UMA INFELICIDADE

1727 Words
Matilde logo que chegou em casa dos pais sentiu-se estranha e não sabia qual era a razão. Slayer raramente ia com ela para la e a causa era bem fácil de ser descoberto desde desentendimentos que acabaram ganhando uma solução que teve que levar muito tempo para ser alcançado. O silencio reinava na casa e assim mais a o sentimento estranho lhe atingia de uma forma intensa e quando caminhava em direção da sala descobriu que a angustia crescia no seu interior e estava chateada em não ter sido acompanhada pelo seu parceiro que não queria colaborar tanto assim nos últimos tempos e isso lhe fazia desconfiar que o marido tivesse uma amante que lhe fazia perder o seu espaço. – Licença em casa. – ela disse pela quinta vez na ausência da resposta. Não demorou para ouvir uma voz bem familiar tempos em tempos como se de um choro contido se tratasse, então ela prestou atenção para poder descobrir de quem era ate que conseguiu perceber que era a voz da senhora Zubaida, a sua mãe que por uma razão chorava. Passava muito tempo sem que a Matilde escutasse a voz da mãe em um choro mesmo com o problema grave do seu pai que preocupava a todos, no entanto os mesmos não apareciam para dar um suporte que era extremamente necessário para um homem que estava morrendo aos poucos com um conjunto de doenças que não tinha nenhuma cura, coisa que só trazia mais sofrimento para todos. – Mãe? O que se passa? – as palavras da Matilde soaram quando ela viu a sua mãe ajoelhada na superfície perto da cama, numa posição digna de uma oração. Matilde conseguiu ver a mãe na fresta deixada na porta, onde somente via a sua mãe, então lentamente e como se estivesse temendo algo ela se aproximou do quarto e infelizmente pode ver a pior cena da sua vida que nunca pensara que um dia visse. Chocada ficou e parou os seus passos ainda com a sua mão encostada na porta que estava prestes a fechar atras dela mesma. Uma mistura de sentimentos e emoções se gerou no seu interior e deslizaram no seu exterior por alguns segundos. Senhora Zubaida continuava com a cabeça baixa e chorando mesmo depois de ter se apercebido da presença da sua filha que ainda continuava sem nenhum movimento, num bloqueio paralisante que ela lutava contra, para poder sair daquela situação para alguma solução, no entanto nenhum solução existia alem de continuar olhando para depois lamentar, onde se trata de um evento sem nenhuma forma de reverter para poder botar novamente um sorriso no rosto de todos que já sofreram por uma alma que estava dentro de um corpo extremamente débil e em decomposição. – Por favor minha filha, não olhe. – no meio do choro Zubaida disse para a sua filha. A dona da casa continuava na mesma posição para o que parecia um bloqueio planejado por um demónio forte de uma legião nunca invocada na historia. – Eu... – Matilde tentou dizer algo, mas as suas palavras morreram na boca antes de apreciarem o exterior. Não podia ser; o seu pai estava morto, sim, infelizmente morto, sem nenhum folego. A mulher do ex medico suspirou tendo desistido de continuar a sua fala que havia começado com um pronome pessoal. O seu pai estava acabado, literalmente e mesmo que ainda estivesse em vida, seria ainda mais um grande sofrimento, não somente para ele, mas para as pessoas que dele cuidavam. Era o fim de tudo e em simultâneo o descanso de uma alma que sofrera de uma forma que nenhuma outra alma merecia, bem nenhuma alma merece sofrimento, porem era assim como as duas mulheres, mãe e filha pensavam. O que restava no corpo do homem mais sem vida era apenas um conjunto de ossos, com uma forma esquelética que chamava um pavor incontrolável a todos os olhos que ousassem em olhar para o homem já falecido. Não passaram mais minutos amais antes da Matilde também entrar no choro de ver e de saber que aquele era o ultimo dia que veria o seu pai, para piorar já se encontrava sem nenhum folego. A barriga do homem estava beijando as suas costas de tao magro que estava. A sua cor natural havia falecido e uma palidez rigorosa havia se instalado na sua pele. De certeza que se continuasse em vida não conseguiria mais andar, porque as suas pernas haviam literalmente secadas e as suas mãos também. Ele nos últimos tempos que a filha não conseguira acompanhá-lo ele era totalmente dependente da esposa, a Zubaida que se despidia dele a cada dia que passava. A forte mulher conseguia ver que aqueles dias eram os seus últimos de vida. Uma das coisas que mais lhe doeu foi quando o marido parou de falar. Parecia um bebê que era totalmente dependente e, parecia um bebê mudo. Zubaida se segurava para não chorar em frente do homem, no entanto quando chegasse o momento, ela corria até um canto e chorava para valer. Ela tinha certeza que infelizmente os dias da alma daquele homem estavam contados. Roberto precisava descansar depois de tanto