Mais uma vez (CEO)

Capítulo 3 A nova Lia

Eu tinha esquecido como era sentir o gosto de seus lábios, as suas mãos fortes que antes seguravam os meus braços, agora me pressionavam contra a parede, me deixando sem chance de escapar.

A sua língua ágil entrou na minha boca, entrelaçando-se com a minha e massageando-a, e então Jacob morde e chupa os meus lábios, até que o oxigênio começou a ser necessário entre nós.

Afastando-se de mim, como se tivesse cometido o pior crime do mundo, os seus olhos castanhos me observam incrédulos.

― M*rda... ― Ele suspirou, passando a mão pela testa. ― Vá, Lia. ― Ele ordenou, virando as costas para mim.

Apertando os meus lábios e minhas mãos em punhos, passo por ele. Claro que eu estava saindo, mas não por ordem dele, estava saindo para proteger o meu orgulho.

Ao ouvir a porta da casa abrir, ele se vira para me olhar com autoridade.

― Vá para o seu quarto ― ele me diz, apontando para o caminho até a escada.

― E quem é você para me dar ordens? Você queria que eu fosse, então eu vou.

― Lia ― ele me chamou, cerrando os dentes. ― Nem pense em sair por essa porta, você é...

― O quê! ― eu o interrompi. ― A sua esposa? Você vai me lembrar do pior erro que já cometi?

― O seu pior erro? ― ele zombou. ― Eu fui a sua salvação, graças a mim essa empresa não foi à ruína. Caso contrário, você estaria agora vivendo debaixo de uma ponte.

― Qualquer coisa é melhor do que ser a sua esposa. Nem o dinheiro vale a pena. Com toda a sua maldita fortuna você poderia conseguir quem você quisesse. Eu não sei por que d*abos você teve que se aproximar de mim!

― Isso não é de sua conta! A coisa é, você é minha esposa, e você vai ser o tempo que eu quiser. Você já conhece as condições.

― Você é um monstro abominável, e eu te odeio. ― Rosnei para ele. Este casamento e******o é um pesadelo para ambos. Todo mundo pensa que somos o casal perfeito e que Jacob Jureck é bondoso e caridoso, mas a única coisa real aqui é o seu nome.

Não sei o que d*abos eu estava pensando para aceitar aquela proposta estúpida.

Dois anos atrás...

― Você deve estar brincando ― eu disse a ele, levantando-me abruptamente da mesa.

― Não, não é brincadeira, preciso de uma esposa e você é a candidata perfeita.

― Porque eu? Eu não tenho dinheiro, a minha família e a empresa estão em ruínas, que bem você poderia tirar de mim?

― Não é dinheiro que estou procurando, como você pode ver, tenho o suficiente para poder salvar a sua empresa da falência. Em troca, só lhe peço esse favor, que concorde em ser minha esposa.

― E como isso te beneficia? O que você está realmente escondendo?

― Não seja tão desconfiada, eu só quero te ajudar. Entendo que você tenha passado um mau momento em sua vida amorosa e estou ciente de que todo esse problema surgiu por causa de seu ex-noivo.

― Você esteve me investigando? Você é um espião?

― Eu, um espião? Eu te pareço um? ― ele solta uma risada que eu tinha que confessar que foi muito agradável de se ouvir, ele não parecia ser uma pessoa r**m, mas ninguém neste mundo veio para somente ajudar, pedindo-lhe como a única coisa em troca, que seja a sua esposa.

― Se você está ciente sobre o meu ex-noivo, então você sabe que não faz muito tempo desde que isso aconteceu. A última coisa que quero agora é me casar, o que te faz pensar que aceitarei a sua proposta?

― Em primeiro lugar, por favor, sente-se, não posso continuar falando, enquanto uma mulher está de pé, não soa nada cavalheiro, e segundo; estou ciente de tudo o que aconteceu com você. Acho que todo mundo que está com o celular nas mãos está ciente.

― E isso deveria me fazer feliz?

― Acho que não, na verdade, não tenho más intenções com você, olhe para você, você é apenas uma garota, apenas me aceite e terá o que quiser.

― Você quer fazer a sua boa ação do dia? Se sim, doe o seu dinheiro para uma instituição de caridade, não se case.

