Capítulo 1 Não tens que fingir.

1685 Words
Hoje era o meu aniversário de casamento, mas sem dúvidas, não havia nada para comemorar. Esse casamento foi uma farsa que fui forçada a aceitar pelo bem da empresa. Não sei como me deixei enganar por uma máscara feliz, quando era o contrário. Aquele homem bonito e bem-sucedido que fingia na frente de todos que tínhamos um casamento estável, não passava de uma farsa. ― Saia do carro, Lia ― ele me disse com sua voz profunda, esperando que eu saísse. Vestido elegantemente com um terno cinza, o homem de cabelos escuros, olhar castanho penetrante, corpo atlético e forte, me esperava sair do carro com a mão estendida para mim. ― Você não precisa fingir que é um cavalheiro, Jacob. Ninguém está olhando para nós agora ― eu respondi indiferente e sem pegar a sua mão, depois de sair e deixá-lo para trás, enquanto o mordomo me recebia. Subindo para o meu quarto, começo a me lembrar de como esse pesadelo começou. Como fui de um casamento para outro. Dois anos atrás... ― Quem é ela, Dereck? ― perguntei, sentindo o chão sob os meus pés tremer e os meus olhos se encherem de lágrimas. ― Por que você está aparecendo com ela de mãos dadas no dia do nosso casamento? Derek! ― exigi uma explicação. As pessoas que compareceram ao meu casamento naquele dia sussurraram umas para as outras o que iria acontecer em breve. ― Não é óbvio? ― ele me disse friamente. ― Desculpe, mas não posso continuar com isso. Você não tem o que eu procuro em uma mulher, você é muita pouca coisa para mim. E ao contrário de você, ela me deu o que você não queria me dar. ― Dereck... ― Solucei, incapaz de acreditar que isso estava acontecendo no meu casamento, dentro da igreja, no dia que deveria ser o mais feliz da minha vida. ― Felizmente percebi a tempo, compartilhar a minha vida com você teria sido o pior erro da minha vida. Vamos ser honestos, eu nunca te amei. Cada palavra que ele me dizia, parecia que estava enfiando uma adaga no meu coração. Eu podia jurar que ia m*rrer naquele instante. As lágrimas salgadas escorreram pelos meus lábios, até caírem no chão. Em minha mente, rezei para que isso fosse apenas um pesadelo. Três anos de namoro e ele nunca me amou. ― Adeus, Lia ― ele me disse, dando-me um último olhar antes de me deixar devastada e explodindo de dor, enquanto eu via a pessoa que eu pensava ser o amor da minha vida saindo do altar com outra. O que eu não sabia até aquele momento era que ele havia partido não só me deixando arruinada emocionalmente, mas também financeiramente. "Lazzari" a empresa do meu pai que criava apenas fragrâncias femininas estava à beira da falência, depois que Dereck nos roubou com o seu cargo de gerente geral. Quando pensei que não podia sentir mais dor, me enganei completamente. Foram muitas noites de choro, e a depressão me fez querer cometer loucuras que acabariam com a minha vida. Eu estava sozinha, completamente abandonada. Nem meu pai, que tinha que me apoiar nesse momento difícil, se importou comigo. A única coisa que o interessava era como salvar a empresa. ― Se ninguém se importa, por que continuar em um mundo onde eu sou apenas um estorvo para quem me conhece ― enxugo minhas lágrimas e me levanto da cama. Eu estava um desastre. O meu cabelo preto totalmente desgrenhado e o meu rosto pálido com olheiras sob os meus olhos por não ter dormido bem naquelas duas semanas que Dereck me abandonou. Joguei um pouco de água no rosto, o suficiente para sair de casa e deixar esse buraco infernal. Peguei as chaves do meu carro, sem ter um lugar exato para onde ir. Eu só queria fugir de tudo o que conhecia. Então, entrando no meu automóvel, dirigi no meio da noite, por uma estrada escura e desolada. ― Dr*ga Dereck ― murmurei, apertando os meus lábios com raiva. ― Você fugiu com aquela mulher e como se isso não bastasse, me roubou. Todos os homens são idiotas! ― gritei com tanta raiva que quase não percebi que alguém estava passando na frente do meu carro. Com um grito alto, freei antes de bater na pessoa em minha frente. A última coisa que eu queria agora era ser acusada de assassinato, isso acabaria enterrando o meu nome. ― Deus! ― saí do carro para ver a pessoa que quase atropelei. ― Eu te machuquei? O desconhecido retirou o braço do rosto, deixando-me olhar para o homem atrativo e bonito que ele era. E algo nele despertou alguma coisa em mim, que me fez salivar. ― Acho que se ainda estou respirando é porque estou vivo ― brincou ele, fixando os olhos nos meus. ― Mesmo que a minha assassina seja uma mulher bonita. A piscadela que acompanhou o seu