saindo dali. O tal Geronzo vem atrás de mim. Ele parecia ser da mesma idade que Lorenzzo. — Se você já viu que ele não está Aqui...
— Está me expulsando? — ele pergunta chegando na sala e se jogando no sofá.
— Não, eu não falei isso. — digo me jogando no outro sofá. Não pode deixar de perceber os olhos dele quase me comendo, e isso me dava medo.
Sim, eu sou desse jeito toda doidinha, mas me preservo. Eu deixo só Lorenzzo me olhar assim, e não qualquer homem.
— Rodolfo fala muito de você. A Capetinha loira — ele diz e eu caio na gargalhada.
— Ah, esse meu irmão sempre me queimando — digo e Geronzo sorri também.
— Eu sou médico — diz.
—Não quis entrar para o mundo dos CEO's ?
—Não, não é comigo isso. Sou obstetra — diz e eu sorrio.
— Uma linda profissão — digo.
—Você tem quantos anos?
—Dezessete — digo e ele me olha espantado, mas não fala nada.
—O que faz aqui mesmo — perguntou sorrindo sem graça.
—Ficarei um mês aqui, meu irmão foi para a França à negócios e me deixou aqui.
—Ah, e meu irmão é chato né? — ele pergunta.
—Nossa, muito chato... Todo caladão...
—Um tédio deve ser ficar aqui — diz e eu sorrio.
— Nem tanto — digo me lembrando de Lorenzzo, o quanto ele é gostoso e eu vou ficar um mês olhando para aquela belezura.
—Eu acho que vou voltar outra hora. Acabei de sair do hospital, vou pra casa — diz levando — E me desculpe se eu lhe assustei.
— Esta desculpado — digo andando e caminho até a porta. Abro pra ele.
— Caramba, Lorenzzo não me disse que a irmã de Rodolfo era gata — diz e eu fico vermelha. Pera aí? Então Lorenzzo falou de mim? Ah, talvez não... Acho que ele me odeia isso sim.
— Valeu — digo.
-Pera aí, se quiser dar uma volta qualquer dia desses...
— Eu arrumo seu número e te ligo — digo dando uma piscada pra ele. O tal Geronzo se vai, e eu consigo respirar. Ele é tão cara de p*u assim?
Ah, então eu acho que é isso que Lorenzzo pensa de mim. Talvez eu seja cara de p*u de mais, mas , nem ligo, adoro ser cara de p*u, ainda mais com Enzo.
Geronzo é um gato, isso não posso negar, e parece ser bem legal e mais descontraído, diferente de Lorenzzo. Ah, por que Lorenzzo não é fácil como o irmão?
Voltei pra a academia e comecei a malhar de novo, finalizando com a corda. Quando terminei, apenas fiquei relaxando e descansando olhando para o chão e respirando fundo.
Depois tomei água e segui para cozinha, onde peguei uma fruta. Escutei barulho na sala e fui até lá. Vejo Lorenzzo, e tinha uma mulher ao seu lado, uma ruiva. Me aproximo e vejo Lorenzzo mirando meu corpo, mas sua cara não é muito boa.
— Oi, povo — digo me aproximando, e a mulher me encara com uma cara nada boa. Ela tinha cara de ter uns vinte e sete anos, por aí.
— Alice, essa é...
— Sou Carolina Copper, namorada de Lorenzzo — diz toda ridícula, e se achando, mas essa pirua não sabe com quem está li dando. Vejo Lorenzzo incomodado com algo.
— Sou Alice Gonzáles — digo com um ar superior.
— E você é o que dele? — ela pergunta.
— Sou apenas uma pobre moça que ficará hospedada aqui durante um mês. - digo com deboche. — E Lorenzzo, seu irmão veio aqui — digo.
— Geronzo? — pergunta.
— Esse mesmo, tem outro? — pergunto e Enzo me olha feio — Deixe-me ir, e boa noite para os bondinhos — digo dando um sorriso falso, porém quando viro de costas, dou a língua e reviro os olhos.
