✍️ Narrado por Lívia O quarto tava um caos de mala aberta, roupa espalhada, gaveta revirada. Eu enfiava as coisas sem nem dobrar direito, só queria sumir dali antes que a coragem evaporasse. O coração batia na garganta, mas eu tentava manter as mãos firmes — cada peça de roupa na mala era um passo pra longe daquela sombra que crescia no meu peito. A janela aberta deixava o barulho da rua entrar: buzina, criança brincando, cachorro latindo. Mas parecia tudo distante, como se eu estivesse atrás de um vidro grosso. Eu só ouvia o som do zíper fechando e minha própria respiração acelerada. De repente, a porta do apartamento bateu. O barulho ecoou no corredor e antes mesmo de eu entender, a Simone entrou correndo, os olhos vermelhos, rosto molhado de choro. — “Lívia!” — a voz dela saiu quebr

