Matar não faz diferença II

4545 Words
Quando cheguei até sua casa ele estava sentado na sua cadeira de balanço na varanda da casa. Como sempre ele estava com calça e camisa surradas e com o mesmo chapéu de palha que eu vi nos dias que vim visita-lo, e para completar em uma de suas mãos encontrava-se o cigarro pela metade. – Olá, Camila! – Ele me olhou e sorriu. – Boa tarde. – Saudei. Ele colocou o cigarro na boca para dar uma tragada e logo em seguida soltou a fumaça pelo nariz. – Eu estou aqui te esperando há algum tempo. Veja. – Ele apontou para uma outra cadeira de balança ao seu lado. – Pedi para os meninos colocarem-na pra você. – Ele deu um sorriso alegre. – Não precisava, você sabe que não faz diferença para eu ficar em pé ou sentada. – Argumentei. – De jeito nenhum. Não vou ficar aqui sentado enquanto você fica aí em pé. Sorri para ele. Akalet era um homem muito atencioso. Sentei-me ao seu lado e passei horas conversando com ele. Era muito fácil assuntos surgir entre nós. O velho me contava sobre algumas lendas enquanto eu falava para ele sobre o mundo afora. O que mas gostava dele era que o mesmo não me enchia de perguntas, ele parecia saber exatamente o quão importante eu era para o nosso mundo da inexistência aos humanos, mas não se importava e não me obrigava a dizer. O velho apenas queria saber sobre as espécies existentes. Depois de um tempo conversando ficamos em silêncio apenas escutando o barulho da chuva que tinha acabado de começar. O silêncio em si não era incomodo pelo contrario era muito bom, ajudava-me a relaxar. Aproveitei a quietude do local e fechei os olhos desejando imensamente poder dormir no momento, mas como isso não era possível eu simplesmente me desliguei do mundo e me prendi aos meus pensamentos. Não chegava nem perto da sensação de dormir, mas relaxava e muito. Eu sei que isso era perigoso, mas aqui eu sabia que não teria nenhum perigo, não fazia isso há tantos séculos que me permiti fazer hoje. A minha mente vagava por meus pensamentos. Entrando em alguns pontos específicos como quando me separei das pessoas que eu mas amo ainda humana e dentro delas pedi as pessoas que eram tudo para mim, ficando apenas Chris e Sofi em minha existências para me fazer continuar a existir; As lutas que eu tive no decorrer do século; Minha família em Volterra; A quase morte de Sofia pelos lobisomens; O nascimento do meu sobrinho que trouxe uma felicidade imensa para nós; Quando conheci Ally; E por fim quando conheci a família Jauregui. Não entrei em detalhes de tudo que aconteceu, também se fosse para relembrar tudo sobre o decorrer dos meus últimos três milênios de anos não me recobraria a consciência nunca. Vampiros tem uma memória intacta. A questão é que se não reconhecermos sobre algo de imediato, mas que temos a sensação de que já vimos ou ouvimos sobre tal assunto. Acessamos a nossa memória para saber sobre o que se trata. O problema é que armazenamos muito detalhes e até encontrar aquilo que precisa nas lembranças podem levar muito tempo sem falar que é desgastante depende do tempo que você teve acesso pela última vez sobre a tal lembrança que você precisa saber, e ou, sobre o nível de importância que ela tem para você. Eu estava tão perdida nos pensamentos que eu não sei se passaram segundos, minutos ou horas. Até que então eu sinto algo tocando meus ombros como eu tinha me desligado das coisas a minha primeira reação que tive foi me proteger do que fosse, então fiz tudo automático seguindo apenas meus instintos. Levantei-me rapidamente da cadeira e prendi minha mão em volta do pescoço do ser que tocou em mim, empurrei-o até sua costas se chocar contra algo duro. Esse movimento não levou nem um segundo para ser executado. Voltei em