08 - Key

1209 Words
Key Narrando Eu tava no morro, encostada na laje, vendo o movimento lá embaixo, quando meu celular vibrou no bolso. Olhei a tela e vi o nome que eu mais gosto e mais temo aparecer: Leandro. Só de ouvir a voz dele do outro lado já senti o corpo arrepiar. — Onde cê tá, Key? — perguntou com aquele tom sério que sempre me desmonta. — Estou na casa dos meus pais. Que foi? — Quero te ver. Hoje. — Hoje? — repeti, fingindo dúvida, mas meu coração já tinha dado a resposta. — Hoje. Me encontra na boate. Desliguei antes de inventar desculpa. Eu podia jurar que desconfiava dele, que ficava sempre com o pé atrás, mas a verdade é que quando esse homem me chama, eu corro. Não sei explicar. É como se fosse um imã, e eu não conseguisse me segurar. Minha mãe terminou de se arrumar, e me chamou pra descer. Meu pai já estava lá. Quando chegamos no cassino, a noite já tava fervendo. Luzes piscando, música alta, o cheiro de cigarro misturado com perfume caro. Gente rindo nas mesas, outros quebrando a cara porque perdiam mais do que tinham. Eu caminhava de cabeça erguida, porque ali todo mundo sabia quem eu era: filha do chefe. O respeito vinha na marra. Foi aí que rolou a treta. Uma mulher, cheia de pose, começou a reclamar alto no balcão. Dizia que tinha sido roubada, que a roleta tava armada, que não aceitava aquilo. A confusão atraiu olhares de todo mundo. O segurança tentou acalmar, mas ela empurrou ele e fez ainda mais escândalo. Chamei dois seguranças e mandei levar a mulher pra salinha dos fundos. Ela xingava, chutava, mas foi. Assim que a porta bateu, o silêncio tomou conta do ambiente. A mulher me encarou com ódio, cuspindo palavras. — Vocês são todos uns ladrões! Isso aqui é uma farsa! Eu vou chamar a polícia. Cruzei os braços, olhando bem firme nos olhos dela. — Aqui dentro, quem grita sou eu. E quem resolve sou eu também. Ela riu debochada. — Uma pirralha quer me botar medo? Peguei a pistola que tava presa na cintura, sem pressa, e coloquei sobre a mesa. O som metálico ecoou na sala. A expressão dela mudou na hora. — Vamo parar com essa gracinha, dona — falei baixo, quase sussurrando, mas firme. — Aqui ninguém rouba ninguém. A roleta não é viciada. O que aconteceu foi que você perdeu e não aceita. Acha que berrando vai recuperar dinheiro. Mas aqui não funciona assim. — Eu só quero justiça — ela murmurou, a voz já trêmula. — Justiça? — bati a mão na mesa, perto da arma. — Justiça é você sair daqui inteira. E vai ser agora. E tá proibida de voltar aqui. Os olhos dela se encheram de lágrimas. Fiz sinal pros seguranças. — Levem essa mulher. E que não volte nunca mais. Fechou! Dei uma ajeitada pra ficar no clima certo, bem papo de pai e filha: Quando saí da salinha, meu pai tava encostado na parede, me esperando. O jeito que ele me olhou fez meu corpo inteiro esquentar de orgulho. — Sabia que você ia dar conta — disse, com aquele sorriso de canto que sempre me passa segurança. — Nunca duvida de mim, pai. Ele chegou mais perto, colocou a mão no meu ombro. — Nunca duvidei. Você é minha filha, eu sei da força que tem. Por isso eu confio em você do meu lado. Naquele momento, entendi: podia até ter minhas desconfianças sobre o mundo lá fora, mas do lado dele, eu sempre ia me sentir firme. Me despedi dos meus pais e saí com o coração acelerado, mas com a mente já decidida. Aquela noite era dele, e eu não via a hora de encontrar Leandro. A boate tava lotada, música batendo forte no peito, luzes colorindo cada canto. Assim que entrei, meus olhos correram o salão até achar a área vip. E lá estava ele. Encostado no sofá de couro preto, camisa social aberta nos primeiros botões, pulseira de ouro brilhando sob a luz. Em volta, um bando de mulher rindo alto, se ajeitando, tentando chamar a atenção dele. Minissaia curta demais, decote exagerado, perfume forte que até daqui eu sentia. Só que ele, nada. O olhar dele correu direto pra mim, como se todo o resto não existisse. Caminhei até lá sentindo cada olhar queimando nas minhas costas, mas quando vi o sorriso de canto dele, todo o barulho da boate pareceu sumir. — Até que enfim, princesa — ele murmurou, se levantando e me puxando pela cintura. — Tava com saudade? — provoquei, mordendo o lábio. — Mais do que deveria. — O jeito que ele falou me fez arrepiar. As mulheres em volta se entre olharam, visivelmente incomodadas, mas Leandro nem notou. Ou melhor, notou, mas não se importou. Segurou minha mão firme e me guiou por um corredor reservado até chegar no escritório da boate. Assim que a porta fechou atrás da gente, o clima mudou. O silêncio, depois do som ensurdecedor lá fora, só deixou meu coração ainda mais acelerado. Ele trancou a porta, me encostou contra a parede e colou o corpo no meu. — Não sabe o quanto eu esperei por isso — sussurrou no meu ouvido, a voz rouca, grave, que me desmontava inteira. Os lábios dele encontraram os meus com uma fome que eu nunca tinha sentido antes. O beijo era intenso, urgente, como se a gente tivesse guardado tudo por tempo demais. Minhas mãos deslizaram pelo pescoço dele, puxando mais, querendo mais. Ele agarrou minhas coxas, me levantou com facilidade e me sentou em cima da mesa do escritório, espalhando papéis sem se importar. Minha respiração já tava descompassada, e cada toque dele era como fogo na minha pele. — Você é uma delícia, Key — disse entre beijos, apertando minha cintura como se quisesse me marcar. — Sempre fui — respondi, perdida na sensação. As mãos dele deslizavam pela minha roupa, tirando peça por peça, até eu me sentir vulnerável demais diante daquele olhar que me devorava. Ele me encarava como se eu fosse única no mundo, como se cada detalhe meu fosse uma obsessão. Quando ele me puxou pra mais perto, colando nossos corpos, não sobrou espaço pra dúvida nenhuma. O calor da pele, o cheiro, o toque firme, tudo me consumia. O mundo lá fora podia acabar, que eu não ia nem perceber. O ritmo dele era possessivo, sem pressa de dividir nada. Ele queria me ter por inteira ali, naquela mesa, e eu cedi sem resistir. O prazer vinha em ondas, cada vez mais fortes, me arrancando suspiros e gemidos que eu não conseguia conter. Leandro me segurava firme, como se tivesse medo de eu escapar, e isso só me deixava ainda mais entregue. Perdi a noção do tempo. Só existia o corpo dele contra o meu, o calor, a intensidade. Quando finalmente desabamos ofegantes, ainda em cima da mesa, ele apoiou a testa na minha e sorriu daquele jeito que só ele tem. Naquela sala fechada, com o cheiro do nosso desejo impregnado no ar, ficou claro: o jogo já não era mais só dele. Eu tava tão viciada quanto ele parecia estar em mim.
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