✍️ Narrado por Lívia A tarde tava quente, abafada, o tipo de calor que gruda na pele e pesa até no pensamento. Eu tava no salão, ajeitando umas escovas na prateleira, quando a Simone encostou na porta. O olhar dela já dizia que vinha coisa. Ela respirou fundo, ajeitou a bolsa no ombro e soltou, meio cabreira: — “Amiga… o Marcelo tá estranho. Distante. Fui lá na casa dele ontem e…” Parou, mordendo o lábio, como se tivesse medo de falar mais. Eu virei o rosto, tentando disfarçar o arrepio que o nome trouxe. Marcelo. O homem que apareceu de repente, cheio de sombra e silêncio, mas que deixava rastro até no ar. — “E…?” — incentivei, mexendo no pote de creme só pra não entregar a ansiedade que subia. Ela suspirou, a voz baixa, quase confissão: — “Ele m*l abriu a porta. Disse que tava can