mim sentindo as gotas da chuva caindo em meu cabelo. Fechei os olhos e quando abri-os vi que em minha mão segurava o Shawn com uma expressão temerosa no rosto. – O que está fazendo, cachorro? – Perguntei ríspida, também quase o matei. – Você está querendo morrer? – Eu... Só est-tava te... Acordando. – Sua voz saia sufocada. – Pode... Me... Sol-soltar? Minha mão ainda estava agarrada em seu pescoço, soltei-o e ele caiu no chão tossindo. Shawn ficou um tempinho respirando fundo até finalmente se levantar passando as mãos em seu pescoço. – Agora pode me dizer por que fez isso? – Perguntei mas calma. – Eu falei para ele não mexer com você que se não você o atacaria, mas quem disse que ele me escutou. – Olhei sobre o ombro e vi Sofi se aproximando enquanto falava. Observei a minha volta e tinha uma árvore quebrada atrás de Shawn, continuei a olhar e vi a casa no lado oposto da árvore, e a cadeira de balanço onde eu estava sentada ainda balançava levemente. Alguns garotos da matilha estavam parados boquiabertos me olhando próximos a casa. – Por que ele fez aquilo? – Perguntei para minha filha que estava ao meu lado. – Quando chegamos aqui, vimos você em completo silêncio e sem mexer um músculo se quer. Os garotos acharam que você estava dormindo. – Ela revirou os olhos ao dizer a última palavra. – Eles te chamaram varias vezes para ver se você “acordava”. Foi então que eles tiveram a ideia de te acordar jogando água em você ou com um beijo igual aquele desenho da Bela adormecida. Arqueei uma sobrancelha para os meninos que se aproximavam até nós. – Aposto que se tivesse a despertado com um beijo, ela teria me arrastado direto a uma cama ao invés de uma árvore. – Só podia ser Paul a dizer. – Então como chegou a ser Shawn? – Perguntei para minha filha ignorando-o. – Como eu não permiti, Shawn os proibiu. Mas ele também ficou preocupado. Eu já tinha te visto assim há muito tempo atrás, eu falei para ele que se arrependeria de tirá-la dos pensamentos, mas quem disse que ele me escutou. Ai deu no que deu. – Sofi explicou. Assenti compreendo, mas senti a falta de alguém. – E onde está Akalet? – Questionei olhando em volta. – Ele está dentro da casa. O sábio não queria incomodá-la então entrou sem te avisar. – Quem respondeu foi Seth. – Agora me explica Camila, você não estava dormindo? – Shawn perguntou. – E você já viu algum vampiro dormir? – Questionei sarcástica. – Não, mas sei lá você é diferente. – Ele deu de ombros. – Não, Shawn eu não estava dormindo. Porém mesmo que não podemos dormir, nós podemos nos perder em pensamentos é o mas próximo de dormir. Só que por um lado isso é muito perigoso, nos desligamos de tudo a nossa volta se concentrando apenas nos pensamentos. Foi por isso que te ataquei quando você me “despertou”. – Compreendo e na próxima vez não vou ousar nem em abrir minha boca para chamá-la. Eu sorri, foi por pouco que eu não arranquei a cabeça dele. Sorte que recobrei a consciência a tempo. Olhei para o céu e estava quase completamente escuro e as gostas da chuva caíram no meu rosto, o pôr do sol seria em alguns minutos, isso indica que era hora de ir embora. Voltei a encarar minha filha que estava com os cabelos completamente molhados. – Vamos, Sofi! – Ela me olhou com um biquinho. Aproximei-me dela, e segurei seu rosto com minhas mãos depositando um beijo em sua bochecha. – Não faz esse bico já está tarde. – Tudo bem, mamãe. – Ela desfez rapidamente. – Até mais, Shawn! Ela foi até ele, mas como sempre ele não a beijou nos lábios, beijou-a na testa e deu um sorriso acolhedor. Sofi bufou. – Você traumatizou ele, mamãe. – Ela me encarou. – Eu não fiz nada, se ele não quer te beijar na minha frente o problema é dele. Porém se ele quer fazer isso pode ficar