Capítulo 2 Seja minha esposa.

2007 Words
Os olhos castanhos de Jacob, que sempre foram aterrorizantes, estavam a pouquíssimos centímetros de distância dos meus, enquanto a sua respiração batia contra o meu rosto e o calor do seu corpo invadia o meu. Dois anos atrás... Olhando para as fotos que eu tinha no meu apartamento, eu as r***o ao meio. Eu não queria nada que me lembrasse de Dereck. E cada fotografia que eu rasgava, eu sentia como se estivesse fazendo o mesmo com o meu coração partido. Doía muito, muito mesmo, saber que ele nunca me amou, mas a humilhação pública doía mais. ― Por quê, Dereck? Por que você fez isso comigo? Apoiando o meu peso contra a parede fria, deixei o meu corpo deslizar até o chão. Levei as minhas mãos ao meu rosto, entregando-me às lágrimas e aos soluços, a ponto de sentir a minha cabeça doer. Alguém poderia me dizer como me recupero disso? Por favor... Ele era o amor da minha vida, mas aparentemente eu não era o dele. (...) Duas semanas se passaram desde que me tornei a famosa noiva abandonada nas redes sociais. A minha dignidade estava no chão, e como se não bastasse, a empresa em que trabalho havia falido. ― Tudo isso é culpa sua! ― o meu pai gritou, batendo em sua mesa. ― Você se envolveu com um ladrão e veja como estamos agora. Aos vinte e um anos, eu vivia o que acreditava ser o meu pior momento, sem imaginar o que o futuro me reservava. Nossos sócios estavam nos deixando, por não confiarem mais na "Lazzari", uma empresa que produzia fragrâncias exclusivamente para mulheres. ― Estamos quebrados, e aquele idi*ta está gastando agora todos os milhões com a mulher que o roubou de você. ― Pai... ― Eu me sentia tão m*l, que nada ia me tirar daquele maldito buraco. ― Invés de chorar, dê um jeito de sair dessa, você é uma das gerentes! Chorar não vai te trazer de volta o idi*ta que nos levou à falência! Por mais duras que as suas palavras fossem, ele estava certo. Eu sairia dessa, tinha certeza. Amanhã eu iria para a rua e as pessoas não mais me olhariam com zombaria e risadinhas. O mundo girava e um dia eu faria Dereck cair de joelhos diante de mim e chorar lágrimas de sangue. Ele pagaria por cada lágrima que me fez derramar. Mas, infelizmente, o mundo parecia estar contra mim. Algumas semanas depois, recebi uma foto de Dereck se casando com a mulher com quem fugiu. Naquele momento, eu queria m*rrer, encostada na janela do meu apartamento, olhando como a minha vida havia se tornado cinza. ― Ninguém se importa comigo. Ninguém neste maldito mundo se importa comigo! ― grito, cravando as minhas unhas nas barras de metal da janela. A dor de pressionar era forte, mas não mais do que a minha alma m*rta. E como se Deus tivesse tido misericórdia de mim, ela bateu na minha porta. Com o cabelo desgrenhado e a roupa toda bagunçada, dei boas-vindas àquela mulher que eu considerava uma irmã para mim. ― Betsy! ― nós nos abraçamos e ela largou as suas malas, aconchegando-me em seu peito. Eu precisava dela mais do que nunca agora. ― Desculpe por não ter vindo antes, mas estou aqui agora ― ela falou suavemente para mim. ― Eu já sei de tudo, chora amiga, chora o quanto quiser, estou aqui por você. Betsy e eu nos conhecíamos desde a faculdade, mas só foi nos nossos últimos semestre que nos tornamos melhores amigas. Ela me consolou até que aliviou toda a minha dor e, como resultado, adormeci. Ela cuidou de mim e velou o meu sono. Betsy sabia o quanto eu era vulnerável. Ela era como a irmã que nunca tive e a mãe que perdi. Vale ressaltar que praticamente cresci sem uma figura adulta. O meu pai nunca demonstrou nenhum afeto real por mim. Ele só se importava quando se tratava de dinheiro, porque isso dava lucro à