✍️ Narrado por Rey O corpo do Pardal pesava no meu braço, o sangue quente escorrendo entre meus dedos e pingando no chão da viela. A respiração dele vinha curta, ruidosa, igual motor engasgando. A lembrança da velha queimava dentro da minha cabeça, cada palavra dela soando como maldição que se cumpre: “Ele vai ser o único que entra na frente da bala pra salvar tua vida.” Engoli seco, pressionei a mão na ferida da barriga dele e rosnei baixo, quase no ouvido: — “Tu não morre hoje, viado. Ouviu? Hoje não. Se tu morrer agora, eu mesmo te trago de volta na porrada, caralho.” Ele tentou rir, mas só tossiu sangue, manchando meu moletom. Puxei o rádio do colete, a voz firme mesmo com a raiva queimando. — “Aqui é o patrão. Preciso de cobertura na Viela do Carvão, lado leste. Dois no telhado