a vontade. Sofi voltou a olha-lo. Shawn abriu um sorriso, mas quando ele me olhou viu minha expressão séria e estralando meu pescoço e meus dedos, seu sorriso morreu e seus olhos se arregalaram. Eu estava me divertindo à custa de Shawn, era engraçado vê-lo assustado. Ele pigarreou disfarçando seu medo. Sofi me olhou sobre o ombro, mas antes dela me encarar eu fiz minha cara de paisagem, fingindo observar em volta. – Eu não estou fazendo isso por causa da sua mãe, mas sim por educação, Sofi. – Ele tentou justificar chamando a atenção de Sofi. Mentiroso! – Tudo bem, Shawn. – Ela deu um sorrisinho. – Eu vou me despedir de Akalet e então podemos ir. – Falei enquanto voltava para casa do velho. [...] Eu com Sofi estávamos prestes a passar pela entrada do colégio, quando fomos interceptadas por uma baixinha alegre. – Bom dia, meninas! – Ally falou sorridente – Bom dia, Allyson. – Cumprimentei-a. Ela pulou e me deu um abraço. Eu me surpreendi um pouco, ainda não estava acostumada com esse jeito eufórico dela novamente comigo. – Eu também não mereço um abraço não? – Sofia questionou. – É claro, mas você vai acompanhando comigo até sua sala. – E eu vou sozinha? – Fingi ficar chateada. Ally revirou os olhos, mas antes que ela pudesse pronunciar uma palavra Dinah a corta. – Claro que não Camilinha, eu e minha ursinha aqui vamos fazer companhia para você. – Ela comentou. Mani que estava nos braços dela, sorriu consentindo suas as palavras. – Pelo menos vocês não me abandonaram. – Continuei com o drama. – Eu jamais te abandonaria, Mila. – Ally falou se aproximando, mas antes que ela chegasse até mim, Dinah foi mais rápida aparecendo ao meu lado e passando seu braço ao redor do meu pescoço. – Vamos Milinha, deixa esse toquinho de gente aí. – Ela me puxou arrastando para longe de Allyson com Normani ao seu lado. – Vamos. – Falei. Eu dei uma risadinha baixa quando olhei para Ally sobre o ombro, nos olhando chocada por eu não ter ficado ao seu lado. Afastei-me do braço de Dinah, mas ainda assim continuei ao lado dela enquanto caminhávamos juntos para a sala de aula. – Então onde estão os outros Jauregui? – Interessada, Camila? – Mani disse e arqueou uma sobrancelha na minha direção. Olhei-a confusa pela diversão nas suas palavras. – Pode perguntar: “onde está a Lauren?” sabemos que é essa a questão que deseja. – Dinah deu um sorrisinho malicioso. Por que elas estavam falando isso? Ah sim, devem ter sido pelo fato do que aconteceu na aula de biologia ontem. – Na verdade, estou falando dos dois mesmo. – Falei sincera. – Sei. – Dinah deu uma piscadela para mim. – Se você quer saber onde eles estão, bem... Lauren já entrou faz tempo. Acho que ainda está com a TPM de ontem e o Troy foi tentar acalmá-la antes que ela quebre alguma coisa na escola. – Algum motivo? – Nada demais só ficou invocadinha com as piada que fizemos de vocês duas. – Ela deu de ombros. Piadas entre nós? Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, vi Normani dando um beliscão no seu braço, criticando por ter falado isso para mim. – Quer que ela te de uma surra? – Mani esbravejou. – Quem essa tampinha? – Ela murmurou rindo enquanto cruzava os braços deixando os músculo enormes expostos. Eu fechei a cara, não gostei de ter sido chamada de tampinha. – Não será ela quem te dará uma surra Dinah e sim eu já que estou precisando de um burro de carga para carregar minhas compras. – Sofi respondeu mais atrás, porém para nós era facilmente ouvido. Ela riu alto chamando a atenção de alguns alunos pelo corredor. – Não se preocupe, minha querida Sofi quando eu ganhar, você será meu saco de pancadas, para eu treinar. – Ela falou sem nem olhar para trás. – Que aposta é essa? – Perguntei virando meu rosto para encarar