Capítulo 01 – A vida de uma serva.

2289 Words
Quando os paramédicos finalmente chegaram ao hospital, imediatamente levaram o lobisomem para a sala de emergência. A essa altura, o homem já estava totalmente consciente e quando o médico foi vê-lo, fez os exames necessários, percebendo que ele estava apenas ferido, e felizmente, graças ao seu corpo alfa forte, ele não teve uma única fratura. ― Quem te deu esses primeiros socorros? ― o médico pergunta para o lobisomem deitado na cama. Imediatamente, vagas lembranças de uma bela mulher de cabelos dourados aparecem na mente do alfa, e logo ele se lembra de que na sociedade em que vivia, os únicos que tinham cabelos loiros eram os elfos, já que os lobisomens eram caracterizados por terem cabelos castanhos escuros, que nunca iam além daqueles tons que não mudavam, porque os tons loiros e vermelhos eram exclusivamente para aqueles fracos "orelhas grandes" que consideravam como classe rebaixada. ― Acho que uma elfa me ajudou, mas não tenho certeza... só me lembro de ver o rosto dela e o cabelo loiro. E os únicos que têm cabelos dessa cor são os dessa espécie ― murmura o lobisomem ao levar a mão à cabeça, tentando descobrir se isso não era coisa da sua imaginação. ― Eu imaginei, as suas feridas estavam cobertas com uma pomada feita de ervas conhecidas apenas pelos elfos, caso contrário, você não estaria vivo, Sr. Wolfgang. Essa elfa que o ajudou o impediu de sangrar até a m*rte. Sinta-se grato, porque a vida te deu uma segunda chance ― confessa o médico, que sabia que aquele homem era um dos alfas mais ricos da cidade. O seu nome era Axel Wolfgang, ele vinha de uma família poderosa que possuía o segundo maior banco do país chamado: WolfBank. Todos o conheciam como o filho mais velho dos Wolfgangs e, embora tivesse vinte e oito anos, ainda não havia se casado, ele era conhecido na esfera social como um clássico mulherengo destruidor de corações. Desta forma, quando Axel soube que ele ainda estava vivo graças a uma mulher elfa, ele teve sentimentos contraditórios, porque só de imaginar, era muito irônico, já que os elfos não eram do seu agrado há muitos anos, e que precisamente uma mulher daquela espécie o salvara, parecia-lhe que os deuses haviam conspirado contra si para lhe ensinar uma lição. ― Entendo, não posso agradecer pelo que fez, porque não sei quem ela é ― responde Axel e em seguida o médico diz: ― O que importa? Não é necessário agradecer pelo que ela fez se conseguir vê-la. Eu estava apenas lhe contando sobre a situação, como você não está gravemente ferido, pode sair quando quiser, Sr. Wolfgang ― diz o médico muito decentemente e em seguida Axel assente. ― Está bem. Aliás, doutor. Preciso de um telefone, o meu celular foi destruído no acidente, e preciso fazer uma ligação para que saibam onde estou e possam vir me buscar. Quando o alfa diz essas palavras, o médico rapidamente entrega a Axel o seu próprio celular para ele ligar para quem quiser, é quando o alfa liga para o seu servo principal, que era um lobo beta chamado Jasper. No momento em que Jasper atende a ligação, Axel explica tudo o que aconteceu, omitindo a parte que um elfo salvou a sua vida, pois achou o assunto muito humilhante, além de saber que jamais voltaria a ver aquela mulher em sua vida, então não era necessário nomeá-la como a sua salvadora. No entanto, o que ele não sabia era que o destino havia preparado para ele algo que ele não esperava. Uma semana depois... Meridia estava trabalhando, limpando o tapete principal da sala de estar no pátio da mansão onde trabalhava. O lugar era enorme e só ela era encarregada de fazer absolutamente tudo, desde limpar, passar e cozinhar, principalmente porque a patroa não queria pagar a mais ninguém, e também recebia o salário de cozinheira que, embora não fosse muito, ajudava nas economias, pois a jovem elfa havia planejado se mudar para outro lugar não tão distante da cidade, onde tivesse eletricidade, para que ela e sua mãe pudessem viver de forma mais digna. Naquele momento, ela estava batendo no tapete com um pedaço de madeira para tirar toda a poeira, enquanto o sol forte do meio-dia dificultava o seu trabalho, contudo, ela ignorava aquela adversidade em seu trabalho e depois de cerca de uma hora, deixou o tapete igual a um novo. Com muito cuidado, ela carregou aquele objeto pesado de volta para a casa, voltando