Revisitando suas memórias desbotadas, Gael assistiu, sob o papel de um mero observador de uma extensa narrativa na qual, ironicamente, não somente participava como também protagonizava a história, como suas recordações se desdobravam — tendo aceitado que, naquele momento, se inseria apenas por propósitos íntimos e de cunho emocional. Durante anos se privou de conviver com seu pai, de apreciar a companhia dele, se dedicar mais para que as conversas não fossem desgastantes e cheias de veneno, mas não conseguia conter sua raiva e alimentou o monstro de rancor feroz que habitava em si. Podia afirmar com propriedade que sua versão de dezessete anos seria, no mínimo, sua fase mais complicada e pouco receptiva. Ainda assim, mesmo com os pesares e a constante negação em se relacionar com aquele