Mani que estava parcialmente escondida pelo corpo gigante de Dinah. – Uma luta entre elas. O ganhador vai ter que ser sua escrava por uma semana. – Interessante. – Murmurei pensativa olhando sobre o ombro para minha filha em seguida. – Você dividirá seu prêmio comigo? – Perguntei a Sofi. – Eu não sou um objeto para ser compartilhada. – Dinah fez beicinho. Tenho dó de Mani, sua esposa era um bebezão. – A partir do momento que apostou a si propria para ser escrava de Sofia você saberá o que é ser um objeto nas mãos dela. – Balancei a cabeça com um falso pesar. – Sinto muito, Dinah. – Você acha que DJ vai perder? – Perguntou Ally curiosa. Eu sorri. – Como se você não soubesse o resultado. Ela deu de ombros. Eu tinha compreendido que ela queria ter a certeza se eu sabia de que Sofi ganharia por trás dessa pergunta, mas não comentei nada. – Então Ally, pode dizer quem vai ganhar? – Dinah perguntou. – De jeito nenhum que vou dizer e perder toda a diversão. Jamais, gigante! A nossa conversa passava despercebido pelos humanos, nós falávamos apenas para que nós vampiros escutássemos. Aqueles que tentavam ouvir nossa conversa, felizmente não escutaram nada a não ser pequenos murmúrios desconexos. Pelo caminho escutei muitos alunos falarem sobre o fato ocorrido ontem na aula de biologia, praticamente ninguém gostou do que aconteceu, muitos ficaram chateados pela perda que eles teriam de ambos os lados: Meu e de Lauren, se ficássemos juntas. Pude sentir os olhos das irmãs de Lauren me queimando, enquanto eu fingia não prestar atenção. Me despedi delas quando cheguei a porta da sala e entrei lá com Sofi logo atrás de mim. Nós duas sentamos uma ao lado da outra e ficamos lá conversando. Uma moça da coordenação apareceu na sala nos informando que o professor não viria hoje, então teríamos essa aula vaga agora. Uma agitação se aglomerou entre os alunos e a maioria foi para o refeitório enquanto outros permaneceram na sala. Eu com Sofi fomos para o refeitório e ficamos sentadas em uma mesa. Senti que alguém me encarava e quando eu olhei em volta vi Lucy e Jéssica junto com um grupinho de meninas nos encarando raivosas. Ignorei suas presenças e olhei para o outro lado continuando a conversa com minha filha sobre uma ida até Port Angeles essa tarde. – O que acha, Sofi? – Perguntei olhando para fora da janela, como eu não obtive resposta da minha filha virei meu rosto para encará-la. – Sofia? – Chamei mais uma vez e nada. Seu olhar de canto era irritado. – Está tudo bem, filha? – Chamei sua atenção. Ela virou para me encarar e era nítido que estava nervosa. – Não, mãe. Aquelas garotas não param de nos encarar e falar besteiras. – Ela disse ríspida. – E o que tem demais? Nunca se importou nas conversas de humanos antes. – Eu olhei-a confusa. – Mas elas não param de falar de Lauren ou Shawn quando ele apareceu aqui na escola. – Ela murmurou contrariada. Ah agora entendi, isso tudo era por causa do seu cachorrinho. – Não precisa ficar com ciúmes, querida. Shawn não tem olhos para nenhuma outra além de você. Sofi suspirou e revirou os olhos. – Eu sei, mas é difícil se conter. Eu sorri com sua voz frustrada. – Que tal esquecer isso por enquanto, hein? – Estendi minha mão para a sua e a acariciei. – Eu vou guardar esses livros no carro, já que não vamos usar. – Mamãe, espera! – Ela segurou meu braço. – Deixa que eu levo, não quero ficar olhando para cara dessas aí não. Sofi se levantou e saiu caminhando com o nariz empinado enquanto passava ao lado daquelas garotas. Ri da sua atitude. – Então, Lucy pelo visto você perdeu a Lauren. – Comentou uma das meninas. – Não perdi, não será uma garota sem graça como essa que vai me tirar ela. – Lucy retrucou furiosa. – Cá entre nós, Camila pode