os móveis e demais objetos para os seus devidos lugares. E observando com o canto dos olhos, ela percebe que a sua chefe a espiava. Meridia fingiu não a ver enquanto arrumava tudo na sala, até que a mulher se aproximou dela. A sua chefe era uma mulher lobisomem alfa, imponente, com cabelos pretos e uma bela fisionomia assim como todos de sua espécie, que se caracterizavam por ter um corpo curvilíneo e voluptuoso por natureza. O nome da alfa era Sabrina, e ela estava na casa dos trinta anos. Normalmente, ela ficava em casa enquanto o marido ia trabalhar, mas como era fim de semana, os dois estavam em casa no momento. A patroa de Meridia, Sabrina, observava a sua empregada elfa, pois naquele momento ela se encontrava com o rosto avermelhado banhado em suor, e com suas velhas roupas sujas do pó do tapete que ela havia limpado. Com a cara séria, Sabrina cruzou os braços olhando-a com atenção, pois sabia que o marido gostava daquela jovem elfa loira, porque, aparentemente, o seu marido, chamado Kurt, tinha algum tipo de fetiche por aquelas mulheres fracas sem corpo e orelhas grandes. Mas, embora soubesse do "gosto" do marido em relação a empregada, ela não a demitia, porque Sabrina já tinha um jeito de fazê-la pagar pela audácia de "entrar nos olhos do marido", e o melhor de tudo, era que ela se divertia no processo e a elfa não podia reclamar, porque ela precisava do trabalho mais que qualquer outra coisa. ― Meridia ― Sabrina imediatamente a chama, fazendo a elfa estremecer. ― Sim, senhora? ― diz a jovem, parando o que estava fazendo e deslizando o seu olhar para o chão, enquanto segurava as mãos. ― Olha que horas são, estou morrendo de fome! Quando você planeja fazer o almoço? ― Sabrina exclama, vendo como isso faz a jovem tremer. ― Desculpe, minha senhora, vou imediatamente preparar o almoço! ― a jovem exclamou de volta, pretendendo ir correndo para a cozinha, mas Sabrina a impede, dizendo: ― Espere um segundo, ajoelhe-se e tire essa camisa horrível ― a mulher ordena com um sorriso maligno. Meridia imediatamente olha para cima, com uma expressão de medo no rosto, para observar a mulher, e embora que ela quisesse dizer algo, engoliu as palavras e, sem mais delongas, se ajoelhou, enquanto tirava a camisa branca. Quando ficou apenas de sutiã, virou-se de costas para a mulher, que viu como a pele pálida das costas da menina estava cheia de hematomas que iam desde tons de violeta à verde, que ela mesma havia produzido e, quando a jovem está pronta, Sabrina, que já estava preparada para o que faria em seguida, tirou um pequeno bastão de madeira com vinte centímetros de altura, que havia escondido no bolso da saia. Com um sorriso maligno, a alfa não demorou muito para começar a bater nas costas da jovem, que cobriu a boca com as mãos para amenizar o choro e a dor que sentia a cada golpe, pois sabia que se chorasse ou emitisse qualquer som só pioraria as coisas. Um, dois, três, quatro e cinco golpes que Sabrina deu nas costas da pobre elfa, que como pôde, procurou a sua camisa e, tremendo, colocou-a em cima de si, sentindo que a qualquer momento ia desmaiar, mas ela se encheu de forças para não fazer isso no momento em que se levantou, cambaleando um pouco. ― Agora vá preparar o almoço, e se você se atrasar de novo, será pior para você, entendeu, elfa imunda? ― Sim, senhora... não vou me atrasar de novo, me desculpe ― diz Meridia em sussurros com a voz quebrada pelas lágrimas que ela juntou em sua garganta, indo mais lentamente em direção à cozinha. Quando chega lá, Meridia começa a preparar o almoço que consistia em um refogado de carne com legumes. Enquanto cortava os legumes e outros afins, chorava silenciosamente, enxugando as lágrimas com o braço, pois o seu corpo doía muito, e começava a temer que em algum momento aquela mulher fosse m*tá-la, e a única coisa em que a jovem pensou foi em sua mãe. Como ela ficaria sem? Ela também iria m*rrer, tinha certeza disso, por isso, só de pensar nesse futuro, Meridia achava que o melhor a se fazer era pedir demissão e procurar outro emprego onde não batessem tanto nela. Mas para onde vou? Dona Sabrina me paga bem... se eu for embora, não poderei me mudar daquele bairro e não poderei comprar os remédios da minha mãe, devo ser forte... não irei m*rrer, suportarei até que eu tenha dinheiro o suficiente. ― Pensa a garota, enquanto fungava o