Capítulo 5

1528 Words
Marília não se importou com o aviso e muito menos, levou a sério a mensagem de Vinícius. Não podia ficar pensando nisso o tempo todo e com medo de tudo e todos… eram muitas coisas em sua mente e agora ter que lidar com o filho insuportável do patrão, estava lhe tirando o sono. Foi para a sala, nenhum programa na televisão prendia sua atenção ou conseguia distraí-la, ficou de um lado para o outro apenas tentando encontrar uma saída para seus problemas. Já havia se submetido a empregos com chefes terríveis para se manter, mas nenhum deles envolvia se atrevido a manter tanto aproximação e um assédio descarado. Marília Não sei o que tem acontecido comigo, eu procuro uma saída e não encontro, tantos problemas e agora mais esse e justo no trabalho. Preciso manter o foco e conseguir suportar o que está acontecendo, não posso ficar sem esse emprego e tenho que engolir tudo isso sem reclamar… ela olhou mensagens em suas redes sociais, mas não havia nada de importante. Tomou um banho quente para relaxar o corpo e mente, colocou as pernas para cima aliviando a dor de caminhar tanto todos os dias em busca de uma nova chance, adoraria ter a oportunidade de descansar muito mais do que a vida lhe permitia. Pensou que se tivesse uma família para dar apoio talvez não estaria sofrendo tanto quanto agora, amaldiçoou as circunstâncias de sua morte. De todas as dores do passado aquela era a que mais castigava e a deixava revoltada com os rumos que a vida havia dado ao seu futuro. [...] No dia seguinte, ela se arrumou bem cedo e preparou seu café da manhã e foi trabalhar normalmente, mesmo sem sentir muita vontade de fazer isso depois dos últimos dias, mas o filho do gerente deu seu jeito de mantê-la mais tempo no trabalho. Estava muito interessado nela e não podia perder a chance de se aproximar sempre que podia. A viu organizando alguns guardanapos e cardápios sobre as mesas antes da chegada da freguesia, seu corpo era belo e ele estava em chamas com aquela jovem tão amável. – Eu preciso que você fique até mais tarde essa noite, meu pai quer que eu confira algumas coisas e eu preciso da sua ajuda. – Sou apenas garçonete Diogo! – Ela respondeu prontamente, na esperança de que ele desistisse de mais essa tentativa de aproximação com ela. – Isso não te impede de ter a obrigação de me ajudar Marília, estarei te esperando depois do expediente e não aceito não como resposta! Ela detestou ter que fazer hora extra no trabalho e claro que isso parecia um desculpa para prendê-la mais tempo naquele lugar, sempre saía dali tão cansada e ter que prolongar isso ainda mais, seria terrível. Evitou ficar trocando olhares com ele, não queria ser confundida com uma alpinista social que estaria disposta a ceder a um flerte para ter privilégios no trabalho. Ela fez seu trabalho e serviu as mesas tentando manter um sorriso no rosto ainda que estivesse exausta, após o término e de arrumar todas as mesas desocupadas, revisou o estoque com o filho do gerente até altas horas… odiava os olhares dele para ela e que nunca foram nada inocentes. – Acho que por hoje é tudo Marília! Ela suspirou com aquele “finalmente”, saiu dali e arrumou sua bolsa, passou pelo salão do restaurante onde alguns ainda estavam, despediu-se dos colegas da cozinha e foi para casa já muito cansada. Marília Eu nunca gostava de voltar para casa sozinha quando trabalhava até tarde e quando isso acontecia, sempre havia alguém de carro por lá para me oferecer uma carona segura, mas dessa vez não havia carona nenhuma e eu não tinha dinheiro para um Uber. A vontade de cair na minha cama e encerrar esse dia de uma vez por todas me fez apressar. Sempre tive vontade de ter uma oportunidade melhor, mas aquele restaurante estava se tornando a cruz da minha vida. Como se não bastasse a rotina desgastante e dura, ainda tenho que me desfazer daquele moleque o tempo todo. Andei algumas esquinas e tive uma sensação estranha de estar sendo seguida por alguém… olhava para trás a cada três passos e me sentia em um filme de terror naquela rua escura. Fiquei com receio de andar com o celular nas mãos e que isso atraísse ainda mais o olhar de uma pessoa m*l intencionada, tudo o que eu podia fazer era continuar indo em frente e