ser muita coisa, mas não podemos negar que ela não tem nada de sem graça. – Comentou a outra. – Isso é o que você pensa, vou mostrar que eu sou muito melhor que ela. Revirei os olhos. A conversa dessa garota estava me irritando, então para me distrair resolvi sair daquele local. Caminhei pelos corredores do prédio e resolvi ir ao banheiro só para passar o tempo enquanto Sofi não voltava. Fui ao banheiro e joguei um pouco de água no meu rosto para me acalmar um pouco. Fiquei por um tempo me olhando no espelho, meu rosto ainda era o mesmo apesar de todo esse tempo ter passado. Passei as mãos pelas linhas do meu rosto pálido e me lembrei que quando era humana, as maças do meu rosto coravam frequentemente e a bondade que refletiam nos meus olhos sempre estavam ali, mesmo depois de tudo que aconteceu comigo ainda humana, porém a bondade que demonstravam neles morreram no momento que eu dei um último suspiro sufocado quando aquela maldita corda me levava direto para a morte. Suspirei profundamente cortando a linha dos meus pensamentos, ultimamente eu tenho pensado muito no meu passado humano, tenho que parar com essas lamentações. Saí do banheiro e fui caminhando tranquilamente pelo corredor. Até que eu senti um cheiro familiar atingir meu nariz. Estreitei os olhos. O que eles estavam fazendo uma hora dessas no corredor? Levou alguns segundos até eles aparecerem no meu campo de visão assim que viraram a esquina do corredor. – O que vocês fazem aqui? – Perguntei assim que os olhei. – Ally teve uma visão, Camila. – Lauren falou. Arqueei uma sobrancelha para a baixinha esperando a mesma explicar. – Eu vi Sofi no estacionamento, e ela vai matar Lucy. – Hum... Isso é interessante. – Murmurei. Pelo mau humor da minha filha de hoje ela não iria se segurar por muito tempo mesmo. – Interessante? – Perguntou Ally descrente. – Além do fato dela matar uma humana, ela vai fazer uma sujeira com o corpo de Lucy no estacionamento. Hum... isso seria um problema. Se minha filha estava disposta a deixar pedaços de Lucy pelo chão é porque ela está mesmo furiosa, e seria impossível de limpar a bagunça rapidamente... Então eu tinha que fazer algo. – Não se preocupe. Eu resolvo isso. – Falei e corri em minha velocidade vampírica. Eu só iria falar para Sofi ignorar aquele ser irritante, mas quando cheguei lá e ouvi aquela criança repugnante xingando minha filha. Ah, eu mudei minha decisão. Apareci ainda na minha velocidade em frente daquele serzinho. Lucy me olhou com os olhos arregalados em surpresa. – O que... – Ela não conseguiu terminar de falar. Ela deu um passo pra trás assustada por eu ter aparecido do nada na sua frente. Sem falar que minha expressão não era nenhum pouco agradável. – O que eu disse que aconteceria a você se falasse m*l de Sofi novamente? - Eu falei friamente. Ela me olhou apavorada e eu tinha escutado os Jauregui parados atrás de mim vindo cautelosamente na minha direção e na de Sofi. Porém antes que eles pudessem chegar até nós fiz o que eu havia prometido há dois dias. Eu coloquei minhas mãos em volta do rosto de Lucy e quebrei seu pescoço. Nenhum som se fez depois que o corpo inerte de Lucy caiu no chão. – Por que você fez isso? – Ouvi a voz emburrada de Sofi assim que deu um passo a frente para ficar ao meu lado. – Eu quem iria acabar com ela, mamãe! – Fiz porque Ally teve uma visão de você a matando. – E o que isso tem demais? – Sua voz soou chateada. – Vai dizer que ia me proibir de matá-la? – Não, você sabe que eu não me importo quando você mata alguém, mas com o temperamento que estava. Você filha, iria deixar pedaços dela pelo estacionamento, como você acha que iriamos limpar toda a bagunça se você a tivesse a matado? – Falei. Sua expressão mudou para