comentário fez com que uma risada curta saísse dos meus lábios. ― Me desculpe por quase atropelar você com o meu carro. Não me sinto muito bem. ― Bem, posso notar isso olhando para a sua aparência. Escute, aceitarei as suas desculpas, se em troca você concordar em tomar um café comigo. — Ei, eu… — Se não aceitar, terei que ir à polícia e denunciá-la. ― Você não faria isso, não é? ― Senhorita, você não sabe do que sou capaz. Sem outras opções, aceito o convite do sujeito, afinal, quais eram as chances de eu revê-lo? Era impossível isso acontecer. (...) ― E, bem... ― O desconhecido disse depois de tomar um gole de seu café. ― Bem o quê? Eu já aceitei o seu café. ― Não, só me pergunto por que uma mulher tão linda estava na rua à essa hora, e sozinha? O seu rosto me é familiar. ― Acho que você deve ter visto em uma das revistas ― respondi, despejando a última colher de açúcar no meu café. ― Não, eu não tenho tempo para ver essas coisas. ― Bem, a menos que você more fora ou debaixo de uma pedra, não saberá sobre mim. ― De fato, você não está tão longe da verdade. Vivo há anos na França e hoje finalmente voltei ao meu país natal. ― Anos? ― Eu era apenas uma criança quando tive que partir. ― Você teve que partir? Ah, os seus pais se mudaram. Ele n**a com a cabeça. ― Eu gostaria que tivesse sido isso, mas não. Os meus pais foram m*rtos quando eu era criança e o meu único parente morava no exterior. Quando pensei que ninguém poderia ter uma vida pior que a minha, conheci esse cara, que em poucos minutos já havia me deixado perplexa. ― Me desculpe, eu também cresci sem a minha mãe. ― Mas eu não acho que esse seja o motivo da sua tristeza. ― Inclinando a cabeça, ele estudou a minha expressão facial. ― Deixe-me adivinhar, coração partido. ― Você lê mentes? ― eu brinquei, bebendo um pouco do café. ― Algumas pessoas já me disseram isso. ― Ele sorriu, mostrando os seus perfeitos dentes brancos. ― Eu deveria estar em lua de mel agora, mas o idi*ta que eu achava que era o amor da minha vida preferiu outra pessoa, e não satisfeito, roubou o negócio da minha família. Agora estamos quebrados e à beira de ficar no olho da rua sem um centavo. ― Finalizo. ― Pronto, essa é a minha vida. ― Oh! ― diz surpreso. ― Eu não sei o que dizer. ― Você não precisa dizer nada. ― Bebo a última gota de café. ― Afinal, não estou procurando consolo, adeus e obrigado. ― Levantei-me do meu assento, querendo me afastar dos homens. ― Ei! Espere um minuto. ― Ele segurou o meu pulso em sua mão grande e áspera. ― Você está chorando ― ele apontou para a minha bochecha, estendendo um lenço. O calor que percorreu pelo meu corpo com apenas um toque seu, me deixou à mercê de uma série de emoções que só me confundiram. ― E-eu tenho que ir. ― Aceitei o seu lenço e, puxando o meu braço, saí correndo do lugar, peguei as minhas chaves e entrei no meu carro, para fugir daquele cara o mais rápido possível. Quem é ele? Eu nem tinha perguntado o seu nome, que idi*ta, então, deslizei os meus olhos para aquela coisa macia que eu segurava entre os meus dedos, logo, olhei para o nome que estava inscrito nela e pronunciei aquele nome que significaria muito no meu futuro. ― Jacob Jurek. Presente... ― Aonde você pensa que está indo? ― Jacob me perguntou enquanto eu passava por ele. ― Não sou o seu bichinho e nem a sua empregada para você questionar as minhas saídas, estou apenas saindo. Ele fechou o livro em sua mão e se levantou de seu assento para se aproximar imponente de mim. ― Você é minha esposa, mereço pelo menos uma explicação. ― Sua esposa apenas para um papel, não para outras coisas. É, claro! O senhor prefere vagabundas de rua. Diga-me, você já aproveitou o seu jantar? ― enfrentei-o sem medo. Há muito tempo eu tinha parado de chorar por causa de homens, o meu coração agora estava protegido por uma casca dura e inquebrável. ― Diga-me, o que está incomodando você? Que eu durma com essas mulheres ou não faça o mesmo com você? ― Você é um idi*ta! ― cheia de raiva e indignação, dou um tapa nele que deixa a sua bochecha avermelhada, porém, ele não esperou um só segundo para pegar os meus braços e me avisar com sua voz grave e aterrorizante: ― Atreva-se a fazer isso de novo! Coloque a mão na minha bochecha novamente e você vai se arrepender. ― Será mesmo? ― usando a minha outra mão, eu tentei acertá-lo novamente, mas quando estava prestes a conseguir, ele a pegou a tempo, fazendo com que o meu corpo grudasse no dele. Em dois anos de casamento, este foi o mais próximo que chegamos de nos tocar.
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