6- Gabriel

3094 Words
Na manhã seguinte eu acordo cedo, empolgado para ir ver Christian Colliman, não queria ter reencontrado Ana Clara em uma situação como aquela, mas, a reencontrei e ainda vou me dar bem com o pai dela, vou estagiar em uma construtora de grande porte como a empresa dos meus pais, e eu ainda nem terminei a minha pós graduação. Meus pais vão ficar muito felizes ao saberem dessa notícia incrível. Mais que depressa eu reuno todos os meus documentos e os deixo separados em uma pasta, sigo para o banheiro e faço a minha higiene pessoal antes de tomar um bom banho para aliviar a tensão. Estou ansioso para começar a trabalhar, mas também estou ansioso para rever Ana Clara e saber como ela está, quero poder conversar com ela e saber tudo que ela tem feito até hoje, quero saber o porquê ela se arriscou em um namoro contra a vontade de seu pai, mas não se arriscou em ter notícias minhas, acho que ela realmente me esqueceu, que me tirou da sua vida assim como seu pai ordenou, nesse caso ela foi bastante obediente e isso me decepcionou porque eu corri atrás de notícias dela, até o pai dela ameaçar mandá-la para um internato, eu só desisti dela para não prejudicá-la, e bem ou m*l a minha mãe sempre me dizia que ela estava bem, que estava feliz então tirei o meu time de campo, mas todos viram o quanto me afetou ter que me afastar dela. Eu só vi Ana Clara pessoalmente uma única vez, e nessa única vez eu sabia que iria me apaixonar por ela facilmente porque além de linda, ela é muito gentil e meiga, eu sempre a chamava de anjo, o meu anjo que caiu do céu e depois me jogou no inferno com a sua ausência, e agora estamos mais perto do que jamais estivemos esses anos todos, e eu nem sei se vou conseguir me aproximar dela novamente, bom, pelo que percebi o pai dela ainda é o mesmo ciumento de antes, mas talvez ele seja um pouco mais tolerante agora que ela já é uma mulher adulta, pois se ela estava namorando é porque ele permitiu, e se ele permitiu significa que ele mudou bastante. Depois do banho tomado e já devidamente arrumado, eu pego a minha pasta de documentos e as chaves do carro que aluguei, saio do meu apartamento e sigo para a construtora Colliman, não sei se o Sr. Christian vai estar lá tão cedo depois de tudo que houve ontem, mas não custa nada tentar já que ele me pediu para ir lá hoje, e quero fazer isso o quanto antes. Depois de vinte minutos no trânsito eu finamente entro no estacionamento da construtora Colliman, vou até a recepção e me apresento dizendo que estou sendo aguardado pelo Sr. Colliman, me mandaram para o vigésimo andar onde fica a sala da presidência, pelo visto o Sr. Christian foi o primeiro a chegar na empresa hoje e pela cara da recepcionista, ele não está em um bom dia, o que pode ter acontecido? Será que é algo com Ana Clara? Deixo a minha curiosidade de lado e subo para falar com o meu novo chefe, quando chego no andar indicado vou até a secretária da presidência, mais uma vez me apresento e logo sou anunciado. — O Sr. Colliman já vai atendê-lo, pode entrar por favor! — Ela se levanta me guiando até a porta. Agradeço a ela e entro na sala encontrando o Sr. Christian em pé em frente à janela, com um olhar perdido para o horizonte e parece bastante abatido. — Sr. Colliman...? Bom dia! — Entro na sua sala chamando a sua atenção e ele se vira vindo me cumprimentar. — Bom dia Gabriel, sente-se! Fique a vontade. — Ele me cumprimenta mas dá a volta na sua mesa se sentando. — O senhor parece preocupado, se preferir posso voltar em outra hora. — O encaro atendo e ele esfrega as mãos no rosto respirando fundo. — Realmente eu não estou em um dos meus melhores dias, mas combinei de falar com você hoje então podemos prosseguir... Bom, não temos muito o que falar porque eu já avisei no RH sobre a sua chegada, e já estão te esperando, você só precisa levar a sua documentação para processarem a sua contração. — Diz ele também me encarando atento e eu respiro aliviado por conseguir logo um trabalho. — Mais uma vez obrigado, Sr. Colliman, não tenho palavras para descrever o tamanho da minha satisfação em poder trabalhar com o senhor... Eu só posso