compreensiva, agora ela entendia a situação. Sofi assentiu com a cabeça. – Não acredito que vocês estão falando como se não tivesse importância. – Lauren foi a primeira a sair do estado de choque. – Você acabou de matar Lucy! Fechei a cara, por que ela se importava tanto? – Oh Mila. – Arfou Ally. – Por que a matou? Eu abaixei meu corpo para ficar próximo ao cadáver, pendendo todo meu peso nos meus joelhos inclinados, enquanto eu olhava para o corpo de Lucy. – Simples. Eu cumpri com minha palavra. – Dei de ombros ainda analisando-a. Eu vi sua pele ficando levemente pálida pela falta de circulação do sangue, apesar de nenhum humano puder ver não era difícil para um vampiro não enxergar. Inspirei profundamente vendo se eu não encontrava nenhum resquício de sangue na fratura do pescoço, mas não encontrei nada. – Que palavra? – Ela perguntou. – Camila disse à humana que se ela ouvisse-a falando m*l de mais alguém ou principalmente de Sofia, acabaria com a vida dela ou das outras que estavam com ela. – Quem respondeu foi Normani. – Você é maluca, como vai encobrir a morte dessa garota? – Troy perguntou incrédulo e irritado ao mesmo tempo. Eu não respondi sua pergunta. Coloquei minha mão no bolso da calça de Lucy procurando o que eu precisava. – Dá pra você ficar quieto por um momento sem questionar? – Sofi falou para Troy. – O que ela veio fazer aqui, Sofi? – Perguntei enquanto olhava para cima fitando minha filha. – Ela estava procurando você para tirar satisfações sobre alguma coisa de Lauren ser dela e blá blá blá, mas como não te achou mandou eu dar o recado. Eu já não estava muito bem e com essa vozinha irritante na minha cabeça acabamos discutindo. – Ela deu de ombros sem se importar. – E as amigas dela, não vieram com ela? – Que nada, ela veio sozinha. Lucy queria brigar sozinha achando que o direito era somente dela e não das outras meninas. – Minha filha explicou. – Coitada! Essa criança morreu acreditando num motivo que nem se quer existe. – Balancei a cabeça em descrença. Antes de voltar minha atenção para Lucy, meus olhos se encontraram por um breve segundo com o olhar de Lauren. Seus olhos demonstravam tristeza. Resolvi ignorar isso, tinha coisas importantes a fazer agora. Como não achei o que eu queria nos bolsos da frente, virei o corpo de lado procurando no bolso de trás da calça. – Ai Milinha, que desrespeito com um morto. A menina m*l morreu e você fica passando a mão nela. – Eu não acreditei nas palavras de Dinah, paralisei minhas mãos e levantei meu rosto vagarosamente para fitá-la, mas dessa vez encarando ela ao invés de Sofi. Minha filha por outro lado riu das palavras dela. – Dinah, cala a boca! – Mani falou indignada colocando uma mão sobre os olhos, envergonhada pela esposa. – Mais o que foi que eu fiz? – Ela perguntou seria. Eu por um momento achei que ela estava brincando, mas quando vi seus olhos confusos eu soube que ela falava sério. – Nem liga Mila, ela é assim mesmo. – Mani Explicou. Assenti para ela eu nem queria saber mesmo. Voltei a tatear minha mão no bolso da calça da menina. – Então o que está fazendo, Milinha? – Dinah perguntou. – Pegando isso. – Peguei o objeto em minha mão e o estendi para cima assim que o encontrei. Dinah me olhou confusa. – O que você quer com uma chave? – Ela perguntou confusa, mas logo em seguida arregalou os olhos. – Não acredito que você vai roubar o carro dela. Eu fechei meus olhos suspirando profundamente, como alguém pode pensar em algo tão i****a? Sofi gargalhou ao meu lado. Levantei-me e abri meus olhos encarando Dinah. – Não, DJ. Eu só estou respondendo a pergunta de Troy. Todos ficaram em silêncio por um tempo tentando entender o que eu quis dizer. Sofi revirou os olhos ela sabia o que aconteceria. O