✍️ Narrado por Rey O som dos tiros de comemoração ecoava pelo Cruzeiro inteiro. Cada disparo pro alto era grito de vitória, era aviso pros quatro cantos: o morro resistiu. Fogos explodiam no céu, rojões riscavam o ar como se fosse festa de ano novo, mas o gosto que eu tinha na boca era de ferro, sangue e pólvora. Não tinha sorriso. Não tinha alívio. Só uma missão: salvar o viado que se jogou na frente da bala por mim. Carreguei o Pardal no braço, o corpo mole, o sangue quente ensopando meu moletom. Cada passo pela viela era pesado, mas os becos se abriam pra minha passagem. Gente batendo palma, gritando “é o Rei, c*****o!”, mas eu só via o rosto apagado dele. A viela abriu passagem até o posto do morro. E não era barraco caindo aos pedaços, não era posto mesmo, erguido com dinheiro do

