Capítulo 2

1357 Words
RIN Ela acordou sozinha na cama deles e suspirou para si mesma enquanto se virava de costas e olhava para o teto. Às vezes, eles faziam sexo pela manhã também, e ela meio que queria isso agora, embora soubesse que não deveria desejar nada do marido. Ela nunca pedia nada, exceto ali, naquele quarto, quando ele colocava as mãos nela. Aquela casa era mais do que o suficiente, era grande e impressionante; e havia uma faxineira que vinha toda segunda e sexta-feira, antes e depois do fim de semana. Ela mantinha a casa nos outros dias, pois não era tão difícil, era só ela que morava ali. Cal vivia na cidade, em um apartamento de cobertura a pouco mais de uma hora dali. Ela ficou deitada na cama deles e se perguntou se ele já tinha saído. Ela olhou para o relógio; passava um pouco das sete, ele provavelmente já tinha ido. Ela sempre dormia profundamente depois do sexo; pois isso a relaxava completamente, embora também soubesse que Cal dormia bem depois do sexo. No entanto, ele nunca se dava ao trabalho de acordá-la quando se levantava de manhã, não, ele tomava banho, se vestia e saía, e ela acordava sozinha metade das vezes. Ela se sentou, depois se levantou da cama, tomou banho e se vestiu para o dia. Vestiu uma calça social creme e macia e uma regata de seda simples em um tom roxo suave; seu guarda-roupa era bem diferente do que era quando se mudou para aquela casa, e até mesmo suas roupas íntimas eram caras, porque Cal comprava a maioria delas. Ele ocasionalmente entrava pela porta e lhe entregava uma sacola, sorrindo para ela e dizendo: — Comprei algo para você. Use para mim. Ela prendeu o cabelo longo, espesso e escuro em um r**o de cavalo simples e desceu as escadas trotando, quase parando de repente ao ver Cal sentado à mesa de jantar, lendo o jornal com uma xícara de café ao lado. Ele olhou de forma breve para ela. — O que foi? — Ele perguntou. — Nada — Ela balançou a cabeça e foi preparar um café para si — Quer café da manhã? — Ofereceu. Ele raramente ficava para as refeições ali com ela. — Não, vou sair em breve. Tenho uma consulta jurídica às nove — Ele disse simplesmente. — Tudo bem — Ela assentiu e preparou uma torrada para acompanhar o café. Então, debateu se aquele era o dia para perguntar a ele. Ela olhava para ele enquanto ele lia o jornal, segurando a xícara de café. Ela não tinha família; era órfã desde que se lembrava, passando de um lar adotivo para outro. Ela gostava de estar casada, mesmo que ele não estivesse realmente presente; se ficasse doente ou se machucasse, o nome dele estava lá como seu parente mais próximo. Ela nunca tivera isso antes, não até se casarem; então, ela gostava de saber que podia escrever o nome dele nos formulários que exigiam essa informação. — O que foi, Rin? Você está me furando com os olhos — Ele disse. — Me desculpe — Ela pegou a torrada e se sentou à mesa — Não quis encarar — Ela sabia que ele considerava isso rude, mas não conseguia parar de pensar que eles acabaram de completar três anos de casamento. Ela podia pedir um bebê, e o filho dele seria adorável. — Rin? — Ele bufou e olhou para ela, dobrando o jornal e se levantando após mais um minuto dela apenas o encarando — Diga logo o que está pensando. Quer alguma coisa? — Ele perguntou. — N… não, nada disso. É só que, bem, já estamos casados há três anos agora — Ela gaguejou um pouco. — Sim — Ele assentiu e terminou de tomar o café. — Você uma vez me disse que eu, nós, poderíamos ter um bebê depois de três anos de casamento — Ela tomou coragem e disse o que estava pensando. — Eu disse isso? Não me lembro — Ele franziu a testa de forma direta para ela. — Sim, foi logo após o nosso primeiro aniversário, na casa da sua mãe — Ela respondeu, pois se