primeiro a compreender o que eu disse foi Troy que arregalou os olhos e me observou. – Você vai mesmo fazer o que eu estou pensando? – Ele murmurou. – Vai forjar a morte dela com um acidente de carro? Os outros ofegaram quando ele disse. – Se tiver uma ideia melhor, agradeceria por você compartilhar. – Eu não tenho, mas a sua ideia não é tão brilhante. Os humanos a viram aqui, como vai explicar o sumiço dela assim de repente para do nada ela aparecer com o carro capotado no meio da estrada? – Troy, Troy... Você subestima muito a minha inteligência... Isso são apenas detalhes que eu não preciso me preocupar, posso resolvê-los assim. – Estalei os dedos. – Pode ser que você não seja bom o suficiente ou talvez tenha que quebrar muito a cabeça para resolver os problemas caso se meta em algum, mas isso... – Apontei para o cadáver ao lado do meu pé. – Não é problema para mim. Ele fechou a cara, indignado com as palavras que joguei na sua cara. Porém eu não disse nada além da verdade. Troy pode até ser inteligente, mas não é tão rápido com seus pensamentos. Ele consegue descobrir e achar soluções primeiro que muitos, mas ainda sim não é rápido, no entanto em compensação sobre estratégias ele é incrivelmente esperto. Eu me abaixei para pegar o corpo de Lucy e joguei-a no meu ombro. – Não podia ter deixado ela viva? – Ally sussurrou. – Desculpa Allyson, eu não sou igual a vocês que valorizam toda a vida humana e muito menos sou paciente. Dei oportunidade a ela uma vez, mas mesmo assim ela fez sua escolha no momento que xingou minha filha. Não posso culpá-la para falar a verdade. Humanos às vezes não entendem o perigo que está na sua frente. – Olhei fixamente para os olhos de Ally. – Você acha que eu não mato humanos, pois consigo me controlar na hora que tomo os sangues deles, mas eu não sou assim. Eu matei e mato humanos quando quero... O fato de você ter me visto poupando a vida das pessoas que me alimento é porque eu mudei por uma pessoa que fez diferença pra mim que trouxe apenas essa pequena parte da minha humanidade e ainda sim não é tão grande, pois dependendo de quem eu me alimento, eu ainda mato. – Suspirei. – Então Ally, a resposta para sua pergunta é porque eu não me importo com um humano que seja fútil. – Obrigada, Camila. – Normani falou depois do meu pronunciamento. Olhei-a sem entender enquanto seus irmãos a olhavam espantados. – Qual é gente, eu estava morrendo de vontade de matar essa garota há muito tempo. Eu só não fiz por causa de vocês, e Michael que ficaria chateado, porém como Mila tirou esse fardo para mim a única coisa que posso fazer é agradecer. Mani me olhou e deu um sorriso agradecido. Eu pisquei para ela e dei um meio sorriso. – Eu também não me importo com a morte dessa aí que fez m*l pra minha ursinha. – Dinah deu de ombros e em seguida passou o braço em volta do pescoço da sua companheira. Ajeitei o corpo melhor no meu ombro. – Tudo bem então é melhor eu ir, vou ter que voltar aqui ainda para resolver os últimos detalhes. – Obviamente eu vou com você. – Sofi falou. – Vou ver se você não vai esquecer nenhum detalhe no suposto local da morte de Lucy. Revirei os olhos e assenti. Acenei para os Jauregui e virei as costas indo em direção do carro de Lucy. – Sabe, Lauren você também deveria agradecer Camila pela morte dessa humana. Pelo menos essa não vai ficar mais correndo atrás de você. – Pude reconhecer a diversão na fala de Mani. Eu sorri. Joguei o corpo de Lucy no banco de trás do carro e entrei no lado do motorista enquanto minha filha se sentava no lado passageiro. O carro era bem velho, então seria fácil criar qualquer tipo de acidente com ele. Eu tinha que encobertar mais uma morte.
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