sofrimento que sentiu e que causou principalmente a sua esposa. A sua família nunca aparecia para lhe ajudar, aparecera nos dias que ele ainda tinha uma boa saúde e isso foi como uma espada atravessasse a Zubaida e tendo causado uma ferida enorme que nunca mais se fecharia. Olhando para a sua filha Zubaida disse outra coisa que primeiro espantou Matilde, no entanto depois ela pôde perceber o que a mãe realmente queria dizer: – Finalmente o seu pai se foi! – Como assim mãe. – estranhando as palavras da sua mãe ela disse. – Ele merecia um descanso. Lutamos e lutamos, mas não conseguimos. Fizemos o nosso melhor, mas não era para ser. Matilde em silêncio olhou para a sua mãe e pôde perceber o significado das anteriores palavras. Em seguida as duas choraram e choraram até que um grupo de vizinhos chegou na casa e viu o horrível cenário. Não tardou que a informação se espalhasse pelo bairro e em seguida pelo distrito inteiro. Moamba estava preparado para deixar mais uma alma descansar. Slayer tendo também recebido a informação participou de toda a preparação do enterro do seu sogro. A dor era imensa que viu a sua esposa chorando por meses. Foi algo que lhe preocupou tanto que até pensou em procurar por um especialista para ajudar a sua esposa que se encontrava inconsolável. Slayer tentava uma coisa e outra para fazer a esposa superar a dor, mas não funcionava e a mãe da mesma estava melhor em reação a sua filha. Matilde tivera uma grande conexão com o seu pai, então por isso que a partida dele lhe afetou drasticamente e para poder suportar para depois superar era muito, mas muito difícil para ele. Quando a dor estava dando cabo da sua esposa Slayer ficava cada vez pior e ficava agrecivo com as pessoas ao seu redor, no entanto exceto para a sua esposa e a sua sogra que agora os dois se entendiam depois que conversaram vendo a situação da Matilde que já não comia, estando num estado depressivo mesmo. Slayer quando voltava da oficina tendo organizado as economias do casal, sentava e tentava conversar com a sua esposa para poder lhe ajudar de uma forma eficiente e rápida ela superar aquelaa dor, porém não era nada fácil, no entanto ele nunca desistia. A situação das suas alucinações precisam que estavam melhores, graças a algumas drogas que andou a pesquisar e comprou, mas isso só por um pouco tempo, pois disso teve consequências que lhe fizeram desistir sem ninguém lhe sugerir. Ele estava morrendo aos poucos e a pessoa que lhe podia ajudar naquele momento ainda estava sofrendo por conta da perda. O ex médico estava entrando no quarto com uma bandeja com bolo e um sumo de laranja. Deitada na cama Matilde tinha o seu olhar vidrado no teto como se esperasse o seu pai algo dissesse. Joaquim antes de se aproximar d sua esposa, parou e olhou para ela e não a reconhecia. Era muito estranha lhe ver daquele jeito, acabada e sofrendo e não poder fazer nada era o mais angustiante para ele. – Amor, trago o que nós gostamos. – Slayer tentou lhe animar com uma voz alegre, mas foi como se ele não tivesse aberto a boca e como se não existisse diante dela. Perdida alí ela continuava e nela Slayer se via, pois quando ficava abatido tinha o mesmo comportamento que o da sua esposa. Mesmo tendo recebido como resposta um silêncio áspero o homem não desistiu e chegou e sentou na cama, com ela. Não lhe obrigou a nada, a coisa que fez foi deixar a bandeja na cama e convidá-la para conto com ele comesse. – Vamos comer, meu amor! Eu fiz com todo amor para meu amor! – ele disse com muito carinho. Mesmo estando num estado complicado, Matilde foi tocada pelas palavras do seu amado esposo e de imediato virou para a sua direção. – Mas porquê que elas tem que ir embora? – colocou uma pergunta que praticamente é uma retórica, no entanto Slayer pôde responder mesmo assim. – Porque é o caminho de todos. O que nós podemos fazer é continuar a viver e fazendo as boas coisas para orgulhar a todas elas. Matilde olhou no fundo dos olhos do parceiro e disse: – Você é a primeira pessoa que responde a uma questão dessas. Eu cresci pensando que fosse uma retórica, mesmo as pessoas adultas tentando me fazer pensar o contrário com as suas filosofias, porém a sua filosofia está fazendo sentido para o estado em que eu estou. Foi nesse dia que Matilde finalmente voltou aos poucos a Matilde que Slayer conhecia e no mesmo dia ela pôde comer a refeição confeccionada pelo seu amado esposo. – Eu estou aqui para isso. Marcar a diferença em sua vida. – disse Slayer e com essas palavras conseguiu inspirar a sua amada que em seguida conseguiu sorrir por escassos segundos. – Eu te amo, Joaquim Slayer! – ela disse se aproximando do outro aos poucos como se quisesse lhe surpreender. – Eu te amo ainda mais, Matilde Slayer! Entre os dois houve um abraço e em seguida um beijo.
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