capítulo 11. nada assutado

548 Words
Entramos no pátio do prédio. O ar ali parece diferente… mais leve, mais vivo. Árvores altas cercam boa parte da construção, e o gramado se estende até onde consigo ver, macio e bem cuidado. Alguns estudantes passam por nós, conversando, rindo, caminhando apressados para algum lugar. Sinto uma pontada de ansiedade. Um novo começo. Um novo mundo. — Bem… acho que você vai fazer novos amigos Diego diz, com um sorriso tímido, as mãos nos bolsos. — Só não se esqueça da gente. Dou uma risada curta. — Nunca. Se eu esquecer, a Luna me mata respondo, imaginando a amiga colocando as mãos na cintura e me encarando com aquele olhar típico dela. Diego ri também, mas seus olhos têm algo… uma pontinha de preocupação. — Bem, acho que devo ir para a mansão. Mais tarde eu venho falar com o reitor digo, começando a me afastar. — Vamos. Eu posso te acompanhar até lá ele oferece, vindo ao meu lado enquanto caminhamos de volta para o carro. O silêncio entre nós é confortável, mas sinto as sombras da cidade nos observando. O vento passa por mim como se estivesse tentando dizer alguma coisa. No meio do caminho, Diego para e suspira. — Bem… meu pai precisa de mim. Desculpa, Ravena. Preciso ir ele diz enquanto pega minha mala no porta-malas e deposita no chão com cuidado. Sinto uma pequena decepção, mas tento esconder. — Tudo bem. Obrigada, Diego. E… cuida da Luna pra mim. Ele sorri, um sorriso quente e sincero. Se aproxima. E antes que eu perceba, ele inclina o rosto e encosta os lábios na minha testa, num gesto suave, protetor… quase íntimo. Meu coração dispara. — Bem-vinda ao Vale das Sombras, Ravena ele sussurra. E então ele entra no carro e vai embora. Fico ali por um instante, sozinha. Apenas eu, minha mala… e a estranha sensação de que algo me observa. Respiro fundo e começo a caminhar em direção à grande mansão. Quando chego aos portões, percebo que estão abertos. Não escancarados… apenas o suficiente para que eu entre, como se alguém estivesse me esperando. Ou como se soubesse que eu viria. Engulo seco, mas passo por eles. O vento muda imediatamente, ficando mais frio, mais denso. Olho ao redor: uma grande parte da floresta invade a propriedade, como se as árvores estivessem tentando abraçar ou engolir a mansão. A sensação é estranha… quase viva. Há um jardim também, com árvores menores e um pequeno parquinho infantil, com balanços antigos, enferrujados, rangendo por causa do vento. Eles se movem sozinhos, devagar, rangendo como se uma criança invisível estivesse brincando ali. A vibe é de um filme de terror. Daqueles em que a gente sabe que a protagonista devia correr… mas não corre. A mansão em si é imensa. Imponente. Escura. As janelas são grandes e altas, algumas iluminadas por uma luz fraca, outras completamente negras. Sinto o estômago apertar enquanto caminho novamente. Quando finalmente chego às portas principais, respiro fundo. São enormes. Pesadas. De madeira escura, com entalhes que parecem ter séculos. No centro de cada porta, há a cabeça de um leão um de cada lado segurando argolas metálicas nas bocas. Os olhos dos leões parecem me seguir. — Legal… combina com a vibe de mistério murmuro. — E isso é assustador.
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