Capítulo 5: No Limiar da Lei

1080 Words
(POV CAUÃ) No topo do Morro da Jaguatira, a casa de Cauã "O Chacal" era um protesto mudo contra a realidade ao seu redor. Enquanto a favela se espalhava em um caos de telhas de amianto e paredes de tijolo irregular, sua fortaleza erguia-se com concreto, vidros fumês e linhas retas. Um contraste tão brutal quanto a vida que ele levava. De pé na sala ampla, diante da janela panorâmica, ele encarava aquele reino de vielas e luta. Suas calças estavam arriadas, e os quadris moviam-se em um ritmo lento e controlado contra a mulher ajoelhada atrás dele. Seus dedos, cravados na nuca dela, a mantinham no lugar, guiando-a com a mesma autoridade com que governava cada centímetro daquele morro. Ela chupava o p*u dele com vontade, Ele podia ouvir o estalo da boca dela, o som forte e aberto de sucção, um sinal de que ela estava indo fundo demais, de propósito. Era um desafio disfarçado de submissão, os olhos cravados nele , e com uma mão ela se tocava totalmente entregue ao ato. Não havia carícia no toque. Era posse. Era poder. Quando a tensão culminou em um gemido abafado e um espasmo, ele se soltou com um suspiro rouco, ele percebeu que ela se desfez também de prazer e então de forma curta e grossa ele fala: — Pode ir — ordenou, puxando as calças antes mesmo de ela se levantar completamente do chão. Ele nem a viu sair. Seus olhos permaneceram fixos na janela, no seu domínio. Vestiu a camisa preta com movimentos automáticos e desceu para o andar inferior. A casa era um monumento ao seu sucesso. Piso de porcelanato, um enorme sofá de couro italiano, uma televisão de tela plana do tamanho de uma porta. Mas era uma vitória oca. Seus homens estavam espalhados pela sala – alguns vigiando as janelas, outros reunidos em torno da mesa de centro, onde armas, pacotes de drogas e pilhas de dinheiro disputavam espaço. Era tudo que ele tinha suado e sangrado para conseguir. Tudo que um homem como ele podia almejar. E no meio daquele caos controlado, sua mente voou para Hanna. Para o cheiro de sabão em pó e feijão cozinhando que impregnava a casa simples dela. Para o som dos filhos brincando, um barulho de vida, não de negócios. Para o calor de um abraço que não era negociado, mas dado. Ele tinha conquistado o morro. Tinha esta casa que destoava de tudo, um farol de seu poder. E, ironia c***l, no processo, havia perdido a única coisa que dava sentido a qualquer um deles. Sua família. A guerra contra o mafioso Sebastian King se aproximava, uma tempestade no horizonte. Naquela manhã, cercado pelos espólios de sua vitória, Cauã "O Chacal" sentiu o gosto amargo da derrota mais profunda, a solidão de estar no topo. O cheiro de café fresco se misturava com a brisa morna que entrava pela cozinha. Cauã “O Chacal” levantou os olhos ao ouvir passos e avistou Jonah entrando, o saco de pão nas mãos. — Bom dia — disse Cauã, a voz firme, reconhecendo naquele homem mais que seu braço direito: o único que permaneceu ao seu lado desde que ele se tornou dono do Morro da Jaguatira, seu melhor amigo e ex-cunhado. — Bom dia, trouxe pão — Jonah respondeu, erguendo o saco com um sorriso contido. Cauã se voltou para a cafeteira, concentrando-se no ritual do café, mas sem perder a atenção em Jonah. — Bom, vou preparar um café pra gente e vamos discutir a operação de hoje à noite. Jonah suspirou, pesado. Não estava convencido de que roubar o mafioso inglês era uma boa ideia, mas sabia que Cauã faria isso de qualquer jeito. — Sim, tudo no esquema… — disse ele, hesitante. — Mas ainda acho uma péssima ideia, irmão. O inglês já quer tomar nosso território… Cauã se virou, encarando-o. O olhar era firme, cheio de convicção. — Exatamente, por isso precisamos dessa carga. Precisamos de armas e dinheiro pra nos proteger. Vai dar certo, confia em mim. Jonah respirou fundo, relutante, mas seu gesto mostrou lealdade. — Eu confio, irmão. Sempre. Tamo junto pra qualquer parada. Ele fechou o punho e estendeu à frente. Cauã fez o mesmo gesto. — Até o fim, irmão. Mais tarde, a comemoração do novo emprego de Hannah começou. Cauã se arrumou com cuidado; queria vê-la, mesmo sabendo que poderia ser rejeitado. Hannah havia sido seu primeiro e único amor, ninguém jamais o fez sentir como ela fazia. Enquanto se olhava no espelho, via o reflexo de um homem jovem, de beleza marcante: origem indígena pela mãe, latina pelo pai, cabelos negros perfeitamente cortados, pele morena avermelhada, músculos definidos e tatuagens que davam charme e intimidação. Mulheres vinham de todos os cantos, mas nenhuma tinha espaço em seu coração — ele pertencia a Hannah. Descendo as escadas, Jonah já o esperava. — Vamos! Rádio na cintura de um lado, uma Glock do outro lado e outros artefatos escondidos para proteção, eles seguiram. A festa na casa de Hannah os aguardava antes da operação. Quando chegaram, o barulho dos familiares chegou até eles. Subiram até a laje, e lá estava Hannah, radiante na comemoração. Ela correu até Jonah primeiro, abraçando-o com ternura. — Ah, que bom que chegaram! Tem bastante comida, entrem! Depois, virou-se para Cauã. Hesitou por um instante, e ele não perdeu tempo: envolveu-a em um abraço firme, sentindo o cheiro dela, o calor do corpo, e o coração apertar. — Oi, amor. Parabéns pelo emprego novo — sussurrou no ouvido dela. Hannah estremeceu, o corpo respondendo à presença dele. Suas mãos tocaram o rosto dele, aproximando-os ainda mais. O coração deles ainda batia em sintonia. Cauã colocou uma mão na cintura dela e a outra na nuca, aproximando-se para colar os lábios nos dela. Ela resistiu no início, mas segundos depois relaxou, entregando-se ao beijo intenso, carregado de anos de sentimentos reprimidos. Quando ele a soltou, ela ainda ofegava, o corpo quente e o olhar carregado de desejo. As testas continuavam grudadas, e o cheiro dela — doce e provocante — o envolvia. — Isso não foi justo… me pegou desprevenida — sussurrou ela, a voz rouca, quase um gemido, e Cauã sentiu o peito apertar. Cada palavra dela era como uma faísca acendendo algo primitivo nele. Ele a segurou mais perto, sentindo o calor do corpo dela contra o seu, e o instinto de proteger e desejar se misturava em um só impulso.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD