CALVIN
Ele andava de um lado para o outro no escritório de Wil. O homem estava ao telefone, e ainda nem eram 9 horas da manhã. Cal estava irritado naquele momento; seu plano de pedir o divórcio naquela manhã não acontecera. Rin o pegara completamente desprevenido com aquela pergunta sobre querer ter um bebê com ele.
— O que te deixou tão agitado? — Wil finalmente perguntou ao encerrar a ligação. O homem estivera observando-o andar pelo escritório — A Rin surtou quando você pediu o divórcio?
— Não, eu não pedi — Ele murmurou.
— O quê? Por que não? Esse era o plano — Wil disse, franzindo a testa.
— Eu simplesmente não consegui. Ela estava feliz ontem à noite, deu risadinhas para mim e, depois, hoje de manhã… — Ele suspirou — Ela me perguntou sobre ter um bebê.
— O quê!? — Wil agora o encarava.
— Pois é, essa foi a minha reação — Calvin afirmou — Como eu poderia pedir o divórcio logo após essa conversa? Ela pensaria que foi por causa do pedido para ter um bebê. Isso é simplesmente errado, não sou tão c***l.
— Você diz isso, mas aquela garota está apaixonada por você, Calvin, você mesmo disse. Contou que ela se aninhou em você após o segundo aniversário de casamento e murmurou que te amava em um estado de sono meio confuso.
— Eu sei — Ele murmurou, e um leve sorriso tocou seu rosto ao lembrar disso. Ela fora tão fofa, abraçada a ele, dando tapinhas em seu peito e suspirando suavemente, murmurando de forma sonhadora: “Eu te amo, Cal”, ela era a única que podia chamá-lo de Cal, enquanto todos os outros o chamavam de Calvin ou Sr. Reeves.
— Você deveria ter pedido o divórcio naquela época — Wil murmurou — Olha só no que você se meteu agora.
— Eu não estava pronto na época — Ele suspirou e se sentou no sofá do homem. E realmente não estava. Sim, ela era sua esposa, mas era um casamento contratual, e ele nunca a vira de outra forma — Tenho que pedir agora, só não consegui fazer isso hoje, como planejado.
— Bem, quanto antes, melhor, você sabe disso. Mesmo um divórcio sem contestação, como será, vai levar seis semanas para ser resolvido e finalizado, então sugiro que comece a colocar seus planos em prática; ou ela mesma pode acabar pedindo o divórcio. Você realmente quer isso?
— Não — Ele murmurou — Tem que partir de mim — Ele assentiu — Vou resolver minha parte hoje. Sei onde ela sonha em passar férias; não é difícil de perceber, o protetor de tela dela é o lugar que ela quer visitar.
— Então, faça os planos, você guarda o passaporte dela, certo? — Wil perguntou.
— Sim, está com o meu. Vou organizar tudo, os voos, a acomodação, os passeios que sei que ela vai querer fazer — Ele assentiu de forma decisiva, sua mente estava feita.
— É muito esforço para um divórcio, você sabe disso, né? — Wil balançou a cabeça.
— Hum, eu sou o cara bonzinho, lembra? — Embora não se sentisse assim agora; aquela garota não tinha ninguém, foi abandonada em um orfanato e criada no sistema de adoção. Ele estava surpreso que ela fosse tão bem ajustada. Ele afastou esse pensamento e se levantou — Quando os papéis estarão prontos?
— Quando você listar o que quer neles, posso prepará-los hoje, tenho tempo, sem tribunal hoje. O que ela vai receber?
— A casa que compartilhamos e quatro milhões de dólares devem bastar. E também as férias totalmente pagas para o destino dos sonhos dela. Vou fazer tudo de primeira classe — Ele a mimaria um pouco, ela merecia.
— Tem certeza de que quer fazer assim, Calvin? Você poderia simplesmente…
— Não, tem que ser assim. Precisamos nos divorciar, é a única maneira que vejo para ela ser feliz. Ela vai entender que minha intenção é deixá-la ir para que possa ser feliz no futuro.
