Manu Narrando
Assim que desliguei a ligação, minhas mãos ainda tremiam. Eu tava sentada na beira da cama, com o celular virado pra baixo sobre o colchão, como se aquele objeto pequeno tivesse acabado de sugar o resto da minha energia. O quarto parecia mais abafado de repente, como se o ar tivesse ficado mais denso, mais pesado, difícil de puxar. Eu senti uma pressão estranha no peito, como se meu coração tivesse batendo dentro da garganta.
Respirei fundo. Uma, duas, três vezes. Fechei os olhos tentando me acalmar, mas o barulho da voz dele ainda martelava na minha mente. O tom agressivo, o jeito como ele gritou, como me ameaçou... aquilo mexeu comigo de um jeito que eu não esperava. E não era medo. Não dele. Era um misto de indignação, de nojo, de raiva, de... decepção, talvez. Porque me
