Imagine o seguinte dilema: assumir uma história, sendo delegada a narrá-la para o principal interessado. Ou me desvincular da página desse livro cheio de recortes para que a sorte jogasse algum dos seus jogos macabros e cruéis para que essa verdade viesse a tona — independente do meu desejo final. Relatei, com um cuidado extra, o que me fora revelado, reiterando pormenores que esquecia de expor a medida que fora recordando, trazendo a luz informações que, para meu namorado, eram desconhecidas até para sua memória quebrantada. Assisti, sob a óptica de uma testemunha declarada, Gael se desprender da realidade, seu eu racional desmoronando e, por consequência e descuido, sua persona se estilhaçando, cada sentença o liberando mais em um círculo vicioso perturbador. — Isso não é possível. —