— Pode dar errado, sabe? Aposto que sua esposa tem um temperamento.
— Hum, nunca vi isso — Ele balançou a cabeça — Ela é doce demais para gritar e fazer um escândalo. Provavelmente só vai me encarar e murmurar: “Certo, onde estão os papéis?” — Ou pelo menos era o que ele esperava — Não quero que isso vire um grande espetáculo, mantenha isso discreto e fora dos jornais.
— Então, quando você vai fazer isso? Vai entregar os papéis pessoalmente? Ou serei eu o vilão para sua doce e amorosa esposa? — Wil murmurou.
— Entendo que você não goste disso, Wil, mas não podemos continuar com o nosso casamento como está. Não é certo, e você sabe disso. Não posso nunca dizer que a amo de volta, então é hora de nós nos divorciarmos — Ele afirmou — Se você conseguir preparar tudo até amanhã, nós dois iremos ao Cliffside Estate, e eu direi que quero o divórcio, e você, meu amigo, pode entregar os papéis a ela.
— Oba, não vou ficar no caminho se ela tentar te dar um tapa.
— Ela não vai — Cal afirmou, e ela não faria; afinal, ela não era esse tipo de mulher.
— Com o coração partido, ela pode sim. Vou ter os papéis prontos pela manhã. É melhor você assiná-los antes de ir para lá, para que eu possa arquivá-los no mesmo dia, e esse período de espera de seis semanas comece imediatamente.
Cal assentiu e seguiu para seu próprio escritório. Seria um dia longo e frustrantemente irritante, ele sabia. Sua mente estaria distraída com as palavras que ela dissera naquela manhã. Um bebê, ela queria ter um bebê com ele, dentro de um casamento contratual; mas, não era a coisa certa a fazer, trazer uma criança para um casamento como o deles.
Então, não, ele não só não teria um bebê com ela, como também se divorciaria para garantir que ela entendesse. Ele passou o dia organizando passagens aéreas e acomodações, verificou passeios na região e reservou vários: um tour por vinhedos, um passeio de balão de ar quente, cavalgada na praia. Um cruzeiro com jantar em um iate agradável e um dia de spa, ele reservou os melhores hotéis e garantiu traslados de luxo.
Todas as coisas que ela conversara com a mãe dele, todas as coisas que sua mãe lhe dissera que ele deveria fazer com ela: “Leve sua esposa de férias, filho, torne isso romântico e relaxe, aproveitem um ao outro”, ele sabia o que isso significava. Ela queria que ele tivesse um bebê com sua esposa, que ela voltasse para casa grávida, era o que ela queria dizer.
Ele olhou para a lista de coisas e imprimiu o itinerário. Era bem extenso, férias completas de um mês na Itália. Ela realmente gostaria disso, e veria que ele fez o esforço para lhe dar algo que a interessava, seu destino dos sonhos. Ela não tivera férias nos três anos em que estavam casados, sua agenda meio que impedia isso. Ele sempre tinha eventos, fossem de negócios ou de caridade, aqui ou em outros estados ou até fora do país.
Ele organizou tudo e pegou o passaporte dela no cofre, folheou-o. Ela o acompanhara em duas viagens de negócios, e ele a levara para a cama de forma incansável nesses dias em que ficaram juntos. Sua esposa era linda e tinha um sorriso que podia derreter o coração de qualquer homem, e era por isso que ele precisava do divórcio.
Ele queria que ela fosse verdadeiramente feliz, e ela não poderia ser dentro do casamento contratual deles, cheio de regras e estipulações, coisas que ele mantinha para protegê-la e a si mesmo. Não que isso tivesse ajudado a protegê-la, pois ela ainda conseguiu se apaixonar por ele. Então, era hora de acabar com aquele casamento de fachada em favor da felicidade e contentamento.
Ela não ia gostar, ficaria de coração partido, mas era o melhor. Ele não poderia continuar naquele casamento contratual se não pudesse dar a ela o que ela realmente queria, e ele não podia.