Capítulo 5

1387 Words
RIN Ela ergueu uma sobrancelha para ele agora, com aquelas palavras sobre nunca ter tirado férias. Ela frequentemente o acompanhava em exposições e conferências, que tratavam de engenharia de computadores, lançamentos de software ou criadores de jogos buscando investimentos; coisas nas quais ele queria se envolver ou tentar comprar os direitos, se uma pequena empresa estivesse procurando por apoiadores. Dois ou três dias na companhia dele, quatro ou cinco vezes por ano, onde ficavam em hotéis cinco estrelas, faziam todas as refeições juntos, faziam sexo todas as noites e, às vezes, pela manhã, até mesmo algumas vezes à tarde. Rin considerava todos esses momentos como pequenas férias com ele, mas agora sabia que ele não pensava assim. Ela ouviu o celular dele tocar, e ele o tirou do bolso do paletó para olhar. — Preciso atender essa ligação — Ele disse e se virou para ir, mas apontou para os papéis enquanto ela os pegava de Wil — Assine isso — Ele disse a ela e se afastou para atender a chamada. Ela o observou ir embora, simplesmente se afastando sem se importar que o coração dela estivesse se enchendo de dor dentro do peito. Ela duvidava que aquele homem soubesse que ela o amava; e não haveria como convencê-lo a não se divorciar, ela sabia disso, ele já havia se afastado de forma indiferente. Ela desviou os olhos dele e de suas costas que se afastavam e olhou para os papéis. Ignorando a caneta que Wil agora lhe oferecia para assinar os papéis como Cal queria; mas ela não assinaria nada sem ler. Ela ficou ali e folheou as férias que haviam sido planejadas para ela. Seu passaporte estava anexado aos planos de viagem, era algo que ele guardava no cofre de seu escritório, para quando precisava fazer arranjos de viagem de última hora que exigiam os detalhes do passaporte dela. Ela não tinha um até se casarem e ele o organizara porque, às vezes, eles precisavam viajar para o exterior. Sim, havia uma passagem de avião de primeira classe, com algumas escalas para chegar lá, mas de primeira classe em toda a viagem. Havia acomodações em hotéis cinco estrelas em todos os lugares onde ela ficaria e traslados com motorista para todos os lugares que ela visitaria. Era bastante extenso, e havia muitos passeios para participar, todos na Itália, um lugar que ela realmente queria visitar. “Embora aqueles passeios”, ela pensou, “sejam mais coisas para casais fazerem”, ela se perguntou se a secretária dele planejara isso pensando que eles iriam juntos, em vez de ser um presente de despedida para o divórcio. Ela passou para os papéis do divórcio em si. Só duas páginas. Ela receberia a casa onde morava agora e quatro milhões de dólares no dia seguinte à finalização do divórcio, em seis semanas. Ela franziu a testa com isso, eles nunca haviam realmente discutido um acordo. Ele apenas dissera que ela receberia uma compensação pelo tempo que passou como esposa dele. Ela virou para a última página, e podia ver que ele já havia assinado e datado. Ele não apenas mandara redigir, mas garantira que isso terminasse rapidamente também. Ela ouvira o tom dele e a forma como apontara para os papéis, e ele esperava que ela assinasse agora, enquanto ele estivesse ali esperando. Ou enquanto Wil estivesse ali, afinal, Cal já havia se afastado sem se importar. Ela olhou para o seu marido de três anos, enquanto ele ainda se afastava pelo gramado, falando ao telefone. Aquela ligação era mais importante do que sequer se despedir dela. Ela entendia que ele era um homem ocupado, mas seria de se pensar que ele poderia lhe dar atenção total pelos poucos minutos que levaria para ela assinar esses papéis; ela realmente não significava nada para ele. Seus olhos se voltaram para Wil enquanto ele pigarreava, e ele estendeu a caneta para ela mais uma vez. — Por favor, assine, Marrin — Ele usou seu nome completo, assim como ela era a única a chamar Calvin de Cal, ele era o único