3 – Eu faço o mesmo com você

987 Words
(21 de abril de 2017, Sexta-feira)    Ela caminha sorridente para sua loja, adora o que faz, seu sorriso, seu bom humor, sua felicidade se dava por conta daquelas flores. Seus significados são surpreendentes, sempre quis fazer aquilo da vida e sua família deu o maior apoio. Emma Evans, loira de cabelos lisos, vinte e cinco anos, terminou sua faculdade de botânica e com a ajuda dos pais abriram uma floricultura, a mais procurada da cidade, uma pequena alma sente orgulho, pois sempre sorri ao entrar em seu estabelecimento.   - Boa tarde, patroinha. A garota ruiva de vinte anos diz ao ver uma loira. Jean Taylor mora há algumas quadras da loja e por esse motivo fica responsável por abrir a loja. Naquele dia Emma não pode ir durante o dia todo, mas nunca ficaria sem entregar suas rosas, gosta de ver os sorrisos e expressões surpresas nos rostos das pessoas, mas também tem algo mais que a faz não falhar nenhum dia, especificamente nos últimos três meses . - Então, vai falar com ela ou não? - Sinceramente? Estou começando a pensar que ela nem gosta de mulher. Ela é muito linda, Jean, de verdade, eu sinto os olhares dela em mim, sinto que me observa, mas sempre senta longe, evita me encarar. - Então vá até ela. - É, talvez eu faça isso mesmo.             A loira sorri e fica ali por um tempo arrumando como flores na cesta, depois de prontas ela se despede da garota e sai. Sempre vai no mesmo horário, às cinco, nunca falhou nenhum dia nos três meses, de segunda a sexta estava lá, as pessoas já a conheciam e os agradeciam pela gentileza e carinho. - Para o seu dia ficar mais bonito.             Entrega a rosa para uma senhora que alimenta seu cachorrinho, ela sorri e agradece.             Assim fez até restar apenas uma flor e bom, aquela tem um destino. Mais uma vez lá estava ela, a linda mulher lhe observando, examinando cada detalhe da loira, Emma poderia se sentir m*l, mas como o fazer sabendo que ela estava lá todos os dias, durante os últimos três meses lhe observando? Esperava que uma hora ou outra a mulher viria falar com ela, esperou ansiosa por isso, mas não aconteceu, agora tomaria uma atitude, tinha que saber quem é aquela mulher, então seguiu seu caminho. Irá até ela, enfim conhecê-la. - Não, não, não, vai para o outro lado, não venha.             Franchesca diz baixo para si mesma quando ver a loira caminhando em sua direção. Seu coração dispara e sua pele formiga, há muito tempo não sentia aquilo, prefere acreditar que não é nada demais, porém é fodidamente errado, muito errado. - Olá, boa tarde. - É... oi, boa tarde.             Emma sorri fraco e pega a rosa entregando para Franchesca. - Para o seu dia ficar mais bonito. - Obrigada. - Sou Emma. – A loira oferece a mão em cumprimento. - Oh, eu... eu me chamo Franchesca. - Uau, seu nome é lindo e você tem sotaque, és de onde? - França. - Claro, francesa. – A loira sorri para a combinação perfeita - Porque? Algum problema? – A morena pergunta nervosa. - Oh, não, é que... desculpe se soar m*l, mas você é tão linda e francesa, nossa, isso é sexy. - Uou, você é rápida. – As duas sorriem. - Posso sentar? – Emma aponta para o lado da outra. - Não sei se é uma boa ideia. – Na verdade, é uma péssima ideia, pensa a morena. - Eu não mordo, quer dizer... deixa para lá. Só quero conversar, sei lá, conhecer você. - Esse é o problema, me conhecer. - Ok, vamos com calma, eu não vou pedir você em casamento, só quero conversar. Você me deve isso. Fazem três meses que você senta aqui e me observa, só não acionei a polícia porque você é tão linda, não queria acreditar que uma mulher tão linda fosse uma assassina ou estupradora. - Talvez eu seja uma das opções. – A morena tentou soar como brincadeira, mas ela sabia que de fato, é uma das opções, esse é mais um motivo para afastar aquela mulher. - Posso tentar descobrir isso, se você me deixar sentar e conversar comigo.             Franchesca respira fundo e balança a cabeça negativamente, não poderia se permitir poluir a pureza de uma mulher, não de novo. - Olha, você é linda. – A morena levanta e fica de pé em frente a loira. – E está certa, eu observei você durante esse tempo e teria feito por mais tempo se não tivesse vindo falar comigo, mas eu não posso.... não dá, eu só... gostei de você, e por isso não posso me permitir estragá-la. Não vai entender nada, nem eu entendo as vezes, mas eu não posso estragar você. Você é tão linda, tão carinhosa e entrega essas flores todos os dias, é fofo, por isso não vou... só não posso. - Você me observa? Advinha só, eu faço o mesmo com você. Passei a vir mais aqui por você, não sei quem és, pode ser que seja mesmo uma assassina ou algo pior, ok, mas eu observava você me olhando, sorrindo, esperei vir falar comigo, mas não fez, então estou aqui, acho que posso tomar uma decisão sozinha. - Eu não disse... - Então, eu posso sentar? - Você não sabe onde está se metendo. - Estou aqui para descobrir. - Ainda assim, vai se arrepender pelo resto da sua vida.             As duas se encaram por um tempo, tão intensamente que parece que suas almas estão falando por elas. - Eu iria me arrepender se não viesse aqui. Então, posso sentar?             Franchesca respira fundo. Ok, ela pode fazer isso, conversar, conhecê-la e então será fácil de resolver, é só não voltar mais naquele parque, assunto encerrado. Engano o dela, porque se ela se encantou com a mulher antes de conhecê-la, não poderia descrever a dimensão do perigo depois de ver aquele sorriso e aqueles olhos castanhos brilhando tão de perto. 
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