📓 NARRADO POR LÍVIA Segurei o vestido contra o peito, mas a verdade é que eu queria arrancar minha própria pele fora. Era isso que eu sentia sempre que lembrava. Respirei fundo, engoli seco e encarei o homem que o morro chamava de rei, mas que naquele momento era só o Reinaldo, o único que eu precisava que me ouvisse. — “Se a gente vai ter um relacionamento de verdade, Reinaldo… eu preciso te contar algo da minha adolescência.” A voz saiu trêmula, mas firme. Ele não falou nada. Só me puxou, me sentou na cama e ficou de frente, os olhos duros, mandíbula travada. Era silêncio, mas um silêncio que pesava como juramento. Eu fechei os olhos e comecei a falar. — “Eu cresci numa casa pequena, simples… mas que parecia enorme quando vinha o silêncio. Minha mãe trabalhava o dia inteiro, me deix