nariz e engolia em seco. Horas depois... Meridia estava limpando a poeira do salão de baile da mansão, quando o seu chefe, Kurt, apareceu. O homem a perseguiu por alguns minutos, aproveitando o fato de que a sua esposa estava falando ao telefone com alguns amigos. Kurt era um alfa do anel de rubi, que tinha um cargo importante no congresso da nação, no qual sentia que tinha poder sobre tudo, inclusive, sobre aquela pequena elfa que o encantava. Uma das coisas que o enfeitiçava nas elfas, era a sua pele pálida, os rostos e os corpos delicados, que os lobos não tinham, porque eram maiores e mais selvagens, ao contrário dos elfos, que pareciam tão delicados quanto uma flor. Um de seus sonhos sempre foi casar com uma elfa, mas isso não era bem visto, embora que muitos o fizessem e tivessem filhos mestiços, na sociedade alfa isso era considerado nojento, principalmente porque a mistura entre lobos e elfos resultava em mestiços beta que não eram bem vistos naquela sociedade classista e racista em que viviam. No entanto, Kurt sempre teve curiosidade de ter uma elfa entre suas pernas, principalmente Meridia, que era exatamente do jeito que ele gostava: loira de olhos azul-esverdeados e longos cabelos finos e ondulados. Assim, enquanto a jovem estava concentrada em limpar a poeira de uma pintura, o alfa se aproximou dela, cheirando o seu aroma natural de elfo, que o arrebatou, porque, mesmo suando, sempre cheiravam bem. No entanto, quando Meridia sentiu o seu chefe a cheirar dessa forma, ela se assustou, afastando-se enquanto encolhia os ombros. ― Oi... ― Kurt a cumprimenta, olhando-a de cima a baixo. ― Olá, Sr. Kurt... E-eu tenho que ir, com licença. Meridia tenta sair, mas o homem a segura pelos braços e diz: ― Espere, por que você está saindo? Vejo que você ainda não terminou, você tem que limpar aqui ― disse ele, apontando para o piano ao seu lado. A jovem elfa olha para ele com o canto dos olhos, e lentamente começa a limpar o piano, sob o olhar penetrante daquele homem que sempre a assediava quando tinha oportunidade. ― O seu cabelo é muito comprido... fica bem em você. Imagino que, se você tivesse um cabelo bem cuidado, ficaria linda, Meridia ― diz o homem sentado à sua frente, enquanto a observava. Meridia prefere ficar em silêncio, limpando o piano o mais rápido que pode e, no momento em que termina, sai correndo do grande salão, e acaba se deparando com a sua chefe, que naquele exato momento estava parada na entrada. Sabrina, ao assistir a cena do marido no mesmo ambiente que a elfa, franze os lábios com tanto aborrecimento, que levanta a mão, dando um tapa na moça e diz: ― O que você estava fazendo sozinha com o meu marido, estúpida! ― Sabrina, calma. Ela não fez nada... como sempre você exagerando ― diz o homem, levantando-se de onde estava como se nada tivesse acontecido, enquanto Meridia, em completo silêncio, tocava a sua bochecha machucada, mantendo o olhar no chão. ― Como você ousa mandar eu me acalmar?! Eu conheço você, você é um baboso. Não, fique longe de mim! Nem pense que vai me convencer ― exclama Sabrina instantaneamente, enquanto o seu marido a agarra pela cintura para começar a beijar as suas bochechas e pescoço. Ela começa a rir e observa pelos cantos dos olhos que Meridia continuava no mesmo lugar onde ela a deixou, ainda cobrindo a bochecha machucada. ― Você não tem nada para fazer? Fora! ― Sabrina grita, e imediatamente Meridia sai do grande salão, enquanto Kurt começa a beijar a sua esposa, no entanto, o olhar do alfa estava virado na elfa, observando-a sair. Algum dia eu a farei minha. ― Kurt pensa enquanto beija Sabrina com uma falsa paixão. A jovem elfa mais uma vez enxuga os olhos aquebrantados com as costas da mão, quando escuta a campainha tocar. Ela se prepara para abrir a porta o mais rápido que pode, e quando o faz, arregala os olhos o máximo que consegue, porque uma das pessoas que estavam do outro lado ela reconhecia. É o alfa que eu ajudei na semana passada... o que ele está fazendo aqui? ― Meridia pensa, olhando com uma expressão de surpresa para o homem alto acompanhado por mais três, que imediatamente faz contato visual com ela, e ao fazê-lo o rosto da elfa lhe parece familiar. Esta elfa... acho que já a vi em algum lugar. ― Pensa Axel, observando atentamente a loira de orelhas compridas.
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