✍️ Narrado por Rey O carro engoliu a avenida como fera solta. O ronco do motor se misturava ao barulho das motos dos vapores atrás, cada giro lembrando que aquela caçada não era mais só de homem contra homem era de sangue contra destino. A fumaça do Marlboro ardia no pulmão, mas eu não sentia nada. Só a imagem dela. A foto amassada na minha mão, a barriga redonda, o sorriso leve. Cinco meses. Cinco meses do meu veneno correndo nela. — “Hoje tu não foge, v***a…” rosnei pro volante, a corrente batendo forte no peito. — “Hoje o feitiço encontra o feiticeiro.” O rádio chiou de novo, a voz do vapor vibrando com a pressa: — “Chefe, ela tá no embarque. Ônibus grande, linha interestadual. Já tá subindo a escada.” Meu coração bateu seco, como disparo. A visão ficou turva de raiva e certeza.

