📓 NARRADO POR SIMONE As rodas do ônibus já tinham sumido no asfalto quando os vapores me empurraram pro carro deles. Eu tremia da cabeça aos pés, tentando respirar, mas o choro não parava de me rasgar. O rosto da Lívia presa no braço daquele homem não saía da minha cabeça. O desespero dela, o cano da arma encostando na minha barriga… eu sentia até agora o frio metálico na pele. O caminho até o morro foi silêncio e tensão. Eu só ouvia os motores, o rádio chiando com vozes de outros homens e as risadas secas deles quando me viam chorando. Tentei falar, implorar, mas cada palavra era cortada com um “cala a boca” ou o som de ferro sendo batido contra o painel. Quando chegamos lá em cima, o sol já começava a cair. Me arrastaram até uma casa pequena, quase escondida entre os becos. Do lado de