dizer muito obrigado por essa oportunidade e prometo me dedicar ao máximo, no que depender de mim o senhor não irá se arrepender por me admitir na sua empresa. — Me empolgo abrindo um largo sorriso no rosto e ele finalmente sorrir balançando a cabeça positivamente. — Não me agradeça rapaz, sei que não vou me arrepender do que estou fazendo, só em saber que está aqui para estudar e ajudar a prosseguir com os negócios da sua família, já é um ponto positivo a seu favor, pois mostra o quanto é responsável e interessado em se tornar alguém nessa vida... Não estou te ajudando só por ter salvado a minha filha daquele infeliz, estou te ajudando porque conheço a sua família e sei que você não irá me decepcionar. — Diz em um tom firme e confiante me encarando atento, mas se levanta ajeitando o seu blazer. — Bom Gabriel, eu queria muito conversar um pouco mais com você mas não estou com cabeça para nada hoje, m*l estou conseguindo me concentrar no trabalho, mas podemos conversar mais tarde pois estarei te esperando para o jantar na minha casa, e assim nos conheceremos um pouco mais, por hora apenas passe no RH para acertar a sua admissão, você começa o seu estágio na segunda feira... Também tenho que te avisar que você será chamado para prestar depoimento contra Joshua Mendes, eu o levei para delegacia depois que os meus seguranças terminaram o servido que você começou... Você bate bem rapaz. — Diz meio frustrado mas coloca um pequeno sorriso no rosto ao citar a surra que dei no namorado de Ana Clara. — Não sei se deveria dizer isso, mas... Foi um enorme prazer da uma surra naquele playboyzinho miserável, não sei se o senhor gostava dele ou da família dele, mas aquele cara não merecia uma mulher como Ana Clara, na verdade ele não é digno de mulher alguma já que não sabe como tratá-las. — Comento meio inquieto e ele me encara atento. — Eu não gostava daquele garoto, eu nem se quer aprovei esse namoro, mas Ana Clara tem sido muito desobediente quanto a isso... Ela estava namorando escondido e olha o que aconteceu! Eu nem se quer sei quem são os pais desse delinquente mas agora eles vão me conhecer, porque se eu ver aquele moleque se aproximar da minha filha outra vez, ele não terá uma segunda chance para ir pra cadeia. — Revela irritado e eu me surpreendo ao saber o quanto Ana Clara se arriscou por esse cara, ela o amava, agora eu tenho certeza de que ela me esqueceu, talvez ela nem tenha gostado de mim de verdade. — Eu sinto muito por toda essa situação senhor, mas pode contar comigo para o que precisar, eu vou deixar o meu telefone e endereço caso o senhor precise me encontrar, ou me avisar sobre o depoimento que terei prestar... E como Ana Clara está...? A Sra. Carolina está bem? Elas pareciam bastante nervosa ontem com o acontecido. — Pego uma caneta e um bloco de notas na sua mesa e anoto o meu número de telefone e endereço. — Sim, elas estão bem, obrigado por perguntar... Nos exaltamos um pouco por conta dessa situação mas vai ficar tudo bem... Eu preciso sair agora porque o diretor da nova faculdade de Ana Clara está me esperando, a partir de hoje a minha filha não coloca mais os pés na mesma faculdade que aquele delinquente, porque eu sei que ele não vai ficar preso por muito tempo mas eu vou redobrar a segurança da minha filha... Não quero ninguém se aproximando dela sem eu saber. — Diz em um tom irritado enquanto dá a volta na mesa vindo na minha direção. — Eu entendo perfeitamente, Sr. Colliman, meus pais também são muito rigorosos com a minha segurança e dos meus irmãos, principalmente das meninas, Sophia e Jessica... Bom, não vou mais tomar o seu tempo, senhor, nos veremos mais tarde no jantar... Tenha um bom dia. — Digo pensativo me lembrando das minhas irmãs, mas me despeço do meu novo chefe. Ele me acompanha até a porta me explicando onde fica o RH e nos despedimos mais uma vez, saio da sua sala voltando para o elevador e desço três andares abaixo para fazer o que me foi passado. Essa empresa é bastante ampla e o pessoal que trabalha por aqui parece muito simpáticos, bom, vamos rever isso depois de algumas semanas trabalhando aqui. Depois de fazer o que o Sr. Colliman