a chamá-la de Rin. Era visto como algo íntimo, algo que faziam como marido e mulher, algo pessoal e privado só para os dois. — Você realmente espera que eu assine algo que m*l olhei? Não sou tão estúpida, William — Ela afirmou — Vou assinar depois que ler tudo direitinho e verificar se está tudo em ordem. Wil a encarou agora, parecendo um pouco chocado. — Eu lido com contratos o tempo todo, e vou compará-lo com o contrato de casamento, garantir que esteja tudo resolvido corretamente de acordo com ele. Calvin que espere, será só mais um dia de espera. Se ele está tão impaciente para se divorciar de mim, deveria ter me enviado isso ontem, quando assinou, e vindo buscar hoje de manhã — Ela disse a ele e se virou para ir embora. Ela ouviu William suspirar, mas não olhou para trás. Sim, ela notara que Calvin assinara na véspera. Ela olharia com o contrato de casamento ao lado. Naquele momento, porém, precisava de um instante para manter a compostura e não desmoronar na frente de nenhum deles, então se afastou como o próprio Calvin fizera. Ela faria como disse, e assinaria; sua palavra era boa. Ela só precisava de um momento e não queria fazer isso na frente de nenhum dos dois, então foi e se sentou lá no penhasco para ter um momento para si, como sempre fazia. Era isso. Ela estava se divorciando, ele seguiria em frente e se afastaria dela, e ela ficaria presa em algum lugar entre ainda amá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo. Odiá-lo pela maneira indiferente como isso foi entregue. Por que ele não podia tirar dez minutos do seu dia para sentar com ela, mostrar os papéis ele mesmo, explicar e assinar junto com ela ao mesmo tempo? Ela se virou e olhou para a casa. Ele já estava no carro, e ela os observou entrar e partir, e sentiu lágrimas escorrerem pelo rosto. Era isso, e ela sabia. Ele se fora, nunca mais seria visto naquela casa. Ele simplesmente a deixou sem nem mesmo um obrigado por me ajudar, ou foi bom estar casado com você, nem mesmo um “adeus, Rin”. Ele simplesmente foi embora e partiu. Ela olhou para os papéis em sua mão e os amassou um pouco. Ela teve que respirar fundo algumas vezes e disse a si mesma: — Você sabia que isso ia acontecer, engula o choro, princesa. Era um conto de fadas dentro da sua própria cabeça. Ela ficou lá em cima por um longo tempo, antes de finalmente se levantar e voltar para a casa. Uma casa que ele só vinha para subir na cama dela e satisfazer suas necessidades sexuais. Não era uma casa para onde ele vinha para relaxar e conversar. Não, afinal, ele tinha um grupo social completo de amigos na cidade para isso. Rin suspirou enquanto pegava seu laptop e entrava. Aparentemente, agora era a casa dela. Um bufar de desdém escapou dela. Sempre fora a casa dela, afinal, ele não morava ali, apenas ela. Ele comprara aquele lugar para ela morar. Ele perguntara a ela apenas uma vez, antes de se casarem: — Que tipo de casa você quer morar? Ela se lembrava de encará-lo naquele dia, e ele assentira. — Só me diga, vou garantir que você tenha um lar confortável enquanto estivermos casados. Ela nunca pensara realmente em ter uma casa própria e dera de ombros: — Algo com vista para o oceano. E essa fora a casa que ele encontrara. Se chamava Cliffside Manor, porque era exatamente isso. Ela leu os papéis do divórcio cuidadosamente enquanto se sentava e tentava almoçar. Não estava com muita fome, mas deveria comer, não podia se deixar levar por aquela mentalidade de não vou comer e se deixar murchar porque o homem que amava não a amava. Não, ela era melhor que isso, mais forte que isso. Aprendera, ainda criança, que ninguém a amava, e isso não era diferente. Ela apenas se iludira tolamente pensando que era real, quando até ela sabia que não era, sabia até por quê; porque amor era algo que ela desejava, família era algo que, como órfã, ela sempre sonhara em ter um dia.
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