Lucas Narrando A gente saiu do Salgueiro no silêncio da madrugada, com a cidade ainda dormindo e o céu meio acinzentado, entre o fim da noite e o começo do dia. O som do portão batendo atrás da gente foi quase simbólico. Tipo um aviso: “Agora segura o coração, que tu vai rever tua irmã depois de tanto tempo.” Tô no banco de trás do carro, com a Bruna dormindo no meu colo. Ela enroscou em mim ainda no túnel, antes mesmo da gente pegar a Dutra. Tá com o cabelo espalhado no meu peito, a respiração lenta, calma… e eu fico só olhando a estrada pela janela, pensando na vida. Meu pai tá dirigindo. Concentrado, como sempre. Ele é o tipo que não gosta de música nem conversa quando tá na direção. Gosta de silêncio e foco. Ele nem é de sair do Rio, meu pai, bandido desde que me entendo por gente,