Caminho para o quarto e tiro a roupa com força! Que merda!! Ele tem namorada? Que bosta! Deve ser por isso que ele é todo tapado assim, também, com uma namorada linda daquela. É, tenho que confessar que a tal de Carolina é muito bonita. Merda! Se ele tem namorada meu plano foi todo por água a baixo.
Argh! Como eu estava com raiva daquela pirua ruiva, se ela tivesse me tratado normal, eu não ficaria com tanta raiva, agora a pirua não passa de uma metida.
Tomo um banho , e coloco uma shortinho curto e uma blusa coladinha. Desci as escadas e a pirua não estava mais lá, graças a Deus. Lorenzzo estava esquentando estrogonofe, e eu me sento na bancada o observando, e me deu foi fome, fome de Lorenzzo.
— Ela não é minha namorada, ok? — ele diz. Eu não sei por que ele está me dando satisfação, porém amei saber.
— E por que você deixou ela mentir? — pergunto.
— Por que seria falta de educação corta-la.
— E por que ela falou aquilo? — outra pergunta.
— Não sei — diz tirando o estrogonofe.
— Vocês estão ficando e ela deve está confundindo as coisas — digo olhando para aquela b***a dele.
— Pode ser — ele diz colocando um prato pra mim, e outro pra ele. Nos servimos. — O que Geronzo queria?
—Não sei, acho que falar com você — digo.
—Ele falou alguma coisa pra você? — pergunta.
—Não, só me chamou pra sair — digo e ele arregala os olhos — O que foi?
—E você aceitou? — pergunta. — Por que se tiver aceitado sabe que não deixarei você ir. Seu irmão me deu ordens...
— Estou pensando se aceito — digo o provocando.
— Sabe que não irá — ele diz com deboche.
— Está falante hoje — digo e ele me olha de canto de olho, e não fala mais nada. Depois que terminamos o jantar, eu me levanto e levo a louça para levar.
— Dora leva amanhã — ele diz, e eu não o escuto, e acabo lavando.
— Lavar uma louça não irá cair minha mão — digo aguardando tudo e deixando o pano se prato encima do fogão.
— Vá dormir, está tarde — ele diz olhando algo em seu celular.
— Agora? Tá tão cedo ainda. — Vamos lá Alice, tome coragem. Me aproximo mais dele — Você já vai dormir? — pergunto chegando mais perto, e meu corpo fica quase colado no seu. Meus olhos descem por seu corpo, e minha mão danada toca seu peito, e o sinto arfar. Meus dedos tocam seu peito forte, e vai baixando até chegar no cós de sua cueca, que estava acima de sua calça. Sinto seus dedos fortes segurando minha mão , e a outra meu braço.
— Para! — ele diz — Não quero te machucar Alice.... — diz com sua voz grossa. — Quero que pare com isso agora. Não quero ser bruto com você. Sou homem, tenho trinta anos, e você é uma criança ainda... Se coloque em seu lugar, ok? Eu gosto de mulheres, e não de adolescentes ou jovenzinhas como você.
— Pois saiba que eu sou bem melhor que qualquer mulher por ai. — digo não me sentindo nada ofendida com suas palavras, na verdade, eu adorei ouvir isso dele. Ah Lorenzzo, você vai ver quem é a adolescente aqui!!
— Não enche, Alice, vai procurar alguém da sua idade. — diz soltando meu braço e saindo dali. Mordo os lábios olhando para aquela b***a linda. Apenas sorrio. Ah Lorenzzo , Você me pega. Agora está mais fácil as coisas, ele sabe meu interesse por ele, e agora não preciso esconder, apenas provocar!
Provocar, adoro essa palavra!!! — penso.
*****
Ihhh, as coisas estão esquentandoooo! Será que Lorenzzo irá resistir ?