PRÓLOGO

1579 Words
PRÓLOGO NARRADO POR RAMON VIANA CARVALHO (Coringa) Heliópolis respirava fumaça e sangue. E eu era o dono desse fôlego. Desci do carro blindado às duas da manhã. Os becos me engoliram como braços de concreto. As vielas fediam a mijo, churrasquinho e pólvora. Os moleques armados abriram caminho. Não era respeito. Era medo. — “Ele já tá amarrado, Coringa.” — Tatu disse, andando ao meu lado, suado, nervoso. Meu olhar cortou o dele. — “Todo mundo viu?” — “Ninguém, chefe. Só os nossos.” — “Melhor.” — respondi seco. A cada passo, o som do baile ia ficando pra trás. Mais fundo. Mais escuro. Mais meu. Entramos no galpão velho. A luz pendurada no fio tremia, amarela. O cheiro de sangue era forte. No chão, o corpo estava ajoelhado, amarrado, a cara destruída de tanta pancada. Mas ainda vivo. Joãozinho, o vacilão. O traidor. Do lado, Fabrício, meu irmão. Dezessete anos. Cara fechada. Arma na cintura. Olhar tentando ser duro. Mas eu via. Eu sempre via. O fogo dele ainda era morno. Ainda não tinha queimado o que precisava. — “Chefe…” — Fabrício me chamou baixo. Levantei a mão, mandando calar. Caminhei devagar até Joãozinho. Me agachei na frente dele. Ele ergueu o rosto, tremendo, os dois olhos quase fechados de tanto soco. — “Tu achou que era o quê, moleque?” — minha voz saiu baixa, arrastada, c***l. — “Que ia roubar meu corre… vender minha carga… entregar minha rota… e ia acordar amanhã tomando café?” Ele chorou. Chorou alto. — “Coringa… foi por fome, chefe… minha mãe… minha irmã… não tinha mais comida em casa…” Sorri. Um sorriso frio, vazio, cínico. — “Eu também passei fome, filho da puta.” — encostei o rosto no dele, bem perto. — “Mas eu preferi matar… do que trair.” Me levantei devagar. Peguei a marreta que estava encostada na parede. Pesei na mão. Olhei pro Fabrício. — “Quer aprender a comandar? Quer ser homem de verdade? Olha. E aprende.” A marreta desceu. Quebrou a primeira perna. O grito ecoou no galpão. Longo. Rasgado. Alto. — “OLHA, FABRÍCIO!” — gritei, sem parar. — “OLHA ESSA p***a!” A marreta desceu de novo. A segunda perna virou estalo. Os ossos saltaram pela pele. Sangue esguichou no chão. Fabrício tremia. Mas olhava. Porque eu obrigava a olhar. — “Traidor não morre fácil.” — falei. — “Traidor morre devagar.” Joguei a marreta no chão. Peguei a faca. Passei a lâmina no rosto dele. Cortando de leve, só pra arder. Só pra deixar marca. — “Acha que a lei vai te salvar?” — sorri torto. — “Aqui, eu sou a lei. Eu sou o juiz. Eu sou a sentença.” Cortei o rosto dele de orelha a orelha. Devagar. Delicado. Só pele. Só terror. Ele desmaiou. Mas eu dei um tapa. — “Não dorme, c*****o! Tu vai sentir até o fim!” Fabrício tossiu do lado. Suor caindo da testa. Olhos arregalados. Mas sem desviar. Eu via. Eu quebrava ele por dentro. — “É assim que se constrói respeito, irmão.” — falei baixo. — “Com medo. Com dor. Com terror. Não existe amor no comando. Só medo.” Abaixei de novo. Encostei a boca no ouvido do Joãozinho. — “Tu vai virar exemplo. Quando acharem teu corpo amanhã… cada moleque dessa favela vai pensar duas vezes antes de tentar me foder.” Me levantei. Olhei pro Tatu. — “Acaba com ele. Manda largar lá no lixão. Sem dedo. Sem olho.” Tatu assentiu. Fabrício respirava fundo, quase vomitando. Encostou na parede. Eu fui até ele. Segurei o rosto dele com força. — “Tá fraco?” — perguntei, rosnando. Ele balançou a cabeça. — “Não.” Apertei mais. — “Tá fraco, p***a?” — “NÃO!” — ele gritou. Sorri. — “Bom. Porque fraqueza mata. E eu não vou enterrar irmão frouxo.” Soltei. Dei as costas. Caminhei até a porta. O som da marreta recomeçando ecoou atrás de mim. Os gritos voltaram. As pancadas. Mas eu? Acendi um cigarro. E olhei pro céu de São Paulo. Porque naquele mundo, eu era Deus. E Deus… não tem misericórdia. O sol nascente tingia a cidade de laranja. E eu… já estava de terno. A gravata impecável. O cabelo alinhado. O rosto barbeado. O perfume caro cobrindo o cheiro de sangue da noite passada. Ninguém nunca imaginaria. Caminhei pelo saguão da empresa. Tapetes de veludo. Parede de mármore. Logo dourado estampando as iniciais: “Viana & Carvalho Contabilidade e Gestão Empresarial.” Meus funcionários se curvavam em acenos discretos. Assistentes andavam apressadas com