pediu eu deixo a empresa e volto para o meu apartamento, mas no caminho decido parar em uma padaria para tomar um café da manhã reforçado, já que não sou muito de cozinhar, até gosto mas tem sempre aqueles dias que a gente não quer fazer nada em casa, e para mim hoje é um desses dias. Mal me sento e faço o meu pedido e meu celular tocar, é o meu pai e para ele estar me ligando tão cedo, é porque é algo importante. — Bom dia papai! Está tudo bem por aí? A mamãe e os outros estão bem? — Atendo em um tom animado. — Bom dia filho! Estão todos bem graças a Deus, mas parece que você também está se dando bem por aí, não é campeão...? Christian me ligou ainda pouco, ele disse que você vai estagiar na empresa dele... Caramba cara eu estou muito orgulhoso de você filho. — Diz ainda mais empolgado que eu me fazendo sorrir. — Obrigado papai, em partes o mérito também é seu porque eu sou o que sou graças a você... Você é um pai maravilhoso e me ensina tudo que eu preciso aprender, eu nunca te disse isso antes mas... Você e o vovô são a minha inspiração, vocês são o que eu quero ser um dia e gostaria muito de estar dizendo isso pessoalmente, mas com certeza eu iria pagar o maior mico chorando na sua frente... Então é isso aí, estou colhendo os frutos de tudo que você me ensinou a plantar, quando eu voltar pra casa eu vou estar pronto para ser o seu motivo de orgulho, Sr. Bettencourt. — Digo em um tom emocionado mas me seguro para não dar um vexame na frente de outro cliente da padaria. A minha família inteira é muito emotiva, e é claro que isso passou para mim também. — Caramba cara... Mesmo longe você consegue me fazer chorar, isso não é justo... Eu sei que já te disse isso antes, mas vou repetir, você é um filho de ouro, Gabriel, eu já me orgulho muito de você cara e sei que um dia você vai se tornar um grande homem... — Seu tom firme tentando disfarçar a sua voz emocionada, mas ouço a voz da mamãe o interrompendo. — O que houve amor? Com quem você está falando? É o Biel...? Me deixa falar com o nosso filho! Eu estou morrendo de saudades do nosso homenzinho. — Mamãe diz me rachando a cara de vergonha, ela me trata como se eu ainda fosse um adolescente. — Filho eu vou passar o telefone para sua mãe, ou ela vai arrancar o aparelho da minha mão... Se cuida cara, e me liga sempre que precisar está bem...? Eu te amo. — Ouço ele sorrindo e sei que ele não está exagerando em relação a minha mãe. —Também te amo papai, eu ligo se precisar, não se preocupe. — Também sorrio imaginando a minha mãe tentando tomar o telefone dele, ela faz mesmo isso. — Filho como você está meu amor? Está se cuidando direitinho? Está se alimentando bem...? Eu estou com tanta saudade de você filho, eu nunca fiquei tanto tempo longe de você e isso está me doendo tanto. — Diz em um tom choroso me fazendo respirar fundo. — Sim dona Mirella, eu estou me cuidando e estou me alimento bem, não se preocupe tanto assim comigo... Eu também estou com saudade mas nós vamos nos ver logo, não é? — Tento confortá-la pois minha mãe é muito agarrada a mim por ser o filho mais velho, e já estou me virando sozinho sem precisar tanto dela. — Sim filho, nós vamos nos ver logo, na próxima semana nós estaremos aí com você, está bem meu amor...? Você prometeu ligar todos os dias então porque você não ligou ontem, Biel? O que aconteceu filho? — Diz um pouco mais calma, mas seu tom de voz volta a ser preocupado. — Ontem depois que saí da faculdade eu encontrei Ana Clara Colliman, mamãe, ela estava precisando de ajuda e eu tive que levá-la para o hospital... Mas já está tudo bem não se preocupa, foi uma coincidência, eu a encontrei por acaso e por conta disso também encontrei a família dela... Eu me distraí o dia todo ontem com um trabalho da faculdade, e acabei me esquecendo de ligar. — Digo enquanto a garçonete coloca o meu pedido na minha mesa. — O que aconteceu com Ana Clara? Ela está bem? Vocês conversaram filho? — Pergunta curiosa mas eu não queria ter que entrar nesse assunto com ela agora, sei que ela vai ficar preocupada e vai ligar para Sra. Carolina. — Ela brigou com o namorado mamãe, eu a encontrei por acaso e a ajudei mas