― Se você me pedir, eu posso fazer isso. Dinheiro não é minha prioridade. Como eu lhe disse, não tenho pais e meu único parente morreu, estou completamente sozinho.

― Bem, sinto muito pelos seus pais, mas não posso me casar com um estranho, você nem é meu amigo ou algo próximo a considerar.

― Bem, o que você quer saber de mim? Diga o que quer, que eu te digo. Tenho trinta anos, gosto de gatos, sou apaixonado por carros esportivos e sou colecionador de relógios.

Alguém que amava os animais não podia ser r**m. Me parecia incrível que esse cara fosse quase perfeito, ele deve ser um em um milhão.

― Bem, o que você diz, você aceita?

Penso e realmente se passa pela minha cabeça a ideia de me casar da noite para o dia com um completo estranho que eu quase atropelei com o meu carro. Parecia uma piada de mau gosto, mas era real.

― Desculpe, mas não posso, você terá que encontrar outra pessoa. ― Afastando-me da mesa, saio do café para voltar ao meu carro e ir para o meu apartamento.

(...)

Largando a minha bolsa e as chaves na mesa, caio pesadamente no sofá. Devo estar enlouquecendo, não faz nem um mês que Dereck me deixou no altar e outro homem já está me pedindo em casamento sem nem saber que tipo de pessoa eu sou. Definitivamente, havia algo de errado com ele, ninguém se casava porque sim.

No dia seguinte, enquanto arrumava as minhas coisas em caixas e malas, recebi uma visita em meu apartamento.

― Pai ― eu disse, surpresa por tê-lo na minha porta.

― Posso saber o que d*abos você disse ao Sr. Jureck?

― Eu não disse nada demais, apenas rejeitei a proposta dele.

― Você está louca? Você não entende que a empresa está falida? Sem a ajuda dele perderemos tudo.

― Ele queria que eu me casasse com ele, não vou fazer isso.

― Lia, neste mundo há grandes sacrifícios que devemos fazer para sermos os melhores nesta vida.

― Mas sacrificar a minha liberdade em troca apenas de dinheiro, você acha certo? A dignidade não é mais importante?

― Dignidade não se come, até quando você vai continuar com essas suas bobagens estúpidas na cabeça? É hora de você ver o mundo como ele realmente é. Um lugar podre, onde só os fortes avançam e os fracos são esmagados iguais as baratas. Então, agora você vai ligar para ele e aceitar a sua proposta.

― Não! Eu não pretendo fazer isso.

― Estou te mandando, Lia. Eu sou o seu pai e você vai ligar para o Sr. Jureck para concordar em ser a sua esposa.

― Como você pode me pedir isso, você se importa mais com a sua empresa do que comigo?

― Do que você está reclamando, você terá tudo! Aquele homem é um multimilionário, reconhecido nas revistas de negócios, ele é ainda melhor do que o i****a que fugiu com o nosso dinheiro.

― Pai...

― E mude essa cara de id*ota, mesmo que passe milhares de anos chorando, nada vai mudar o que aconteceu. Foi esse caráter inocente que levou Dereck a procurar uma mulher de verdade, não uma garota. É hora de você pensar feito uma adulta.

O meu pai veio apenas para me dar literalmente a ordem de aceitar a proposta de casamento de Jacob. Por que eu? Por que ele me escolheu? Ele é um homem bonito e cheio de riquezas, tenho certeza de que não deve faltar mulher para ele, então qual é a pressa dele para se casar?

De qualquer forma, o meu pai estava certo, eu precisava fazer alguma coisa. Em breve eu nem seria capaz de manter o meu carro.

Termino de arrumar os meus pertences, em poucos dias eu planejava me mudar para um apartamento menor, já que o custo deste que eu estava morando superava a minha renda no momento.

― Acho que não tenho outra escolha.

(...)

Depois de passar o dia todo pensando e questionando se o que eu estava fazendo estava certo, resolvi ligar para Jacob, no dia seguinte ele não parecia surpreso, como se adivinhasse que eu aceitaria, porque estava com um sorriso satisfeito no rosto.

― Eu aceito ― eu disse, sendo completamente direta em minha posição.

― Bem, o casamento será em uma semana, nada de ostentação, será uma cerimônia rápida, se quiser pode trazer o seu pai.

― O que é isso? ― perguntei ao receber um cartão.