torcendo para que nada de r**m acontecesse. – Hoje não é o meu dia, aliás essa não foi a minha semana! – Resmunguei quase de boca fechada. Apressei o passo e tirei rapidamente as chaves de dentro da minha bolsa cheia de milhares de coisas inúteis, quando consegui enfiar a chave na fechadura, uma sombra encobriu a minha e eu quase infartei de pavor. Era Diogo, que chegou de repente deixando-me muito assustada… respirei profundamente e olhei em seus olhos. – Você não pode me abordar desse jeito na minha casa, ficou maluco? Ele sorriu, não sei como conseguia achar divertido me dar um susto tão grande como esse. – Deixa de ser boba Marília, me deixa entrar e te fazer companhia. – Diogo insistiu. Tentei fazer aquele paspalho sair de perto e desistir dessa bobagem enquanto eu tentava me controlar do pavor que tive segundos atrás, mas ele era muito mais forte e eu fiquei com muito medo do que poderia fazer comigo, ali altas horas da noite e na frente da minha casa. Se era safado o bastante para me cercar na frente de todos, não faltaria coragem para tentar algo pior aqui, onde estamos apenas nós dois. Eu achei que estava perdida, mas de uma forma ou de outra ele me pagaria caro se tocasse em mim. A coisa mais inesperável desse mundo aconteceu, Vinícius apareceu e deu um baita empurrão em Diogo que por pouco não caiu. – Não ouviu a moça te pedir para sair? – Ele tinha tanta voracidade no olhar e na fala, que Diogo até quis revidar, mas sabia que não ganharia essa. – Vá para casa, aliás levem-no da minha frente! Vinícius pediu aos seus motoristas que levassem Diogo para casa, ele e eu ficamos nos olhando alguns segundos. Vi os dois homens o colocarem dentro do carro e eu achei que Vinícius me perguntaria se eu estava machucada ou ainda temia, mas tudo o que ele sabe fazer ao me ver e me salvar é dar bronca. – Eu não posso te salvar o tempo todo garota! Você parece não me ouvir ou faz isso de propósito, acho até que mereceu passar por isso por tamanha imprudência! Já que estava disposto a me repreender, eu tratei de dar uma resposta à altura. – E você como sempre só sabe criticar tudo o que eu faço, por acaso anda me seguindo ou quê? – Eu perguntei e ele meio que desviou o olhar, orgulhoso e turrão. – Mas é claro que não é isso, seria um absurdo completo. Por que eu seguiria uma sonsa como você? – Quem me deve explicação é você, por que está aqui na porta da minha casa a essa hora da noite… veio ouvir os grilos cantarem? – Coloquei a mão na cintura, Vinícius nunca admitiria isso e eu estava perdendo o meu precioso tempo com aquela discussão. Aquele barulho na porta da minha casa estava se tornando um palco e os vizinhos já acendiam as luzes para saber o que estava acontecendo comigo. Sei que seria fofoca para a semana inteira. Eu estava louca para entrar e descansar finalmente. Vinícius suspirou e tomou as chaves da minha mão que ainda tremia e abriu a porta, me senti injustiçada pelo sermão dele mais uma vez. Mas o que posso fazer, parece que a vida sempre dá um jeito de colocar esse homem no meu caminho e me salvar, mesmo que eu não queira. Entrei em casa e ele foi embora, simples assim e sem ao menos esperar agradecer pelo que fez por mim. Acho que ele ficou com medo das minhas perguntas e tratou de cair fora bem rápido, fez bem… eu iria perguntar tudo o que está aqui martelando na minha cabeça. – O que diabos ele fazia aqui a essa hora? Não quero nem pensar na resposta! Tenho que ser mais esperta e evitar caminhar sozinha de volta para casa, espero que amanhã ninguém invente de me pedir para trabalhar até tarde, depois dessa acho que só mesmo, uma boa noite de sono para desfazer. Isso se eu conseguir apagar depois de tanto medo e esse dia conturbado. [...] Vinícius seguiu de volta para casa depois do que havia acontecido, precisava pensar em uma forma de evitar que Marília voltasse sozinha para casa ou que algo assim voltasse a acontecer com ela. Com aquele jeito duro e perseverante dela, seria muito difícil conseguir que o obedecesse e justamente isso o estava deixando inquieto. – Garota teimosa, marrenta… eu disse para tomar cuidado, mas ela não me escuta. Tenho que dar um jeito em você Marília e bem rápido!
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