já está tudo bem, o Sr. Colliman me convidou para jantar com eles hoje... o papai já contou que vou estagiar na construtora Colliman? Estou muito feliz e empolgado mamãe. — Tento fugir do assunto Ana Clara e graças a Deus deu certo. — Sim filho, o seu pai nos contou, estou muito orgulhosa de você querido, tenho certeza de que você vai se sair muito bem nesse emprego, e Christian não vai se arrepender de ter você ai com ele... Bom querido, estamos indo para empresa, me liga mais tarde para dizer como você está, ouviu? Não vou dormir antes de você me ligar Gabriel! — Me alerta naquele seu tom que diz, "se você não ligar eu ligo". — Está bem mamãe, eu prometo que ligo, tenha um bom trabalho e dá um beijo nos meus irmãos e meus avós por mim... Te amo. — Me despeço enquanto mexo no meu suco sobre a mesa. — Está bem filho, eu dou um beijo neles por você... Eu também te amo querido, se cuida ouviu...? Beijos minha vida. — Diz novamente naquele seu tom choroso e eu lhe mando mais um beijo antes de encerrar a chamada. Tomo o meu café da manhã sossegado e sem pressa alguma, mas novamente os meus pensamentos vão naquela loirinha linda com carinha de anjo, mas parece que ela se tornou uma diabinha para estar enfrentando o pai ciumento que tem. Ainda estou surpreso por saber que ela estava namorando escondido sem o consentimento de Christian Colliman, está para nascer pai mais ciumento que ele. Meus pais são muito ciumentos e cuidadosos comigo e meus irmãos, mas o nível de ciúmes deles não chega nem perto dos ciúmes de Christian Colliman, bom, cada um com o seu cada um. Depois do meu café da manhã eu saio da padaria e resolvo dar umas voltas pela cidade, e no meio do meu passeio eu até resolvo ir ao cinema para me distrair um pouco. Depois de alguns minutos rodando sem rumo, sem conseguir tirar Ana Clara da minha mente, eu finalmente chego no shopping do centro da cidade, entro com o carro no estacionamento e logo sigo para o elevador. Caminho pelo shopping decidido a ir ver um filme para distrair a minha mente mas a fila da bilheteria está enorme, mesmo assim resolvo me arriscar e pego o celular para mexer enquanto não chego até o caixa. Vejo algumas mensagens de Daiana dizendo que precisamos conversar, não estou com cabeça para conversar com ela, não com Ana Clara na minha cabeça então apenas ignoro as suas mensagens. Foi ela quem quis terminar e foi ela quem não aceitou que eu viesse estudar fora, então não quero conversar agora. Entro no cinema e o filme já estava começando, me sento no meu lugar e logo se sentam duas garotas ao meu lado me encarando cheias de sorrisos, uma ruiva e uma morena e até que são lindas. Elas não dizem nada e eu tento me concentrar no filme, mas logo uma delas puxa assunto comigo. — Olá! Eu sou Aline e essa é minha amiga Camila, podemos te fazer companhia? — Diz a ruiva se apresentando então pego a sua mão colocando um pequeno sorriso no rosto. — É um prazer conhecê-las, meninas, eu me chamo Gabriel e vou adorar a companhia de vocês. — Cumprimento a cada uma delas e a morena me encara atenta. — Por acaso você está na The University of Chicago...? Eu tenho a impressão de já ter te visto por lá. — Pergunta a morena me encarando fixamente e eu abro ainda mais o meu sorriso. — Sim, estou cursando nessa faculdade a duas semanas... Não é tempo suficiente para me lembrar de muita gente... Bom, estamos perdendo o filme. — Comento ainda com sorrindo mas logo volto a minha atenção na tela a minha frente. — É ele mesmo, caramba ele é lindo. — Elas cochicham baixinho mas consigo ouvir. Prendo um sorriso enquanto elas cochicham, elas me oferecem pipoca e refrigerante e eu aceito por educação, elas puxam assunto novamente e acabo me distraindo conversando com elas sobre a universidade, descubro que uma delas, a ruiva faz uma das matérias junto comigo mas eu não me lembrava dela. Iniciamos uma boa conversa ao invés de assistirmos ao filme, e até que não está sendo tão r**m conversar com elas, pois eu preciso mesmo fazer novas amizades nessa cidade, não quero me sentir tão sozinho com a ausência da minha família.
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