― Com ele você pode comprar o que precisa, o seu vestido, roupas, qualquer coisa que você goste, mas eu recomendo que você vá listando as suas coisas, ou pelo menos o que você tem de valor.

(...)

E o dia tão esperado chegou, com a ajuda de Betsy; minha melhor amiga, terminei de me arrumar para subir ao altar, ela não parecia concordar com o casamento, mas apoiou a minha decisão. O meu pai me pegou pela mão, não havia emoção em seu rosto, era como se ele estivesse carregando um pacote para fazer uma mudança.

Assim que eu estava na frente de Jacob, ele estendeu a mão, recebendo a minha, para me dar um beijo nos dedos e me acompanhar na frente do Juiz.

― Você está linda ― ele murmurou apenas para que eu ouvisse.

― Obrigada ― eu respondi, me sentindo um pouco tímida.

A cerimônia não durou muito, em menos do que eu imaginava já estava assinando um papel. Eu não podia acreditar, semanas atrás eu estava sendo abandonada pelo amor da minha vida, e agora eu estava me casando com um completo estranho.

― Você pode beijar a noiva ― disse o juiz.

Este seria o nosso primeiro beijo. Não vou negar que era estranho, mas todas as dúvidas passaram quando ele levantou o meu queixo com os dedos.

― Não tenha medo, apenas feche os olhos e você ficará bem ― ela sussurrou para mim, pouco antes de aproximar os lábios dos meus em um beijo suave e terno. ― Você está bem? ― ele me perguntou, passando a mão pelo meu rosto. Corando, eu assenti.

Agora eu era a Sra. Jureck, não mais a noiva abandonada.

Presente...

No final, não prestei atenção ao aviso de Jacob e apenas saí de casa, entrando no meu carro para fugir com aquela emoção que fez o meu coração bater mais rápido.

― Ele é um id*ota, estúpido....

Fechando os olhos, apertei o volante com mais força, forçando-me a afastar quaisquer sentimentos, enquanto eu relembrava os primeiros dias do meu casamento.

(Flashback):

Jacob foi incrivelmente carinhoso, ele nunca me forçou a nada, ele se esforçou para ser atencioso comigo, se preocupou que eu estivesse bem, tanto que me questionei se eu poderia ousar amar aquele homem. Ninguém, nem mesmo Dereck, era tão atencioso assim comigo.

Grande erro, pois tudo mudou após a assinatura do contrato da empresa. Ele e eu fomos morar na casa dele, uma enorme residência um pouco afastada da cidade.

Pensando que eu poderia me esforçar para remover as más lembranças do meu noivado anterior, cheguei com a esperança de mudar a minha vida.

No entanto, eu m*l exalei. Jacob ordenou que as minhas coisas fossem levadas para um outro quarto, até então não havia nada de errado, já que no hotel que ficamos era assim.

Mas a sua verdadeira mudança foi quando o jantar chegou.

― Amanhã quero convidar a Betsy, você acha...

― Não ― ele negou rotundamente.

― E é melhor você esquecer a sua vida anterior, a partir de agora você é uma Jureck, você vai me respeitar como o seu marido, não vai questionar as minhas decisões, e nós só fingiremos para o público quando necessário, certo? Compreendeu?

― Jacob, mas eu pensei...

― Deixe-me comer! Já tive que te aturar o suficiente esses dias na frente de seu pai para continuar fingindo.

― Está falando sério?

Ele largou a colher para me olhar friamente:

― Você realmente achou que eu ia me interessar por você? Veja como foi fácil te enganar, não estou interessado em você como mulher! Você é apenas uma fachada para a p*rra do mundo parar de mexer com a minha vida.

― Um objeto ― eu sussurrei.

― Se você quer ver assim, que seja, e agora cale a boca, quero comer em silêncio.

Irritada, levantei-me da mesa. Eu não sabia com que tipo de homem eu tinha me casado. Trancando-me no meu quarto, coloquei as mãos na cabeça, lamentando a minha má decisão.

― Esta é a última vez que alguém me usa ― eu jurei para mim mesma. Nunca mais vou permitir que outro homem tire sarro de mim na minha cara. Então eu tenho que m*tar os meus sentimentos. Eu nunca mais vou deixar ninguém me machucar novamente.

(Fim do flashback)

― Nunca ― eu disse, antes de pisar no acelerador.