empresa, senão eu simplesmente não existia. Ao amanhecer, fiquei surpresa ao encontrar o meu apartamento limpo e o café da manhã feito na hora. Encontrei um bilhete ao lado da comida. Tinha a letra de Betsy no papel, que dizia: “Mesmo que agora você esteja vendo tudo em tons de cinza, lembre-se que você é um lindo arco-íris, e que verá o sol nascer em breve." Comovida com a mensagem de Betsy, como e tomo banho. Eu tinha que ser forte, o mundo não havia acabado. Era agora ou nunca. Hora de virar a página. Seguir em frente e não deixar que algo que não significou nada para ele continue consumindo a minha vida. Então, eu tinha duas opções, me jogar no abismo e deixar uma experiência r**m me levar ao d*abo, ou tentar sorrir para a vida, mesmo que eu me sentisse uma m*rda por dentro. E a segunda opção soou melhor. Procurei no meu armário uma muda de roupa e encontrei um vestido preto com um cinto branco que se agarrava à minha figura juvenil, escovei o cabelo e coloquei um pouco de maquiagem para esconder as olheiras. ― Eu quase pareço apresentável ― eu sussurrei, deixando um longo suspiro escapar da minha boca. ― Você conseguiu Dereck, você conseguiu, nem mesmo o espelho me faz sentir mais bonita. (...) Tentando colocar a minha melhor expressão facial, apareci no trabalho. O que seria o meu dia de retomada acabou sendo um fracasso imenso. Os funcionários só vieram ao meu escritório para apresentar as suas cartas de demissão, até a minha secretária me deixou. Senti-me derrotada e miserável. De repente, alguém bateu na porta, com a minha voz aquebrantada autorizei a entrada, pensando que era outro funcionário, mas não. Era o meu pai com um sorriso nos lábios. Por que ele estava sorrindo, se estávamos desmoronando? ― Pai ― eu me levantei para cumprimentá-lo. ― O que aconteceu aqui? Acabei de ver uma fila saindo do seu escritório. ― Eles se demitiram, foi isso que aconteceu ― eu disse, com minha voz sumindo. ― Eu tinha as minhas esperanças depositadas em você. ― Ele balançou a cabeça, parecendo desapontado. ― Não sei como pude confiar um cargo tão importante assim a você, se nem o ex-noivo você sabia controlar. ― Pai... ― Eu disse com a voz trêmula. ― Eu não estou aqui para ver as suas lágrimas ― ele levantou a mão, irritado. Quanto custava para ele me dar um abraço e saber que eu era mais importante que o seu dinheiro? Qual posição eu ocupava em seu coração? Certamente, nem o meu nome devia estar escrito ali. Parabéns Lia, você é um fracasso ― eu disse a mim mesma em minha mente. Sem dinheiro, sem amor, traída, humilhada. Nada mais poderia ser pior agora. ― Ouça, agora você vai colocar a sua melhor cara e não importa o que eu diga, você só vai dizer sim, entendeu? ― disse e sem lhe dar uma resposta, ele deduziu que eu tinha concordado. Parado na porta, o meu pai convida alguém para entrar. Eu não estava com disposição para nada, porém, tentei pelo menos esconder a minha tristeza. ― Pode entrar, Sr. Jureck. Jureck? Esse sobrenome não me era estranho. ― Apenas me chame de Jacob, Sr. Lazzari. Com o seu notável sorriso, o homem que quase atropelei naquela noite de desespero entrou pela porta do meu escritório. ― Jureck! ― apontei para ele. ― O-o que você está fazendo aqui? ― A mulher de olhar triste. Veja como o mundo é pequeno ― ele respondeu. ― Você trabalha aqui? ― Ela é minha filha ― meu pai interveio. ― Lia Lazzari. Algo aconteceu quando o meu pai me apresentou. Um brilho estranho, como uma faísca vindo do inferno, fez o sorriso de Jacob desaparecer. ― Então, ela é a sua filha. ― Ele se forçou a mostrar o seu sorriso novamente, estendendo a sua mão para apertar a minha. ― Jacob Jureck, ao seu serviço, Srta. Lazzari ― ele