Acordei de madrugada suando frio, mais um pesadelo, há dois meses venho tendo esses sonhos estranhos: Estou na beira de um penhasco com minha vassoura e então começa a chover forte, sempre tem alguém comigo, mas nunca consigo ver quem é a pessoa, todas as vezes eu acordo antes de descobrir.
Desço as escadas do meu quarto e vou para a sala comunal, que por sinal ainda estava com as luzes acesas.
— O que está fazendo acordada a essa hora? — Olho para o lado e vejo o garoto do trem sentado em uma das poltronas grandes.
— Não que seja da sua conta, mas não estou conseguindo dormir. — Jogo-me no sofá e o encaro — E você, menino do trem?
— Eu não costumo dormir cedo.
— O próprio Drácula. — Dou risada.
— Por que veio para Hogwarts?
— Assuntos pessoais.
— Tipo?
— Eu não vou te contar, menino do trem, eu nem te conheço. — Ele parecia surpreso e me encarou.
— Draco... Draco Malfoy.
— Por pouco eu não acertei. — Sorri — Alhena Virgo, é um prazer te conhecer.
— Virgo, é?
— Não venha caçoar do meu nome, Draco.
— Por que estava brigando com a Astória?
— Ela me ofendeu, não vou deixar ninguém desonrar minha família.
— Bravinha você. — Deu risada — Tá afim de conhecer o castelo?
— Não, eu preciso ir dormir. — Levanto-me e o encaro, ele parecia surpreso, com certeza não estava acostumado a ouvir não — Boa noite.
— Boa noite.
Estou exausta essa manhã, não consegui sequer dar um nó em minha gravata, cheguei ao salão comunal e me sentei na mesa da grifinória, não tinha muitas pessoas ainda, mas Gina e Hermione madrugaram para chegar cedo no salão principal.
— Não dormiu a noite? — perguntou Gina, enquanto arrumava minha gravata.
— Eu tive um sonho r**m, fiquei acordada por um tempo, mas um garoto me fez companhia.
— Que garoto? — Gina me empurrou de canto e Hermione sorriu.
— Um loiro, Draco, ele é bem bonitinho. — As duas se olharam e voltaram a me encarar.
— Draco Malfoy?
— Sim, conhecem?
— E como — exclamou Hermione. — Não é uma boa pessoa.
— Sério? — Olhei para a mesa da sonserina, ele estava sentado entre alguns colegas e sorriu para mim — Deveriam dar uma chance a ele.
— Nem mesmo se a minha vida dependesse disso. — Gina parecia furiosa.
— Certo. — Encarei meu café — Eu preciso ir pegar algumas coisas que esqueci, encontro vocês na aula?
— Claro.
Me levantei e fui correndo pegar meus livros na sala comunal. Como esperado, me perdi nos corredores, vai ser ótimo começar as aulas já atrasando, chego na sala e bato na porta chamando toda a atenção para mim.
— Pois não? — perguntou o professor se virando para mim. — Está atrasada, senhorita Virgo.
— Eu me perdi nos corredores, não vai se repetir. — Fiquei em pé o encarando.
— Precisa de um mapa para encontrar o seu lugar? — Me encarou, quase que me fuzilando com seus olhos.
— Não professor... — Vejo seu nome na lousa — Snape. Mas agradeço a sua bondade, se puder me dar um do castelo, ficarei muito feliz. — Sentei-me ao lado de um grifinório e todos riram.
— Tenho certeza de que se prestasse mais atenção e parasse de fazer piadas inadequadas encontraria a sala rapidamente.
— Duvido! Mesmo que Merlin pegasse minha mão e me trouxesse, eu não encontraria! Esse castelo é imenso. — Todos continuaram rindo, o professor parecia furioso, por um momento eu até pensei que ele iria me matar ali, na frente de todos.
— É claro. Percebo que todos gostaram da sua presença, senhorita Virgo. — Caminhou para a frente da sala — Já que acham devidamente apropriado interromper minha aula e ficarem rindo, acredito que não vão se importar de me entregarem um pergaminho de trinta centímetros, explicando as diferenças entre um bicho-papão e um dementador, e como se defender deles. — Todos pareciam irritados com a decisão — Já ia me esquecendo, menos dez pontos para a sonserina.
— Muito obrigado. — Um garoto cochichou.
(...)
— Acredite não é sua culpa — exclamou Harry.
— Snape só fica esperando os alunos darem brecha para ele tirar pontos de suas casas — completou Rony. — É até uma surpresa ele tirar pontos da sonserina.
— Alhena! — Uma voz gritou e nós viramos — Me esperem.
— Esse é o Neville — disse Rony.
— O Dumbledore, quer ver você — disse Neville, tentando recuperar o fôlego.
— Agora ferrou, onde é a sala dele?
Após os garotos me explicarem como chegar na sala do diretor, e alguns fantasmas me ajudarem, eu encontrei a entrada da sala. Fiquei a olhando tentando descobrir como entraria, até ela começar a se mover sozinha, tinha algumas pessoas descendo. Ouvi alguns sussurros e Draco apareceu com um homem loiro um pouco mais alto do que ele, passaram tão rápido que quase não consigo entrar na sala.
— Com licença? — Bato na porta.
— Aí está você! — O diretor sorriu como se estivesse indo ao parque de diversões pela primeira vez — Pode sentar. — Apenas obedeço suas ordens — Como está sendo seu dia?
— Agradável e o seu? — Dumbledore ficou surpreso, será que as pessoas não fazem essa pergunta para ele?
— Estou muito bem, creio que saiba o porquê de estar aqui? — Confirmo com a cabeça — Snape não gosta que os alunos o desafiem, se precisar de ajuda para conhecer o castelo pode pedir aos monitores.
— Se ele fosse um pouco mais educado. — O diretor começa a gargalhar.
— Temos que aprender a lidar com os defeitos dos outros Alhena, espero que essa situação não se repita. Poderia me fazer um favor? — Saio da sala do diretor com alguns pergaminhos na mão, pois Dumbledore me pediu para entregar ao Draco.
Estava andando pelos corredores e o avisto de longe, ainda com o homem loiro. Me aproximo aos poucos e percebo o olhar do homem fixado em mim.
— Com licença, Draco? — O garoto deu um pulo e me olhou — O diretor me pediu para te entregar esses pergaminhos.
— Ah, obrigado. — Ele pegou e ficou me olhando — Pai, essa é a Alhena.
— Alhena Virgo — completei estendendo minha mão. — É um prazer conhecê-lo.
— Lucius Malfoy. — Apertou minha mão enquanto me encarava — Virgo, é?
— Sim.
— Filha de Genevieve e Klaus Virgo?
— Conhece meus pais?
— Estudei com seu pai, um homem interessante. Ao contrário de sua mãe, uma cabeça dura.
— Creio que compartilhem essa característica. — Draco arregalou os olhos assustado, enquanto seu pai me fuzilava com os olhos.
— Percebo que herdou a ironia e ignorância de seu pai — retrucou.
— Velhos hábitos nunca mudam. — O homem ficou sério me olhando, Draco já estava mais vermelho do que um tomate.
— Eu preciso ir, foi um prazer te conhecer Alhena. Até logo, Draco.
— Até pai. — Rapidamente o homem virou o grande corredor e então Draco deu risada.
— Você está tentando morrer? Primeiro Snape e agora meu pai.
— Eles são bem prepotentes, não acha?
— Sim, eu jamais falaria assim com meu pai.
Draco e eu ficamos conversando por um bom tempo, até irmos para nossas aulas, ele não parecia o monstro que as meninas falavam, mas as aparências enganam.