Piloto narrando (continuação) Fiquei ali, na frente do banheiro, igual segurança de boate. Braço cruzado, semblante fechado, tragando meu cigarro sem pressa. A cabeça fervendo, o peito batendo seco. Era raiva, era ciúme, era orgulho ferido e aquele c*****o todo que ela sempre despertava em mim — e que eu fingia que não sentia. Uns cinco minutos depois, a porta abriu. Ela saiu. Melissa. De shortinho colado, top de amarrar, a pele brilhando de suor e perfume doce, com aquele ar de quem domina o mundo e caga pra tudo. Passou por mim como se eu fosse parede. Mas hoje não. Hoje não vai ser assim. Segurei firme o braço dela. — Pera aí surfista prateado… — Ih, qual foi, maluco? — ela virou na hora, irritada. Puxei com calma, mas sem dar espaço. Encostei ela ali mesmo, na parede lateral do