disse. ― Prazer em conhecê-lo ― respondi, aceitando a sua mão, que ele imediatamente apertou para dar um beijo nela. A sensação que passou pelo meu corpo foi semelhante a uma corrente elétrica. Com os lábios colados à minha mão, ele não tirou aquele olhar castanho escuro de mim. Era como se ele me estudasse com os olhos. ― O prazer é todo meu, bela dama ― eu o ouvi dizer com uma voz profunda e viril. Este, foi o dia em que ele apareceu no meu escritório, eu não fazia ideia de que quem havia beijado a minha mão era o próprio d*abo. Se eu soubesse o que aconteceria no futuro, nunca teria aceitado aquele convite. Jacob Jureck era um famoso bilionário que veio da França depois de ter feito uma enorme fortuna. Ele estava interessado em investir em nossa empresa, apesar da falência, ele estava apostando em nós. ― Tem certeza disso, senhor? Nossa posição agora não é a melhor do mercado ― eu o avisei, recebendo um olhar severo do meu pai. ― Estou ciente do que está acontecendo nesta empresa, Srta. Lazzari, mas dizem que quem não arrisca não ganha. ― Você é um homem muito sábio, Jacob, apesar de jovem, tem toda a experiência que um homem levaria anos para conseguir. Se eu fosse o seu pai estaria cheio de orgulho. ― Trabalho desde jovem, Sr. Lazzari, no meu esforço há perseverança. ― Bem, se você quiser continuar falando, faça isso. Acho que a minha presença é desnecessária aqui. ― Eu me senti um pouco desconfortável. ― Na verdade, pensei que você poderia falar com Jacob, filha. Ele retornou ao seu país natal depois de vinte e um longos anos. ― Tanto tempo assim? ― eu perguntei surpresa. ― Mas ele parece muito jovem. ― Tenho trinta anos, Srta. Lazzari. ― Ele confirmou a sua idade. ― Ah, desculpe, não quis ofendê-lo, mas de qualquer forma, não preferiria que alguém com mais experiência falasse sobre o lugar para você? ― Eu adoraria falar com você, aliás, da última vez que conversamos nem terminamos de nos apresentar. ― Vocês já se conheciam? ― o meu pai perguntou intrigado. Para evitar dar mais explicações ao meu pai, concordei em sair com Jacob. ― Perfeito, vejo você no mesmo lugar em que nos vimos da última vez. ― Sem dar mais explicações, ele se vira e sai. Não conseguindo entender como tudo isso aconteceu, coloquei as mãos na cabeça, arrependida de ter concordado em sair com alguém depois do meu desastroso quase casamento. ― Pai, acho que vou ligar para ele e recusar o encontro, não posso fazer isso, não me sinto pronta. ― Não importa, Lia, você vai sair com Jureck, goste ou não, ele é a nossa única saída dessa ruína que você nos trouxe. Então, o que ele te pedir, você vai aceitar, senão você pode dizer adeus ao seu trabalho, adeus ao seu departamento. A tudo. ― O que você quer dizer com tudo, pai? ― Você sabe do que estou falando, não espere que eu resolva isso também para você. (...) Quando chegou o dia do encontro, fui vê-lo, sem imaginar o que ele me pediria. Assim que nos encontramos, ele se levantou, mostrando todo o seu cavalheirismo, beijando a minha mão e puxando minha cadeira para que eu pudesse sentar. Até então, tudo estava indo completamente normal, mas foi quando ele abriu a boca que eu quase desmaiei em choque. ― O quê?! ― eu gritei chocada. ― Sou um homem que gosta de ir direto ao ponto. Então, a minha proposta é a que você ouviu. Preciso de uma esposa, seu bom nome e status me ajudarão. Aceite casar comigo e eu investirei na sua empresa. Presente... ― Seu idi*ta, me solta! ― gritei com Jacob, sacudindo os meus braços. No entanto, eu não sabia o que se passava na cabeça dele. Jacob me empurra rudemente contra a parede e toma a minha boca em um beijo possessivo.
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