lembrava vividamente disso. — Só para agradar minha mãe, então… Você tentou engravidar ontem à noite? — Ele agora a encarava com uma expressão séria. — Não, ainda estou tomando anticoncepcional — Ela balançou a cabeça e olhou para o relógio, percebendo que estava quase na hora de tomá-lo. — Ótimo, continue tomando — Cal afirmou e se dirigiu à porta — Não haverá bebê neste casamento — Ele olhou de forma direta para ela — Estou falando sério, não dentro deste casamento, fui claro? — Sim — Ela murmurou enquanto uma dor tocava seu peito. Observou-o sair da sala e pensou nas palavras “não haverá bebê neste casamento”. “Para agradar minha mãe”, mas naquele dia ele a olhou e assentiu, como se dissesse que sim, ele falava sério. Eles poderiam ter um bebê juntos se o casamento durasse tanto. O homem que ela amava, seu marido, não queria ter um bebê com ela. Quando deixasse esse casamento, estaria novamente sozinha. Uma parte dela, ela sabia, era incrivelmente estúpida por pensar que ele gostaria disso com ela, afinal, ela era apenas uma esposa contratual, era uma conveniência para ele mostrar que era um homem de família, só isso. Ela se levantou e saiu. Talvez fosse hora de ela mesma pedir o divórcio; qualquer um dos dois podia pedir. Havia uma cláusula de saída, embora, se ela pedisse, teria que abrir mão de tudo e sair sem nada. Toda a sua vida agora estava ali, e girava em torno daquele homem. Ela aprendeu a comer de forma correta, a dançar de modo adequado e teve aulas de etiqueta naquele primeiro ano também. Ela até aprendeu a se maquiar e arrumar o cabelo. Tudo isso era necessário para ser a esposa dele, para ser vista em seu braço. As únicas coisas que ela não teve nesse casamento foram uma cerimônia de verdade, o coração dele e beijar o homem que amava. Todo o resto era dela até que se divorciassem. Ela caminhou até o penhasco no fim da propriedade e sentou-se no banco que havia ali. Era seu lugar favorito para pensar. O vento levava seus pensamentos e clareava sua mente, e ela gostava do cheiro da brisa salgada do mar. Sentia-se mais do que um pouco estúpida naquele momento; deveria ter segurado a língua, e sabia disso. Deveria ter sabido que não era para pedir uma família. Ela e família; essas duas coisas não combinavam, ela achava. Embora a família dele gostasse dela, e ela se dava bem com a mãe, o pai e a irmã dele, todos muito bem. Eram pessoas normais, pessoas comuns como ela. Cal não nasceu literalmente rico; ele criou sua própria riqueza aos 25 anos, fez um nome para si mesmo e continuava a fazer isso até hoje. Ele comandava sua própria empresa, gostava de comprar empresas menores e absorvê-las, desenvolvê-las, caçar os melhores programadores de computador. Ela conhecia todos eles, esse era o mundo dela. Embora agora trabalhasse remotamente, ela podia trabalhar em qualquer lugar do mundo. Ela se sentou ali e olhou para o oceano enquanto pensava para onde iria quando recebesse o divórcio, e se perguntava se deveria começar a procurar agora. Ele ficou descontente com a sua pergunta, e ela sabia disso; ela reconhecia aquela expressão em seu rosto. Aquela única pergunta poderia muito bem ser sua ruína nesse casamento. Ela suspirou suavemente e olhou para o oceano, imaginando se um dia teria alguém para chamar de filho ou de filha. Embora soubesse, naquele momento, que não seria com Cal, isso agora era certo. — Não haverá bebê neste casamento — Ela imitou as palavras dele; mas, então, bufou para si mesma e se levantou. Ela queria um bebê, e não estava ficando mais jovem; já tinha 28 anos. Talvez fosse hora de seguir em frente, longe dele e dessa vida que ele lhe deu, mas, ao mesmo tempo, como poderia? Quando o amava.
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