Tula
Não sei o que vou fazer, não tenho o que fazer, preciso arrumar um lugar para ficar.
Talvez encontrar algum emprego, mas quem daria um emprego a uma quase ignorante que nunca trabalhou na vida e ainda por cima menor de idade sem estudo algum.
Choro por perceber que sou uma inútil nessa vida, as vezes pergunto a Deus o porque de vir a esse mundo, mais infelizmente não tenho resposta, acho que nem ele sabe o porque!
Eu me condeno novamente por algo que eu nem tenho culpa.
Mais também sei que nem Deus
não tem culpa alguma, sobre nada disso.
E também não sei quase nada sobre ele, mas o pouco que sei faz-me acreditar de que existe um
propósito para tudo isso que estou a passar e sei que estou a ser boba por acreditar que tudo vai ficar bem, mesmo que não pareça isso.
Continuo chorando porque sei que nada vai ficar bem daqui para frente.
Eu sei que nada vai ficar bem, não quero ficar na rua, a rua é perigosa, a maldade das pessoas não tem limite, mas não posso voltar nunca
mais para aquele lugar, nem em pensamentos!
Limpo o meu rosto com a minha blusa.
Pego na minha mochila abro-a, pego uma das garrafinhas de água que provavelmente já deve estar que quente, mas não vou reclamar pois é ela que vai matar a minha sede.
Bebo um gole, após outro só para matar um pouco a minha sede, depois guardo a, novamente na mochila e tiro o meu pote de
biscoitos e tiro alguns, volto a fechar o potinho na mochila.
Coloco uma quantidade na boca sei que não é muito, mais da para enganar o estômago, por algum tempo.
Guardo o todo o conteúdo na mochila, me levanto do banco e começo a caminhar. Já não sei se estou na mesma cidade, provavelmente não estou,
pois vejo uma placa na minha frente escrito Califórnia, vou nessa mesma direcção e não paro em momento algum, desde que sai daquela praça.
Continuo andando bastante, e os meus pés doem muito, devem estar cheios de calos.
Não sei que horas são, só sei que já passa de madrugada, havia andando o dia inteiro praticamente.
Já estou aflita e preciso de usar um banheiro.
Penso comigo mesmo, e a minha bexiga só falta explodir de tanto xixi, acumulado que tem nela.
Mas a frente vejo um posto onde alguns carros param para abastece.
Sigo em frente e para a uma certa distância, paro por algum tempo não vejo ninguém, de olho para todos os lados e continuo não vendo ninguém que possa me indicar um banheiro naquele estabelecimento.
Então decido procurar por me mesma.
Vou dando a volta pelo estabelecimento e encontro
um lugar com um letreiro na porta escrito WC, e com desenho de uma mulher em uma porta e de um homem em outra.
Então vou logo entrado para fazer o xixi, e me lavar um pouco porque estou muito suja.
Feitas as minhas necessidades, tiro um pequeno pano, molho e vou me limpando.
O rosto, braços, tiro a minha blusa e calças, e procuro me lavar o máximo possível naquele banheiro publico.
Terminada a minha cessão de lavagem ao meu corpo, troco de roupa, visto outra roupa mas
limpa, rapidamente antes que alguém apareça e me pague lá.
Depois de limpa e já troque a minha roupa.
Saio do banheiro não antes de aproveitar para tirar um pouco de água da torneira para beber,
pois não sei se terei a mesma sorte já que não tenho, nem onde, e nem quem pedir outra água.
Saio do banheiro vou andado até encontrar uma praça ai perto, olho para os lados e não vejo ninguém.
Então procuro um lugar ai mesmo para poder dormir essa noite.
Encontro um lugar que faz menos frio, me aconchego ali mesmo, pego no meu cobertor, me cubro e acabo por pegar no sono rapidamente, por causa do cansaço.
Acordo no dia seguinte sentindo já a movimentação na rua, assim como as buzinas dos carros, e alguns outros barrulhos mais
altos.
Levanto rapidamente, e vou de novo ao banheiro de antes, lavo a caro e os dentes, faço todas as minhas necessidades e saio rápido de lá,
para não correr o risco de ser pega dessa vez por alguém, não posso me arriscar a isso.
Ajeito o meu cobertor na minha mochila, guardando a bem e vou caminhando de novo sem destino de novo.
Vou vagando pela cidade até encontrar, um lugar mais movimentado que mais parece ser
um centro da cidade.
Então fique alguns dias lá nesta cidade, vivendo na rua, entre os moradores de rua mais sem
nunca ter contacto com eles, era sempre eles lá e eu aqui, era melhor assim.
Mais sempre ia usando aquele banheiro, todos os dias para fazer as minhas necessidades básicas,
as vezes até me limpava ali mesmo, mas todo nas pressas para não ser pega por algum, mesmo a água eu buscava lá nem.
Com o tempo fui lavando carros e vidros, e com o que recebia usava para as minhas refeições, era pouco mais dava, era melhor que não ter nada, e assim fui sobrevivendo naquela cidade
grande.
Até que um dia um senhoria me aproximo perguntando o que fazia lá, então eu disso que não tinha onde ficar nem um emprego, então ela me ofereceu para ser a sua diarista,
pra estar a arrumar a sua casa duas vezes por semana, e também disso que a sua filha também precisava de alguém para a ajudar em mesma
Coisa.
E assim foi, eu arrumava a sua casa terças e sextas e a da sua filha segundas e quintas.
E assim foi por pelo menos três meses.
E eu consegui arrumar um sitio para morar e guardar algumas economias para em qualquer caso.
Algum tempo depois, já se passavam três meses, ainda continuei a passar m*l, mas não
sabia o que era, e continuei sem ir ao medico por falta de dinheiro.
E assim o tempo foi passando.
Hoje acordei cedo decidir ir cedo na casa da dona Marina.
Chegando lá ela me disse que já
não precisava mais dos meus serviços, pois iria viajar com a filha para uma consulta fora, e não
tinha data de volta.
E falou para eu voltar só na quinta-feira pra pegar o pagamento do mês.
Chegado o dia fui a sua casa dela levar o dinheiro, mais após receber o valor, percebi que ele me deu um dinheiro a mais.
Tentei não aceitar, mas não me fiz de orgulhosa pois precisava do dinheiro.
E também ela me deu umas roupas que eram das suas netas, já que ela tinham muitas roupas e estavam para mandar para uma instituição
de caridade e então ela, decido então separar alguma para mim.
Agradeci bastante a dona Marina por ter me ajudado quando mais precisei e fui me embora.
Saio dali desolada, sem ter aquém me consolar.
Volto para o meu barraco e começo a chorar, sem saber qual o passo a seguir daqui para frente.
Sinto o meu corpo, cada vez mais estranho, e as minhas emoções já começam a oscilar, fico cada vez mais confusa.
Já em casa vou directo para o meu colchonete, e pego logo no sou, sem querer pensar em mais
nada, apago completamente.