Prólogo

437 Words
Existiam mesmo demônios? Isso não devia ser ficção? Já estava ciente da possibilidade de encontrá-los, mas acreditava que isso não rolaria — parte disso até achava que o alerta de Gael fosse apenas algo muito maluco para ser real. Tudo bem que já vivenciara situações anormais que qualquer um descreveria como fora do real, só que ainda gostava de acreditar que houvesse uma explicação bem plausível para tais eventos. Agora, vendo em primeira mão, a experiência estava sendo a pior possível. Gael parecia estar acostumado com aquele tipo de criatura medonha: os olhos selvagens e as presas afiadas fortes o suficiente pra rasgar carne e ossos com extrema facilidade não o intimidaram, na verdade, ele exalava divertimento com a batalha como se atiçasse algum prazer estranho da adrenalina — o que favorecia a ideia de que ele não seria alguém fraco. Em contrapartida a sua coragem sobrehumana, estava incapacintantemente apavorada, temendo ser vítima de um daqueles demônios cujo o menu me incluía no cardápio e a última coisa que uma estudante universitária como eu gostaria é virar lanchinho. Me afastei um pouco do cenário da luta, não querendo virar um problema e ser pega como refém por uma falta de percepção da minha parte. Contudo, ao me virar, de súbito, uma das bestas se interpôs em minha rota de fuga e se preparou para me atacar — acho que, no breve segundo que tudo se desenrolou, entendi o conceito de “ver a vida toda diante de seus olhos”. Aconteceu muito rápido, mais do que meu cérebro era capaz de processar, quando o monstro gorgolejou com um ganido asfixiado e desmoronou no chão com uma espécie de adaga fincada no pescoço. — Você está bem, Eve? — Gael gritou em meio a cacofonia ao redor. — Sim, obrigada por me salvar. Gael franziu o cenho com minha resposta e finalizou o restante dos demônios antes de correr até mim, visivelmente preocupado. Poderia não conhecê-lo tão profundamente — embora quisesse ter tal conhecimento —, mas não era da sua natureza ser excessivamente afetuoso e no instante que ele me abraçou foi como se algo nele tivesse mudado de algum modo. Seu aperto suave e o perfume almiscarado dele entorpeceram meus sentidos, como nunca tinha experimentado antes. — Sinto muito. Deveria ter sido mais cuidadoso com você. — murmurou com pesar. Ele tão emocional assim me intrigou ainda mais. — Não quero perder mais ninguém. Tomada por um impulso de ternura, acariciei o rosto dele e sorri. Gael se abrindo assim, mesmo que durasse por um curto período, — Você não vai me perder. Prometo.
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