pranchetas. Gerentes carregavam planilhas como se carregassem Bíblias. Todos sorriam. Todos bajulavam. Todos tremiam. Passei direto. Subi para o último andar. Minha sala era uma fortaleza de vidro, aço e silêncio. Vista panorâmica da cidade. Uma mesa que mais parecia altar. — “Bom dia, doutor Ramon.” — minha secretária entrou. — “O senhor tem reunião com o conselho às nove, depois almoço com o presidente da Federação. Ah… e a filha do juiz Godoy confirmou presença no coquetel.” Assenti sem olhar. — “Mande flores pra sala dela. Orquídeas brancas.” Ela sorriu, meio sem graça. — “Mais alguma coisa, senhor?” — “Feche a porta.” Ela saiu. A sala ficou muda. Apenas o som da cidade lá fora. Apertei o botão da cortina automática. Ela se fechou devagar, cobrindo a vista. O mundo lá fora sumiu. Abri a gaveta da mesa. Lá dentro, uma pistola prateada. Carregada. Brilhando como joia. Peguei. Pesei na mão. Passei o dedo no cano. Meu olhar no reflexo do vidro escurecido. “Dois mundos, uma alma.” Guardei a arma. Fechei a gaveta. Ajustei a gravata. O interfone piscou. — “Senhor Ramon, o conselho está esperando.” Sorri. Um sorriso seco. Calculado. Mortal. — “Já vou descer.” Apertei o botão. Me levantei. Passei a mão no paletó. Porque hoje eu assinava contratos de bilhões. E à noite… eu assinava sentenças de morte. CEO de dia. Coringa de noite. Rei nos dois tronos. Saí da sala. O som dos saltos, das máquinas, das vozes me cercou. Mas dentro de mim? O silêncio do monstro esperava. Porque eu sabia: ninguém sobe tão alto… sem ter o inferno colado nos calcanhares. Dia 26 de maio. Não é só um lançamento. É uma sentença. É o aviso de que você vai entrar numa história que não tem volta. Vai se perder no olhar sujo do Coringa e vai implorar pra ser destruída por ele. E ele? Vai sorrir. Vai te quebrar. E vai te usar como alívio. Porque nesse livro… ninguém sai ilesa. Nem você. O que esperar de Ramon & Patrícia? Tudo. Ele é o crime com perfume caro. É a bala vestida de terno. É o dono do morro, da rua, da empresa e da tua paz. É o tipo de homem que te dá prazer chorando e g**o sufocando. Te faz gemer e tremer ao mesmo tempo. Com a mão na tua garganta e a voz no teu ouvido dizendo: “Fica quietinha, princesa. Ou eu vou gozar no teu medo.” E ela? A filha do juiz. A patricinha mimada. Que cresceu achando que podia mandar em tudo… menos nele. Porque com o Coringa não tem ordem. Tem obediência. Tem limite ultrapassado. Tem salto alto quebrado no asfalto quente da favela. Tem maquiagem borrada de tanto chorar com prazer. Ela vai odiar. Vai resistir. Vai tentar escapar. Mas quando ele meter a alma dentro dela, não vai mais saber se quer fugir… ou implorar por mais. Só que aí… Viviane entrou na história. A garçonete simples. A que rala pra ajudar a avó. Que vende marmita de porta em porta com orgulho, mesmo com a unha quebrada e o corpo cansado. Ela não tem sobrenome de juiz, mas tem olhar que desafia. Não tem joias no pescoço, mas tem fogo no sangue. Ele beijou ela no coquetel só pra marcar território. Só pra mostrar pra si mesmo que ali… podia ter perigo. Patrícia vai virar castigo. Viviane pode virar fraqueza. E Ramon? Vai se perder entre o que domina… e o que quer proteger. Porque o Coringa não ama com escolha. Ele ama com fúria. E alguém vai sair destruída. Vai ter tapa. Vai ter sangue. Vai ter trepada suja contra parede de concreto. Vai ter amor que parece sequestro. Vai ter cena que vai fazer tua b****a vibrar e tua sanidade sumir. Porque o Coringa não ama bonito. Ele ama com raiva. Ele ama rasgando. Ele ama fodendo cada parte tua que ainda era pura. E tu? Tu vai amar esse homem. Vai querer ele no teu colo, no teu pescoço, na tua cama. Vai odiar o quanto ele te arranca de ti mesma. Mas vai continuar lendo. Vai continuar sentindo. Vai continuar go-zan-do. Adicione A Vida Dupla do CEO Misterioso na tua biblioteca AGORA. Não pensa. Não compara. Não tenta escapar. Só aceita. Porque quando o Coringa chegar… tu já vai estar de quatro pedindo pra ele te possuir por dentro e por fora. Dia 26 de maio. O amor morre. O prazer manda. E o inferno… tem cheiro de couro, pólvora e p***a. Assinado, Val Veiga. A mulher que vai f***r sua mente com cada capítulo.
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