✍️ Narrado por Rey Joguei Pardal no banco do carona com mais força do que cuidado. O desgraçado caiu mole, cabeça pendendo pro lado, igual boneco de posto depois do vento. Entrei do outro lado, liguei o carro, e foi no balanço da rua que ele começou a dar sinal de vida. Primeiro foi um ronco esquisito, depois um pigarro, até que os olhos arregalaram de uma vez. Ele deu um pulo no banco, suado, ofegante: — “c*****o, patrão! Eu morri, foi???” — a voz dele saiu esganiçada, mão batendo no próprio peito como se conferisse o coração. — “p***a, eu vi um túnel, vi luz, vi minha vó me chamando no quintal com uma bandeja de cuscuz… foi isso, né? Eu morri!” Quase bati o carro de tanto rir, mas disfarcei com ódio: — “Tu morreu nada, viado. Tu só desmaiou que nem galinha sem pescoço quando a luz a

